O
pessimismo dos dirigentes de micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo
com a situação econômica continuou a avançar em julho na comparação com os
meses anteriores e a preocupação com a inflação ainda é recorrente entre os
empresários do setor, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha
para o Sindicato das Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi-SP).
No
cenário negativo pesam, entre outros fatores, a escassez de capital de giro, política
de crédito restrita, inadimplência e concorrência desfavorável com produtos
importados, o que levou o presidente do Simpi-SP, Joseph Couri, a enviar um
ofício à presidente Dilma Rousseff na semana passada. Nele, Couri manifesta
preocupação com a decisão do governo, tomada na semana passada, de reduzir
imposto de importação de 100 produtos. “Nosso segmento quer condições iguais de
competitividade no mercado”, comenta.
Cenário político
A
avaliação do governo da presidente Dilma feita pelos empresários do setor
continuou em queda em julho. 47% consideram seu governo ruim ou péssimo (na
pesquisa de junho, 43% tinham essa avaliação), 37% o consideram regular, e
12%ótimo ou bom (no mês anterior, 25%).
Em
relação ao governador Geraldo Alckmin, 20% avaliam seu governo como ruim ou
péssimo (na pesquisa anterior, 24%), enquanto 50% o consideram regular (ante
44% em junho), e 27%, ótimo ou bom (ante 32% na pesquisa anterior).
Pessimismo
econômico
Micro
e pequeno industrial segue pessimista com a economia do país e do Estado de São
Paulo. No levantamento atual, 48% indicam que a situação econômica do Brasil é
ruim ou péssima (no mês anterior, 44% tinham a mesma avaliação), 37% veem a
situação como regular (eram 40%), e outros 13%, como ótima ou boa (eram 16%).
Quando o tema é a economia do Estado de São Paulo, 41% dizem que a situação é
ruim ou péssima, ante 34% no levantamento anterior. Há ainda 39% que analisam a
situação como regular (eram 35%), e 19% que a veem como ótima ou boa (eram
30%).
Inflação
e escassez de crédito
Em
relação à inflação, diminuiu a fatia de dirigentes do setor, de 69% para 60%,
que preveem que a inflação irá aumentar. Para 33%, a inflação ficará como está,
e 5% acreditam que irá diminuir.
Entre
junho e julho, voltou a subir a fatia dos que indicam que o capital de giro
disponível é pouco, trazendo muitas dificuldades (de 27% para 37%), enquanto
caiu a taxa dos que dispõem de capital de giro no volume exato do que precisam
(de 43% para 27%).
Quando
precisam de crédito, 40% das empresas do setor recorrem a linhas voltadas para
pessoas jurídicas, enquanto um total de 48% procura outros meios de
financiamento. 16% buscam empréstimos pessoais no banco, 11% com amigos ou
parentes, 6% apelam ao cheque especial e 5%, a empresas ou pessoas que fornecem
empréstimos, entre outras fontes (a exemplo de cartões de crédito).
Na
comparação com junho, subiu o percentual de empresas que buscam crédito voltado
para pessoas jurídicas (eram 33%), assim como a de empresas que buscam
empréstimos pessoais (eram 8%).
Inadimplência
e estagnação
Paralelamente,
o nível de inadimplência continua a preocupar a maioria dos dirigentes das
micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo: 55% dizem que esse aspecto
do negócio é preocupante, índice similar ao verificado no mês anterior (57%).
Além disso, 70% dizem que a inadimplência ficará com está, enquanto 17%
acreditam que irá aumentar, e outros 4%, que irá diminuir.
Caiu
de 23% para 18% a fatia de micro e pequenas indústrias que pretendem investir
em máquinas e equipamentos, mas há ainda 8% que pretendem fazer investimento em
reforma ou ampliação do espaço físico onde funcionam, nível similar (7%) a dos
que realizaram esse tipo de investimento em junho.
Concorrência desigual e vagas
A
concorrência com produtos importados continua desfavorável para as micro e
pequenas indústrias, indicam 75% dos que concorrem com esse tipo de produto (na
rodada anterior, 83% tinham a mesma opinião). Para 16%, a competição acontece
em igualdade para ambos os lados. Somente 6% indicam que a concorrência é
favorável para seus produtos, e desfavorável para os itens que vêm do exterior.
A
pesquisa Simpi-SP/Datafolha mostra que a abertura de novas vagas reforça a
tendência de estagnação do investimento: 9% das empresas disseram, em julho,
ter aberto vagas de emprego no mês anterior (na rodada passada do levantamento,
esse índice era de 8%). Uma fatia similar (13%, ante 10% na rodada anterior)
fechou vagas. Em relação a contratações futuras, caiu pela metade (de 20% em
junho para 10% em julho) a fatia de dirigentes do setor que preveem abertura de
novas vagas, enquanto 4% preveem fechamento de vagas.
As
empresas
Mesmo
diante de um cenário predominantemente negativo, os dirigentes de micro e
empresas em julho é estável a avaliação geral que fazem de suas empresas. 38%
delas têm uma situação ótima ou boa, e 21% enfrentam uma situação ruim ou
péssima. Para 42%, a situação geral é regular.
A
pesquisa do Indicador de Atividade das Micro e Pequenas Indústrias de São
Paulo, encomendado pelo Simpi-SP, foi realizada entre os dias 11 a 27 de julho,
com 304 micro e pequenas indústrias paulistas. São consideradas micro as que
empregam até 9 funcionários, e pequenas, de 10 a 50 trabalhadores registrados.
A
íntegra das cinco pesquisas realizadas para o Simpi-SP, desde março, estão
disponíveis no site da entidade (www.simpi.org.br).
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