Por
Levi Ceregato, Presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica
(Abigraf Nacional) e do Sindigraf-SP
O levantamento do G1,
baseado em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apontando que o maior
gasto dos candidatos nas campanhas políticas deste ano refere-se à publicidade
com materiais impressos soterra de vez a tese da canibalização entre as mídias,
segundo a qual o eletrônico extinguirá o produto gráfico. Tal insinuação,
aliás, jamais teve base de sustentação em dados concretos e reais. A internet,
as redes sociais, os blogs, os sites jornalísticos da Web, os aplicativos e a
acessibilidade em celulares e tablets são avanços fantásticos, criaram
numerosas facilidades para a sociedade contemporânea e democratizaram a
comunicação, mas não estão matando as demais mídias.
É preciso analisar com bom
senso e serenidade essa questão, a partir de dados e pesquisas consistentes,
para não se divulgarem conceitos e informação de modo leviano e irresponsável.
Distintos estudos, do Brasil e do exterior, abordando a publicidade, o mercado
editorial e o universo jornalístico, são congruentes quanto ao disparate de que
o impresso sucumbirá.
Pesquisa dos Correios,
realizada este ano na cidade de São Paulo, mostrou que a maioria dos 2.400
entrevistados confia mais nos folhetos e malas diretas do que em qualquer outra
mídia como forma de comunicação. Esta é a preferência de 26,3% dos depoentes.
Seguem-se: rádio e TV (25%), jornais e revistas (16,7%), divulgação na internet
(14,4%) e e-mails (14,1%).
Outro estudo recente,
realizado pela Associação Brasileira de Empresas com Rotativas Offset (ABRO),
abrangendo universo de 1.027 pessoas, 31 agências de publicidade e 100 empresas
varejistas de todo o País, demonstrou: quando quer se informar sobre algum
produto, a maioria da população (56%) vai diretamente ao ponto de venda, o que
revela a importância das embalagens como influenciadoras da decisão de compra;
outros 37% informam-se por meio de folhetos. Na soma das duas alternativas,
observamos que 93% consultam materiais impressos para se orientar sobre o
consumo de bens. A pesquisa também mostra que 100% das agências de publicidade
recomendam a propaganda em folhetos e que 88% dos varejistas aderem a essa
modalidade.
As duas novas pesquisas
corroboram estudos internacionais que comprovam a credibilidade da comunicação
impressa, como o relatório da American University, de Washington (EUA), que
abordou 300 universitários dos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Eslováquia,
concluindo: apesar da ampla disponibilidade de plataformas eletrônicas como
smartphones, tablets, readers e computadores, cujo uso faz parte da rotina dos
jovens, o livro impresso segue muito à frente na preferência dos estudantes
para leituras sérias, com 92%.
Estudo da Nielsen BookScan
indicou que o número de livros impressos vendidos nos Estados Unidos em 2014
subiu 2,4%, alcançando 635 milhões de unidades. Segundo especialistas, o
crescimento da venda de livros físicos deverá manter-se nos próximos anos, pois
os novos leitores parecem gostar cada vez mais do papel. A Nielsen revela que a
maioria dos adolescentes entre 13 e 17 anos prefere obras impressas. Além
disso, as vendas de títulos de ficção para jovens adultos cresceram 12% em
2014, mais do que os dirigidos aos adultos.
Pesquisa realizada em 2014
pelo DataFolha demonstrou que, no Brasil, 59% dos leitores de livros e 56% de
revistas optam pelas edições convencionais. No caso de jornais, 48% preferem
acessá-los em computadores, tablets e celulares e 46% continuam fiéis às formas
tradicionais. É interessante o fato de que 80% dos entrevistados brasileiros
afirmaram que ler em papel é mais agradável do que em uma tela.
Todos esses estudos foram
referendados pelos depoimentos e palestras do Summit de Comunicação, realizado
em dezembro de 2015, na cidade de São Paulo, que terá sua segunda edição em 4
de outubro de 2016. Uma frase cirúrgica e conclusiva no evento mostrou ser uma
bobagem a briga entre impresso e eletrônico e evidenciou a credibilidade e
importância da tinta sobre o papel: "Não se constroem marcas apenas com
mídia digital". O lúcido depoimento é de Sérgio Maria, diretor de
Parcerias Estratégicas do Google!
Nenhum comentário:
Postar um comentário