Na coletiva na sede da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizada no dia 16 de
dezembro, a Associação Brasileira da Indústria da Gráfica (Abigraf),
representada por seu presidente nacional, Levi Ceregato, apresentou os
resultados do terceiro trimestre, a projeção para o fechamento de 2014 e as
expectativas do setor para o próximo ano. Participaram também Sidney Anversa
Victor, presidente da regional paulista da entidade (Abigraf-SP), e Fabio
Arruda Mortara, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de
São Paulo (Sindigraf-SP) e da Confederação Latino-Americana da Indústria
Gráfica (Conlatingraf).
No terceiro trimestre do
ano, descontado o padrão sazonal, a indústria gráfica cresceu 7,5% frente aos
três meses anteriores. Foi um desempenho surpreendente, considerando que, no
período, a indústria de transformação, na qual o setor se insere, recuou 5,1%.
A performance superou também (em 6,9%) a
produção gráfica de julho a setembro de 2013.
O salto, porém, não reverteu
a expectativa de fechar o ano com queda de 1,7% frente a 2013. De fato, no
acumulado do ano, há queda de 1,6% na produção até setembro, e o setor não
espera reversão dessa tendência nem mesmo em 2015, para quando prevê recuo de
1,1%. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a indústria de transformação
deve cair 2,3% em 2014, porém, crescer 1,3% em 2015. O descolamento explica-se
pelas projeções de aumento da massa salarial, variável extremamente sensível
para a indústria gráfica e que, segundo o boletim, deverá crescer menos no
próximo ano (apenas 2%, contra 3,7%, em 2014).
Os cálculos são do
Departamento Econômico da Abigraf, com base na Pesquisa Industrial Mensal do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O bom desempenho de
julho a setembro compensou o impacto negativo da Copa no segundo trimestre e
parece ter tido como motor a produção de materiais para as campanhas
eleitorais”, afirma Ceregato. Para ele, esses fatores pontuais não autorizam
otimismos diante do quadro econômico geral, com retomada do ciclo de alta de
juros pelo Banco Central, enfraquecimento do consumo e aumento da inadimplência
nas empresas. “No curto prazo, a alta do dólar também exerce efeito negativo, embora
possa tornar nossos preços mais competitivos adiante, desde que o controle dos
gastos públicos não exerça pressões inflacionárias sobre o câmbio”, diz ele.
A indústria gráfica deve
totalizar US$ 908 milhões de investimento em máquinas e equipamentos no ano.
Embora expressivo, é o resultado mais baixo desde 2007 e traduz queda de 16% em
relação a 2013. “O empenho do setor em se modernizar e atualizar o parque
gráfico já soma cerca de US$ 10,5 bilhões desde 2007. É um investimento
notável, revelador do empenho do empresariado gráfico em se manter competitivo,
principalmente considerando os sucessivos resultados negativos nesse período”,
destaca Ceregato.
O emprego formal nos cerca
de 20,6 mil estabelecimentos gráficos brasileiros somou 216.253 postos em outubro
de 2014, o que representa queda acumulada de 0,9% em relação a 2013. As maiores
baixas estão nos segmentos editorial (-3,1%) e de pré-impressão (-2,6%).
Geograficamente, houve diminuição de vagas em todas as regiões. No Sudeste, a
indústria gráfica fechou 1.472 postos, seguida de Nordeste (-249 vagas), Sul
(-105), Norte (-85) e Centro-Oeste (-34). “A perda de massa salarial embarcada
nessas quedas é alta, pois o setor tradicionalmente paga altos salários e
prescinde de mão de obra especializada”, alerta Ceregato. Para se ter ideia, em
2013, 72% dos empregados gráficos recebiam valores a partir de três salários
mínimos.
No terceiro trimestre de
2014, a balança comercial de produtos gráficos registrou déficit de US$ 54,6
milhões FOB, 78% maior do que os US$ 30,6 milhões FOB negativos do segundo
trimestre. Mas, na comparação com julho a setembro de 2013, o resultado pode
ser considerado favorável, com aumento real de 17,5% nas exportações do setor e
recuo de 9% na importação de itens gráficos. “A queda nas importações reflete
provavelmente o desaquecimento do mercado interno, mas o aumento das vendas
externa atesta o empenho da indústria gráfica em buscar competitividade”,
comenta Ceregato.
No período, as vendas
externas do setor somaram US$ 75,8 milhões FOB, capitaneadas pelo setor de
embalagens (41% do total) e de cartões (35%). Os principais compradores das
embalagens nacionais foram Venezuela (28%), Uruguai (17%) e Estados Unidos
(8%). Já os cartões brasileiros seguiram principalmente para México (17%),
Bolívia (15%), Chile e Argentina (12% cada).
Na outra ponta, os itens
gráficos mais importados foram os do segmento editorial (livros e revistas),
com participação de 36%, seguidos de embalagens (23%) e cartões (19%). A China
foi a principal fornecedora tanto da impressão de produtos editoriais (28% do
total) quanto de embalagens (38%). Mas houve importação de produtos editoriais
também de Hong Kong (15% do total) e dos Estados Unidos (13%), enquanto as
embalagens importadas vieram ainda de Espanha (20%) e Suíça (11%). Dentre os
fornecedores internacionais de cartões, destacaram-se Estados Unidos (42%),
Suíça (27%) e França (11%).
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