terça-feira, 6 de agosto de 2013

PAC-PME articula levar proposta de Medida Provisória ao MIDC

O grupo de trabalho formado pelo setor privado para destravar o acesso de empresas menores ao mercado de capitais se articula para levar ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) uma proposta de Medida Provisória.

A MP instituiria o Programa de Aceleração do Crescimento para Pequenas e Médias Empresas (PAC-PME), como foi batizado o plano formulado por agentes financeiros, como bancos de investimento, auditorias, grandes bancas de advocacia e entidades de mercado.

O PAC-PME tenta sensibilizar o ministro Fernando Pimentel a encaminhar a proposta ao desvincular o plano da mera desoneração ao mercado de capitais. 

No momento em que a insatisfação popular toma as ruas, a avaliação é que uma proposta apenas com esse viés pode ser mal recebida pelo governo. 

O grupo estima que, em cinco anos, cerca de 750 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), com valor médio de R$ 100 milhões, poderiam sair do papel a partir da aprovação da MP.

O efeito seria de R$ 84 bilhões em investimentos produtivos, uma arrecadação líquida de R$ 2,5 bilhões em Imposto de Renda e a geração de 1,1 milhão de postos formais de trabalho. 

A estratégia inclui ainda ações educacionais patrocinadas pelos participantes do grupo para aumentar a competitividade das pequenas empresas.

No início de junho o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, esteve em Brasília apresentando um projeto de estímulo às PMEs focado em benefícios fiscais. 

As sugestões foram criadas pelo Grupo de Trabalho coordenado pela bolsa e formado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Agência Brasileira de Inovação (Finep).

Na ocasião, Edemir declarou que a proposta prevê isenção no Imposto de Renda para o investidor (pessoa física e jurídica) que comprar ações de empresas com faturamento anual de até R$ 500 milhões e um padrão mínimo de governança corporativa. 

A medida atingiria não só novos lançamentos de ações, mas também empresas desse porte já listadas em Bolsa. Amanhã o grupo detalhará o plano.

Até o fim do ano passado os dois grupos - PAC-PME e Bolsa/Governo - tentavam alinhar suas demandas para criar um único projeto.

Divergências em torno de pontos como a concessão de crédito tributário, defendida pelo PAC-PME, e a incidência de isenção tributária para empresas já listadas, sugerida pela Bolsa, acabaram provocando um racha.

O Broadcast apurou que na semana passada houve uma reunião entre o presidente da Bovespa, o presidente da CVM, Leonardo Pereira, e Rodolfo Zabisky, um dos idealizadores do PAC-PME e diretor-presidente da Attitude Global. Isso pode sinalizar uma reaproximação entre os dois projetos.

PAC-PME

A MP do PAC-PME traz medidas aplicáveis a empresas com faturamento anual de até R$ 400 milhões e que fizessem ofertas públicas de ações de até R$ 250 milhões. 

Ao menos 70% da oferta deverá ser primária, o que garante que os recursos sejam destinados ao caixa da empresa e financiem seu crescimento.

A principal proposta dos agentes privados é a concessão de crédito tributário de até R$ 4 milhões, por até cinco anos, para "indenizar" as empresas pelos gastos com a preparação da oferta. Isso inclui o pagamento de consultores, advogados, intermediários, taxas, publicações e registro da operação, custos que hoje afastam muitos pequenos empresários da Bolsa.

Também está prevista a isenção de 100% do Imposto de Renda sobre os ganhos com compra e venda de ações de empresas listadas no mercado de acesso, hoje Bovespa Mais. O rol de beneficiários inclui o investidor pessoa física e pessoa jurídica tributada pelo Simples. 

A MP também cria os chamados Fundos PMEs, que destinariam no mínimo 80% de seus recursos a ações de pequenas e médias empresas.

A isenção total do IR poderia se estender aos cotistas desses fundos em alguns casos, para impulsionar a demanda pelos papéis.

Para os organizadores do PAC-PME, a adesão de entidades que representam indústria, comércio e trabalhadores favorece a aceitação do programa pelo governo. 

Em junho a União Geral dos Trabalhadores (UGT), que tem 1,5 mil sindicatos filiados, passou a apoiar o movimento. A lista inclui também Força Sindical, Fiesp, FecomercioSP e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), liderado por Jorge Gerdau, um dos empresários mais atuantes no governo Dilma Rousseff.

Fonte: Broadcast - 3/7/2013 - por Mariana Durão (mariana.durao@estadao.com) 

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