O déficit acumulado da
balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 5,6 bilhões no primeiro
trimestre do ano. O valor representa um aumento de 12,5% em relação ao mesmo
período de 2017. No primeiro trimestre de 2018, as importações de produtos
químicos foram de US$ 9 bilhões, uma elevação de 9,1% em relação ao mesmo
período de 2017. Já as exportações, de US$ 3,4 bilhões, apresentaram acréscimo
de 3,9% na mesma comparação.
Apesar da recente queda das
importações de intermediários para fertilizantes, respectivamente de 33,7% em
quantidades e de 25,4% em valor, os intermediários para fertilizantes foram o
principal item da pauta de importação de produtos químicos, com compras de US$
1,2 bilhão e de 4,5 milhões de toneladas no primeiro trimestre. Os preços
médios desses produtos subiram 12,5%, exatamente no momento em que foi anunciada
a possibilidade de hibernação de duas fábricas de fertilizantes no País.
No primeiro trimestre do
ano, o volume das importações de produtos químicos, foi de 8,5 milhões de
toneladas, uma redução de 21,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas
a redução no volume de produtos importados, puxada pela queda dos
intermediários para fertilizantes, não altera a perspectiva de US$ 25 bilhões
de déficit na balança comercial de produtos químicos, pois os preços médios dos
importados são superiores em expressivos 40% na comparação com o mesmo período
do ano passado.
“A dependência por
importações no segmento deixou o País vulnerável às flutuações do câmbio e dos
preços. É preciso que o Governo proporcione condições para o produto nacional
competir no próprio mercado interno e retome a participação do que hoje é
importado sobre o consumo nacional”, afirma o presidente-executivo da
Associação Brasileira da Indústria Química, Fernando Figueiredo.
Segundo o executivo, no caso
dos intermediários para fertilizantes o Brasil tem reservas de fósforo e de
potássio, matérias-primas para a produção de fertilizantes fosfatados e
potássicos, com elevado potencial para serem exploradas. “É inaceitável esse
escorchante nível de dependência externa de insumos tão estratégicos como os
fertilizantes, sobretudo em se considerando as reservas nacionais, para um país
que se projeta como o principal garantidor da segurança alimentar mundial. Com
a descoberta do pré-sal, a oferta de gás natural, o insumo básico para a
produção de nitrogenados (amônia-ureia), tem que ser ampliada. Se o Brasil
souber aproveitar o potencial de petróleo e gás do Pré-sal poderá se tornar um
grande exportador de produtos químicos na próxima década. Para isso também são
necessários investimentos em logística, além de formulação de políticas que
solucionem impasses regulatórios, tecnológicos, tributários e ambientais”,
explica.
Nos últimos 12 meses (abril
de 2017 a março de 2018), o déficit da balança comercial totaliza US$ 24,1
bilhões. As resinas termoplásticas, com vendas externas de US$ 517,5 milhões no
primeiro trimestre, foram o grupo mais exportado, mas com uma redução de 15,5%
em relação ao mesmo período de 2017. Em março, especificamente, as importações
de produtos químicos chegaram a US$ 3 bilhões, um aumento de 2,8% em relação a
fevereiro. As exportações, de US$ 1,2 bilhão, registraram elevação de 9,6% em
igual comparação.
“Os resultados da balança
comercial de produtos químicos no primeiro trimestre deste ano são
preocupantes, pois, em praticamente todos os grupos de produtos acompanhados
observam-se aumentos superiores a 15%, em média, no valor importado, produtos
importados caros estão tomando o espaço que poderia ser ocupado pelo produto
nacional nesse momento de recuperação econômica”, destaca a diretora da
Abiquim.
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