quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Antes de almejar predomínio, sugiro respeitar a espécie endêmica

Por Fábio Sabbag - editor da GRAPHPRINT

Sempre quando há a chegada de espécies invasoras, ou o ambiente no qual ela foi introduzida se rende ou ataca de maneira contumaz. Não sendo endêmica à região que fora inserida, dificilmente quem chega consegue perdurar. No máximo convive. Abro dessa forma numa tentativa de traçar um paralelo com a notícia que você lerá adiante. 

Surgido há alguns anos como mais um competidor voraz e, não muitas vezes seletivo, os livros eletrônicos começam a sentir como o papel faz valer seu espaço. Recente matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo, assinada pela jornalista Alexandra Alter, do The New York Times, mostrou o lado mais competitivo da mídia impressa: o gosto do consumidor pelo produto em si.

De acordo com a matéria há sinais claros indicando que alguns daqueles que adotaram o livro eletrônico estão voltando para o formato impresso. As vendas de livros eletrônicos tiveram queda de 10% nos primeiros cinco meses do ano de acordo com dados da Associação de Editores Americanos, que reúne dados de quase 1200 editoras. No ano passado, os livros digitais corresponderam a 20% do mercado, fatia semelhante à observação de alguns anos atrás. Na tentativa de lucrar, as editoras voltaram a investir na infraestrutura de impressão e distribuição. A Hachette aumentou em 20 mil metros quadrados seu armazém em Indiana (EUA) no final do ano passado, e a Simon&Schuster está ampliando sua central de distribuição em Nova Jersey (EUA) em 18 mil metros quadrados.

Na realidade não posso apostar em uma volta. O papel e mídia impressa não foram a lugar nenhum, logicamente não podem voltar. São intrínsecos ao desenvolvimento humano tanto como pessoa física ou jurídica. Isso vale para alguns ‘gurus’ que disseram que as vendas de e-books ultrapassariam os livros impressos até 2015. Hoje 70% representam a fatia de venda de livros físicos no mercado editorial dos EUA.

Ainda sobre as espécies invasoras, como pescador e pecador, presenciei muitas represas que suportaram a entrada impiedosa de bichos não convenientes com a respectiva fauna e flora. Acompanhei que, na grande maioria dos casos, quando a espécie invasora vinha com um apetite voraz, durante alguns anos conseguia prevalecer. 

No entanto, a pesca ficava comprometida. Os exemplares, quando conseguiam se livrar do canibalismo selvagem, não alcançavam a medida exigida pela fiscalização por motivos óbvios. Há casos onde a espécie invasora conseguiu convergir, nem sempre harmoniosamente, porém equilibrada, com os nativos do lago. E nesse caso, a pesca prosperou em todos os sentidos, peixe grande e saudável que gera renda a todos sempre mirando a pesca esportiva como forma de lazer e respeito ao ambiente. 

Ligo então o movimento favorável ao livro impresso. Meu ponto de vista nada mais é do que a espécie endêmica mostrando que, quando alguém quiser pisar na lagoa, seja bem-vindo, mas ao menos procure saber quem habita desde sempre o espaço.

Saudações GRAPHPRINTENSES,



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