O
desempenho da indústria de São Paulo, medido pelo Indicador de Nível de
Atividade (INA) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp e Ciesp), foi positivo em 2,1% em 2013. Apesar do resultado, a
trajetória percorrida pela indústria ao longo do ano foi “muito triste”, de
acordo com o diretor de Economia das entidades, Paulo Francini
Segundo
ele, a Fiesp e o Ciesp projetavam, no início do ano passado, um crescimento de
4% para o INA em 2013. No segundo semestre, a expectativa de crescimento foi
revista para baixo, a 3%.
“Se
olhar comparativamente para o ano passado, que foi negativo, o ano de 2013 foi
melhor. Mas se comparar a expectativa que se tinha referente a 2013 com o
resultado, ele foi decepcionante”, afirmou Francini, diretor do Departamento de
Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp. Em 2012, o INA
fechou negativo em 4,5%.
Ele
acrescentou ainda que as expectativas para o desempenho da indústria em 2013
eram mais positivas em relação ao esperado para 2014. Francini explicou que com
esse resultado do final do ano passado, será necessário um crescimento mensal
médio acima de 0,4% para que o INA encerre 2014 sem um resultado negativo.
O
decréscimo da massa de salários (renda) nos últimos meses, a trajetória de alta
da taxa básica de juros, Selic, e a piora do endividamento das famílias são
sinais ruins emitidos pelo mercado para as projeções de desempenho da
indústria, afirma Francini.
“No
último ano, a massa de salários tem desacelerado, foi de um crescimento de 5%
em 2011 para 6% em 2012 e para 2,5% em 2013, é uma massa que está perdendo
o fôlego”, explicou. “Os juros estão em
período de elevação e devem continuar. No que se refere ao mercado interno, não
há os sinais positivos que nós queremos encontrar”, explicou o diretor.
Situação externa
Há
ainda a situação externa, pondera Francini. Apesar do possível aumento da
demanda, há riscos relevantes que podem
prejudicar o desempenho do setor manufatureiro no Brasil. De acordo com ele, o
desempenho econômico de países como a Argentina deve ser uma preocupação para a
indústria brasileira, já que 20% da pauta de exportação de manufaturados é para
o país vizinho.
“É
importante fazer uma projeção na qual a demanda da Argentina em 2014 vai ser
pior que em 2013”, alertou.
Para
fechar 2014 com um crescimento de 1,5%, o INA precisaria crescer ao menos 0,6%
por mês, um trajetória que, para Francini, é difícil, “mas não é impossível”.
“Eu
não acredito numa piora em 2014 no sentido de que vai ser dramaticamente pior
que em 2013, mas também não acredito que seja fantasticamente melhor que 2013”,
afirmou. “De bom pode acontecer que a recuperação do mundo seja mais vigorosa”,
completou. Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia
mundial deve crescer a 3,7%, já a
previsão para o Brasil é de expansão de 2,3% em 2014.
Atividade Industrial
No
acumulado de 12 meses, a performance da indústria melhorou 2,1% na leitura sem
ajuste sazonal. Já na comparação mensal, o índice caiu 1,5% em dezembro versus
novembro, com ajuste sazonal. Com relação a dezembro de 2012, o desempenho da
indústria em dezembro de 2013 caiu 1,4%.
O
indicador de Nível de Utilização da Capacidade Instalada com ajuste sazonal
(Nuci) registrou leve queda em dezembro para 81,4%, ante 81,8% registrado em
novembro de 2013.
Percepção morna
Com
relação à economia em geral, a percepção dos empresários medida pelo Sensor
ficou estável em 49,9 pontos em janeiro versus 48,8 pontos em dezembro. Na
avaliação de Francini, o indicador não sinaliza um cenário pior, tampouco
melhor.
“Não
acredito em mal absoluto e o bem absoluto eu não enxergo”, afirmou.
A
percepção com relação ao item Mercado também apresentou estabilidade, a 48,6
pontos este mês ante 47 pontos em dezembro. O componente Estoque indicou sobrestocagem
a 51,4 pontos contra 57,1 pontos no mês anterior.
Já a
variável Vendas indicou melhora para 42,3 pontos em janeiro ante 39,3 pontos em
dezembro. O Investimento também apresentou melhora, a 57,2 pontos no mês
corrente contra 51,2 pontos em dezembro, mas o componente Emprego ficou
praticamente estável a 50,3 pontos em dezembro ante 49,4 pontos em outubro.
Quando
está em 50 pontos, a leitura indica estabilidade. Exceção dos demais segmentos,
o item Estoque sinaliza excesso quando está abaixo de 50 pontos e redução acima
de 50.