quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Depois que o cartão foi inventado, o dinheiro acabou?

Façamos então, em paralelo ao atual momento do setor, lembranças de alguns itens que acabariam com o andar da carruagem. Dizia-se que os relógios seriam substituídos pelo celular, uma vez que os aparelhos telefônicos conseguem mostrar data e hora em qualquer lugar do mundo. A indústria relojoeira acabou? Não! Continua tendo seus produtos como verdadeiros objetos de desejo.
Ao apresentar o email, muitos especialistas decretaram o fim da comunicação fundamentada na carta. Pura inverdade. Será que nos tempos de smartphones a mala direta ainda é eficiente? A agência Master Roma Waiteman recebeu a missão de provar o impacto da Mala Direta Postal dos Correios e, para isso, desenvolveu uma ação em um condomínio de 400 apartamentos. Os moradores do prédio receberam uma mala direta pedindo que abrissem suas janelas e piscassem as luzes em um determinado horário. Quem cumprisse a missão receberia uma surpresa. No dia marcado, mesmo sem saber de quem era o recado, os condôminos atenderam ao pedido. Assista a surpresa em http://www.youtube.com/watch?v=CcFsUlNHd80.

O índice de assinantes de jornais está agonizante, com indícios de final dos tempos? Discordo, frontalmente. Por meio de uma nova campanha publicitária, o Estado de S. Paulo reforça o slogan “Quer saber mais? Assine o Estadão”, apresentando suas opções de assinaturas do seu conteúdo impresso e digital. O comercial, assinado pela WMcCann, mostra um casal que, ao ser abordado na rua por um mágico, vê seu exemplar do Estadão sumir após o ilusionista fazer o truque e transformá-lo em uma pomba.

Na sequência, dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) referentes ao mês de maio mostram que o Estadão é o quarto jornal do País em termos de circulação, com uma média diária de 247.942 exemplares, atrás do Super Notícia (de Minas Gerais), da Folha de S.Paulo e do jornal O Globo.

Caso a leitura de jornais estivesse com os dias contados, como uma empresa usaria a mídia de maior valor para veiculação (TV) para “fisgar clientes/leitores”? É uma conta que não fecha, concorda?     

Recentemente, foi criado um aplicativo que procura o táxi mais próximo para atender a corrida. Isso significa dizer que o famoso sinal feito com a mão não vai funcionar mais no Brasil? Pode até ser, mas vai demorar certo tempo, creio. Outro indicador, nesse aspecto, é referente à facilidade de crédito. Por isso, os brasileiros batem recordes de compra de carro novo há vários anos. Logo, não haverá mais táxis?

Então, me aponte os motivos para acreditar em opiniões negativas em relação ao negócio de impressão. Sendo assim, não posso deixar de pegar carona nas opiniões do entrevistado desta edição, Rodrigo Abreu, sócio e presidente da AlphaGraphics: “Em primeiro lugar passamos a entender que o papel, de uma forma bem objetiva, não se comunica sozinho mais. A mensagem para o cliente é que o papel passa a ter, hoje, 100% de obrigação de se conectar com todas as mídias.”  

Abreu observa que, no mercado de revistas, há uma avalanche de publicações que nasceram no digital e querem se tornar mídia impressa. “Aqui, a impressão sob demanda é o caminho. Damos às revistas a possibilidade de customização de capas, e a publicação, por exemplo, regional de anúncios. Enquanto muitos discutem a diminuição da publicação das revistas, tentamos trazê-las para o mercado de impressão.”

Vai me dizer que nunca ouviu falar na morte da mídia impressa, principalmente do nicho revistas? Enquanto alguns decretam o fim, outros olham alternativas saudáveis para um novo tempo.
Um estudo global aponta que, a partir de 2014, o Brasil deve puxar o mercado publicitário para cima. A estimativa de crescimento do mercado nacional é de 8,5% para 2014, o dobro do esperado para este ano. Já para o mundo, a média projetada é de alta de 5,1%. Estudo da Abigraf mostra que no 3º trimestre de 2013 o segmento de impressos comerciais apresentou recuperação de 4,6% em relação ao segundo trimestre; já o segmento de embalagens impressas apresentou crescimento de 0,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo.

Com essas e outras, fechamos o ano de 2013. Cá entre nós, não foi fácil para ninguém. Por outro lado, sentimos uma arrancada em relação aos investimentos em equipamentos. Fato comum é que todos esperam um ano de 2014 animador. Grandes eventos impulsionarão a economia e as indústrias. Consequentemente, a impressão acompanhará tudo isso e mais um pouco.

Busco alguns outros argumentos que sirvam de paralelo ao momento do setor gráfico. Ao retomar assuntos como a invenção da escrita é impossível não se lembrar dos Diálogos de Platão, mais especificamente ao Fedro. Em uma das passagens do diálogo, descrita pelo filósofo, Sócrates narra ao discípulo a visita de Theuth, o deus das invenções, a Thamus, rei do Egito. Dentre suas numerosas invenções, das quais expõe as vantagens ao rei, que as vai aprovando ou não, Theuth fala sobre a escrita, para ele uma receita segura para a memória e a sabedoria dos egípcios. O faraó posiciona-se contrário à invenção argumentando:
"Theuth, meu exemplo de inventor, o descobridor de uma arte não é o melhor juiz para avaliar o bem ou o dano que ela causará naqueles que a pratiquem. Portanto, você, que é pai da escrita, por afeição ao seu rebento, atribui-lhe o oposto de sua verdadeira função. Aqueles que a adquirem vão parar de exercitar a memória e se tornarão esquecidos; confiarão na escrita para trazer coisas à sua lembrança por sinais externos, em vez de fazê-lo por meio de seus recursos internos. O que você descobriu é a receita para a recordação, não para a memória ..."

É assim, assado, cozido e frito. Afinal, depois que os bancos inventaram os cartões de crédito e débito, o dinheiro acabou?         

Saudações GRAPHPRINTENSES!
Fábio Sabbag   

    
  

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