terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A imbatível confiabilidade da mídia impressa - Por Sidney Anversa Victor*

A redução do número de páginas de jornais e revistas e até a extinção de alguns títulos bastante conhecidos, tanto no Brasil quanto no exterior, são os aspectos mais visíveis para a opinião pública dos desafios enfrentados atualmente pela indústria gráfica ante a concorrência com a internet, as redes sociais e as novas mídias. Independentemente dos problemas econômicos de nosso país e da duradoura crise internacional desde 2008, há uma questão básica a ser melhor entendida e enfrentada: o impresso versus o eletrônico.

É dessa maneira, ao que parece, que o importante tema vem sendo assimilado pelo público em geral. No entanto, os agentes do mercado, os empresários, os gestores e os executivos de toda a cadeia produtiva da comunicação gráfica não podem concordar com essa visão simplista do problema. Também não devem conformar-se com a previsão dramática de que o seu negócio segue irremediavelmente para a extinção, como às vezes citam algumas matérias veiculadas na própria imprensa.

Mais do que nunca, é preciso pensar, agir e reagir! Para isso, a melhor estratégia a ser adotada é muito semelhante à que sempre fazemos quando nos deparamos em nossas atividades com as dificuldades que se apresentam nos momentos em que ocorre o aumento da concorrência: melhorar a qualidade, entender o foco e as necessidades do mercado, buscar melhor produtividade e preço e, principalmente, fazer prevalecer, aos olhos do cliente, os diferenciais, o detalhe que só você tem, aquele quê de inovação, aplicabilidade e soluções que agregam imenso valor e tornam único um produto ou serviço. 

Sabemos muito bem fazer essas lições de casa.

Ao analisarmos a questão por esse ângulo mais pragmático, a indústria gráfica tem numerosos diferenciais. No caso do segmento editorial, aqui considerando, em especial, os jornais e revistas periódicos vendidos em banca ou por meio de assinaturas, um dos seus atributos mais importantes é a credibilidade da informação que veiculam, qualidade que emprestam, aliás, às suas edições online. A internet como um todo, entretanto, não desfruta dessa virtude, pois muitos blogs, as redes sociais e até alguns sites investidos de pretensa seriedade não têm qualquer compromisso com a verdade e com os princípios do bom jornalismo. Quanto mais confiável for o conteúdo de um veículo de comunicação, maior será sua chance de concorrer e sobreviver na disputa com outras mídias, em especial as que habitam o mundo da Web.

Cabe à própria mídia gráfica contribuir para que todos esses conceitos cheguem de modo mais claro e constante à população, aos consumidores e aos formadores de opinião pública. Fico preocupado quando vejo meios de comunicação impressos prevendo sua própria extinção e propondo a criação de cotas e subsídios por parte do Estado para “democratizar” a imprensa. Ora, tais alternativas atentariam contra a liberdade de expressão, uma das maiores conquistas da civilização, e exporiam os veículos à inadequada tutela do governo de plantão.

Definitivamente, não é de propostas assim que a cadeia produtiva da comunicação impressa e a indústria gráfica precisam. Não precisam e não querem! É urgente, sim, entendermos com mais profundidade e clareza todas as transformações do mercado e do mundo, percebermos como os nossos diferenciais encaixam-se nessas irreversíveis mudanças e torná-los os principais fatores de nossa viável sobrevivência no novo ambiente de negócios da economia e da comunicação globais.


*Empresário, é presidente da Abigraf Regional São Paulo (Associação Brasileira da Indústria Gráfica-SP)

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