terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Indústria gráfica deve fechar 2014 com queda de 1,7% na produção

Na coletiva na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizada no dia 16 de dezembro, a Associação Brasileira da Indústria da Gráfica (Abigraf), representada por seu presidente nacional, Levi Ceregato, apresentou os resultados do terceiro trimestre, a projeção para o fechamento de 2014 e as expectativas do setor para o próximo ano. Participaram também Sidney Anversa Victor, presidente da regional paulista da entidade (Abigraf-SP), e Fabio Arruda Mortara, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP) e da Confederação Latino-Americana da Indústria Gráfica (Conlatingraf).

No terceiro trimestre do ano, descontado o padrão sazonal, a indústria gráfica cresceu 7,5% frente aos três meses anteriores. Foi um desempenho surpreendente, considerando que, no período, a indústria de transformação, na qual o setor se insere, recuou 5,1%. A performance superou também (em 6,9%) a  produção gráfica de julho a setembro de 2013.

O salto, porém, não reverteu a expectativa de fechar o ano com queda de 1,7% frente a 2013. De fato, no acumulado do ano, há queda de 1,6% na produção até setembro, e o setor não espera reversão dessa tendência nem mesmo em 2015, para quando prevê recuo de 1,1%. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a indústria de transformação deve cair 2,3% em 2014, porém, crescer 1,3% em 2015. O descolamento explica-se pelas projeções de aumento da massa salarial, variável extremamente sensível para a indústria gráfica e que, segundo o boletim, deverá crescer menos no próximo ano (apenas 2%, contra 3,7%, em 2014).

Os cálculos são do Departamento Econômico da Abigraf, com base na Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O bom desempenho de julho a setembro compensou o impacto negativo da Copa no segundo trimestre e parece ter tido como motor a produção de materiais para as campanhas eleitorais”, afirma Ceregato. Para ele, esses fatores pontuais não autorizam otimismos diante do quadro econômico geral, com retomada do ciclo de alta de juros pelo Banco Central, enfraquecimento do consumo e aumento da inadimplência nas empresas. “No curto prazo, a alta do dólar também exerce efeito negativo, embora possa tornar nossos preços mais competitivos adiante, desde que o controle dos gastos públicos não exerça pressões inflacionárias sobre o câmbio”, diz ele.

A indústria gráfica deve totalizar US$ 908 milhões de investimento em máquinas e equipamentos no ano. Embora expressivo, é o resultado mais baixo desde 2007 e traduz queda de 16% em relação a 2013. “O empenho do setor em se modernizar e atualizar o parque gráfico já soma cerca de US$ 10,5 bilhões desde 2007. É um investimento notável, revelador do empenho do empresariado gráfico em se manter competitivo, principalmente considerando os sucessivos resultados negativos nesse período”, destaca Ceregato.

O emprego formal nos cerca de 20,6 mil estabelecimentos gráficos brasileiros somou 216.253 postos em outubro de 2014, o que representa queda acumulada de 0,9% em relação a 2013. As maiores baixas estão nos segmentos editorial (-3,1%) e de pré-impressão (-2,6%). Geograficamente, houve diminuição de vagas em todas as regiões. No Sudeste, a indústria gráfica fechou 1.472 postos, seguida de Nordeste (-249 vagas), Sul (-105), Norte (-85) e Centro-Oeste (-34). “A perda de massa salarial embarcada nessas quedas é alta, pois o setor tradicionalmente paga altos salários e prescinde de mão de obra especializada”, alerta Ceregato. Para se ter ideia, em 2013, 72% dos empregados gráficos recebiam valores a partir de três salários mínimos.

No terceiro trimestre de 2014, a balança comercial de produtos gráficos registrou déficit de US$ 54,6 milhões FOB, 78% maior do que os US$ 30,6 milhões FOB negativos do segundo trimestre. Mas, na comparação com julho a setembro de 2013, o resultado pode ser considerado favorável, com aumento real de 17,5% nas exportações do setor e recuo de 9% na importação de itens gráficos. “A queda nas importações reflete provavelmente o desaquecimento do mercado interno, mas o aumento das vendas externa atesta o empenho da indústria gráfica em buscar competitividade”, comenta Ceregato.

No período, as vendas externas do setor somaram US$ 75,8 milhões FOB, capitaneadas pelo setor de embalagens (41% do total) e de cartões (35%). Os principais compradores das embalagens nacionais foram Venezuela (28%), Uruguai (17%) e Estados Unidos (8%). Já os cartões brasileiros seguiram principalmente para México (17%), Bolívia (15%), Chile e Argentina (12% cada).


Na outra ponta, os itens gráficos mais importados foram os do segmento editorial (livros e revistas), com participação de 36%, seguidos de embalagens (23%) e cartões (19%). A China foi a principal fornecedora tanto da impressão de produtos editoriais (28% do total) quanto de embalagens (38%). Mas houve importação de produtos editoriais também de Hong Kong (15% do total) e dos Estados Unidos (13%), enquanto as embalagens importadas vieram ainda de Espanha (20%) e Suíça (11%). Dentre os fornecedores internacionais de cartões, destacaram-se Estados Unidos (42%), Suíça (27%) e França (11%).

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