A redução do número de
páginas de jornais e revistas e até a extinção de alguns títulos bastante
conhecidos, tanto no Brasil quanto no exterior, são os aspectos mais visíveis
para a opinião pública dos desafios enfrentados atualmente pela indústria
gráfica ante a concorrência com a internet, as redes sociais e as novas mídias.
Independentemente dos problemas econômicos de nosso país e da duradoura crise
internacional desde 2008, há uma questão básica a ser melhor entendida e
enfrentada: o impresso versus o eletrônico.
É dessa maneira, ao que
parece, que o importante tema vem sendo assimilado pelo público em geral. No
entanto, os agentes do mercado, os empresários, os gestores e os executivos de
toda a cadeia produtiva da comunicação gráfica não podem concordar com essa
visão simplista do problema. Também não devem conformar-se com a previsão dramática
de que o seu negócio segue irremediavelmente para a extinção, como às vezes
citam algumas matérias veiculadas na própria imprensa.
Mais do que nunca, é preciso
pensar, agir e reagir! Para isso, a melhor estratégia a ser adotada é muito
semelhante à que sempre fazemos quando nos deparamos em nossas atividades com
as dificuldades que se apresentam nos momentos em que ocorre o aumento da
concorrência: melhorar a qualidade, entender o foco e as necessidades do
mercado, buscar melhor produtividade e preço e, principalmente, fazer
prevalecer, aos olhos do cliente, os diferenciais, o detalhe que só você tem,
aquele quê de inovação, aplicabilidade e soluções que agregam imenso valor e
tornam único um produto ou serviço.
Sabemos muito bem fazer essas lições de
casa.
Ao analisarmos a questão por
esse ângulo mais pragmático, a indústria gráfica tem numerosos diferenciais. No
caso do segmento editorial, aqui considerando, em especial, os jornais e
revistas periódicos vendidos em banca ou por meio de assinaturas, um dos seus
atributos mais importantes é a credibilidade da informação que veiculam,
qualidade que emprestam, aliás, às suas edições online. A internet como um
todo, entretanto, não desfruta dessa virtude, pois muitos blogs, as redes
sociais e até alguns sites investidos de pretensa seriedade não têm qualquer
compromisso com a verdade e com os princípios do bom jornalismo. Quanto mais
confiável for o conteúdo de um veículo de comunicação, maior será sua chance de
concorrer e sobreviver na disputa com outras mídias, em especial as que habitam
o mundo da Web.
Cabe à própria mídia gráfica
contribuir para que todos esses conceitos cheguem de modo mais claro e
constante à população, aos consumidores e aos formadores de opinião pública.
Fico preocupado quando vejo meios de comunicação impressos prevendo sua própria
extinção e propondo a criação de cotas e subsídios por parte do Estado para
“democratizar” a imprensa. Ora, tais alternativas atentariam contra a liberdade
de expressão, uma das maiores conquistas da civilização, e exporiam os veículos
à inadequada tutela do governo de plantão.
Definitivamente, não é de
propostas assim que a cadeia produtiva da comunicação impressa e a indústria
gráfica precisam. Não precisam e não querem! É urgente, sim, entendermos com
mais profundidade e clareza todas as transformações do mercado e do mundo,
percebermos como os nossos diferenciais encaixam-se nessas irreversíveis
mudanças e torná-los os principais fatores de nossa viável sobrevivência no
novo ambiente de negócios da economia e da comunicação globais.
*Empresário,
é presidente da Abigraf Regional São Paulo (Associação Brasileira da Indústria
Gráfica-SP)
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