A atividade da indústria
paulista, conjunto de variáveis como horas trabalhadas na produção, total de
vendas e o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI), deve encerrar
2015 com uma queda de 5,8%. A estimativa é do Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). A projeção
anterior era de queda de 5% para o ano.
As entidades divulgaram
nesta segunda-feira (31/8) os resultados do levantamento da atividade
industrial feito em todo o Estado de São Paulo. E, segundo a pesquisa, o
desempenho do setor em julho piorou 0,5% na comparação com o mês imediatamente
anterior, na leitura com ajuste sazonal.
O resultado de julho reflete
a trajetória de queda que a indústria tem percorrido nos últimos anos. E,
segundo o diretor do Depecon, Paulo Francini, ainda não há sinal de recuperação
para o setor, uma vez que os fundamentos econômicos perderam força.
“O panorama da indústria
hoje é muito triste. Não estamos falando mais de uma pequena redução. São
indústrias, empresas e setores que vão inviabilizando-se na sua continuidade”,
explica.
Longa recessão
Na avaliação de Francini, o
país vive a mais longa recessão desde a década de 1980. O Depecon projeta uma
queda de 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, e com viés de baixa.
Anteriormente, o departamento estimava um recuo de 1,7% do PIB.
“A economia está em
recessão, mas existe um grupo que estuda o tema e que chegou à conclusão que
ela está em recessão desde o segundo trimestre de 2014, ou seja, é longa e vai
prosseguir até o final de 2015. Essa é a mais longa recessão que tivemos desde
a década de 1980”, avalia Francini.
O diretor corrobora a tese
do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), criado pela FGV em 2008, de
que a economia brasileira está em recessão desde abril de 2014.
Pesquisa
Se comparado com o mesmo mês
em 2014 o Indicador do Nível de Atividade (INA) de julho recuou 6,9% (sem
ajuste sazonal). E no acumulado de 12
meses versus o período imediatamente anterior, a atividade do setor caiu 4,4%,
apurou o Depecon.
De janeiro a julho deste ano
o desempenho do setor enfraqueceu 3,8% ante igual período do ano anterior.
O resultado do mês passado
foi influenciado principalmente pela retração nas variáveis Horas Trabalhadas
na Produção e Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI), que
registraram perdas de 0,5% e 0,5 ponto percentual respectivamente. O NUCI em
julho foi de 77,3, contra 77,7 em junho.
Setores
O Departamento de Economia
informou ainda que 14 dos 20 setores pesquisados registraram piora em sua
atividade no mês.
Entre as perdas, destaque
para a indústria de máquinas e equipamentos, que caiu 3,4% em julho versus
junho, em meio a perdas de 8,8% na variável Total de Vendas Reais e da queda de
2,2% das Horas Trabalhadas na Produção.
O setor de borracha e
plástico também registrou queda expressiva em julho, de 1,3%, influenciado por
perdas de 1,5% no Total de Vendas Reais e de 0,4% em Horas Trabalhadas na
Produção.
Na contramão, a indústria de
papel e celulose registrou alta de 2,2% da atividade em julho versus o mês
anterior. A variável Total de Vendas Reais puxou o índice para cima, com aumento
de 3,2% no mês, enquanto o componente Horas Trabalhadas na Produção subiu 0,1%.
Percepção em agosto
A percepção do setor
produtivo em relação à economia de modo geral registrou 48,4 pontos em agosto
ante 47,8 pontos em julho, com ajuste sazonal. Mas a variável Mercado, que
compõe o índice, foi a única que aumentou, de 48,9 pontos no mês passado para
52,6 pontos este mês.
Leituras em torno dos 50
pontos indicam percepção de estabilidade do cenário econômico. Abaixo dos 50,0
pontos, o Sensor sinaliza queda da atividade industrial para o mês; acima desse
nível, expansão da atividade.
No caso da variável Estoque,
leituras superiores a 50,0 pontos indicam estoque abaixo do desejável, ao passo
que inferiores a 50,0 pontos indicam sobrestoque.
O item Estoque ficou em 47,2
pontos no mês corrente, contra 48,2 pontos em julho. E a percepção quanto ao
Emprego manteve-se em 46,9 pontos em agosto versus 48,4 pontos no mês anterior.
De acordo com o
levantamento, a variável Investimento ficou em 47 pontos em agosto, ante 46,9
pontos em julho.