segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Caso Maomé não vá à montanha...


                             Por Fábio Sabbag – editor da Revista GRAPHPRINT

Convenhamos, não está fácil competir no mercado gráfico. A cada instante ganhamos “concorrentes” fortes na árdua tarefa de imprimir. As tecnologias pululam indo de encontro ao gráfico que, por sua vez, tem de se virar nos “30” ou nos “60”. 

Antigamente, sei que é uma palavra forte, mas aplicável ao momento, os clientes subiam a montanha da arte gráfica. Hoje, num piscar de olhos, acabam ficando presos ao adjacente universo da tecnologia.

Não é uma afirmação de sepultura do setor. É a constatação da realidade. Sendo assim, não acha que é o instante de bolar planos para trazer de volta o Maomé à montanha, mostrando o núcleo tecnológico de sua gráfica?

Em plena transformação, transitando – literalmente – pela convergência, nosso segmento carece, é verdade, de apoios governamentais. Recentemente, a Abigraf Nacional soltou o Manifesto da Indústria Gráfica à Nação. 

Contando com a presença efetiva de 20 associações e sindicatos regionais, o documento alerta para a situação atravessada pelo segmento, que viu seu desempenho despencar 7,6% em 2012 e teve recuo de 7,2% no primeiro trimestre de 2013. 

O documento, que fora enviado para autoridades do governo federal e representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, lembra que o setor é formado por cerca de 20 mil empresas e emprega 222 mil trabalhadores. 

Os principais itens pretendidos pelo documento você encontra ao desenrolar desta edição. De acordo com o comunicado encabeçado pela Abigraf Nacional, o setor, que está há 205 anos no Brasil, não pode resignar-se ao real risco de extinção. Caminhemos à montanha, sem precedentes. 

Na realidade, podemos até não saber o que virá pela frente, mas a expectativa é que venha pela frente.

Não é possível afirmar que é um alento, mas, recentemente, foi criado o Programa de Aceleração do Crescimento para Pequenas e Médias Empresas (PAC-PME), que é uma plataforma de soluções empresariais. Por meio do PAC-PME a empresa tem acesso a diversos recursos que contribuem para promover o seu desenvolvimento. 

O empresário tem treinamento continuado, acesso a inovações, técnicas de marketing e presença digital, economia por meio de compras coletivas, ideias de novos produtos e serviços e opções para obtenção de capital para crescimento, assim como exposição frente a potenciais investidores. 

Especificamente no que se refere a acessar capital de crescimento, via oferta de ações em Bolsa (IPOs), o PAC-PME tem um conjunto de propostas que ainda dependem de apresentação, discussão e implantação, se julgadas oportunas, pelo Governo Federal / Ministério da Fazenda. 

A tentativa é válida, afinal o interessante é chegar ao cume da montanha com um histórico não degradado.

Na GRAPHPRINT do mês de agosto (http://www.graphprint.com.br/edicao/135/você conhece, ainda, entre diversas pautas, as novidades dos fornecedores em relação ao desenvolvimento de impressoras digitais, que sem esquecer-se das offset, é claro, fazem parte do presente e do futuro do segmento. 

Um estudo da consultoria americana IT Strategies evidenciou que os modelos para impressão digital estão ficando mais rápidos e eficientes, além de durarem mais. 

Antes, de acordo com o estudo, as máquinas tinham vida útil de quatro a cinco anos. Agora duram entre sete e oito anos. 

Outro dado interessante é que, mundialmente, a soma de impressoras (grande formato) vendidas ultrapassou os US$ 39 bilhões em 2012 e as vendas de equipamentos ecossolvente e látex cresceram 5% no ano.

Apoiado em estudos, tomo a liberdade de dizer que as empresas inovadoras terão, sim, um promissor futuro. 

Empresas com melhor desempenho em inovação tiveram um crescimento médio de receita anual de 13%, enquanto as que ainda estão engatinhando para colocá-la em prática cresceram somente 5%. 

Esse foi um dos resultados da pesquisa realizada pela Bain & Company, empresa global de consultoria de negócios, com 450 executivos de todo o mundo, inclusive da América Latina, que trabalham em empresas com receita superior a US$ 100 milhões.

Há quem diga que o mercado editorial está claudicante. 

Não é bem assim! 

Sob encomenda da Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato dos Editores de Livros, a Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo, chegou à conclusão que as editoras tiveram o melhor resultado nas vendas em 2012, com 434,92 milhões de livros comercializados. 

O faturamento foi de R$ 4,98 bilhões, apontando crescimento de 3,04% em comparação ao ano anterior, quando o resultado foi de R$ 4,83 bilhões. 

Um dos itens da pesquisa demonstra que o nicho de livros científicos, técnicos e profissionais obteve resultado positivo no número de exemplares vendidos ao mercado (instituições privadas e público em geral), com crescimento de 1,16%. Foram vendidos 34,77 milhões em 2012 e 34,37 milhões no ano anterior.

Note que se por um lado há entraves, por outro há pontos positivos e, quiçá, empolgantes. Caso o Governo Federal atenda, em parte até, as solicitações lançadas, sabemos que a indústria gráfica é plenamente capaz de tomar o rumo em direção ao sucesso. 

Os fornecedores são confiáveis, têm produtos sustentáveis e nosso parque gráfico não deixa a desejar para nenhum outro do mundo. As gráficas brasileiras estão prontas para o que der e vier. 

Desde que venha pela frente.

Mesmo que o caminho seja tortuoso e apresente subidas íngremes, nossos Maomés estão aptos aos desafios. 

Caso seja preciso ver para crer, como dizia São Tomé, subamos então a montanha enxergando, assim, caminhos e horizontes inexplorados. 

Não importa o tamanho, ela não pode tapar o sol, já dizia um provérbio chinês.  


Saudações Graphprintenses!

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