Simultaneamente ao corte no
orçamento do Ministério da Educação, no âmbito da reforma fiscal, o Ranking de
Universidades do BRIC indicou que 27 instituições brasileiras caíram de
posições em relação a 2014. Em contrapartida, nossos concorrentes vão ganhando
terreno. É o caso da China, que, segundo o estudo da empresa britânica QS, tem
ampliado seu domínio no ensino superior no bloco.
O ajuste fiscal não foi o
responsável pela queda das nossas instituições de ensino superior. No entanto,
o corte no orçamento do Ministério da Educação poderá afetar de modo mais grave
as universidades federais e, de quebra, as políticas públicas e repasses da
União a estados e municípios, responsáveis pela Educação Básica.
A questão relativa ao ensino
é um alerta sobre os critérios adotados para o ajuste fiscal. O custeio do
governo é elevado, com exagerado número de ministérios e órgãos. É uma
estrutura arcaica, montada ao longo de décadas na esteira do fisiologismo e da
acomodação de interesses político-partidários. Bônus e adicionais pagos em
cargos em comissão, viagens, recepções, despesas com representatividade e
outros gastos poderiam ser drasticamente reduzidos.
Há, ainda, a contradição da
Selic. Ao aumentá-la tanto para conter a inflação, o governo onera muito o
serviço da dívida pública. Pode-se alegar que isso não entra no cálculo do
superávit primário. Contudo, pesa muito na contabilidade total da União, que
gastará em 2015, considerando juros reais de quase 6% ao ano, 300% a mais do que em 2013, quando a taxa era
de 2%. É muito dinheiro destinado a uma estratégia monetária de controle
inflacionário que se mostra ineficaz.
Essas variáveis precisam ser
analisadas de modo mais aprofundado, pois a crise econômica exige precisão nas
políticas públicas. Não será cortando verbas das prioridades que iremos
restabelecer o crescimento. A indústria gráfica defende que recursos
equivalentes a 10% do PIB sejam destinados ao ensino. Entendemos que o resgate
da competitividade do País começa na educação!
*Ceregato
é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional).
Nenhum comentário:
Postar um comentário