quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O papel e a crise hídrica - Por Vicente Amato Sobrinho*

Tempos atrás, seguindo tendência das grandes corporações e instituições, adotei na minha empresa o uso de copos de vidro e xícaras de porcelana, em substituição aos descartáveis. Na verdade estava buscando economizar, da mesma forma que o banco que pedia aos clientes para abrirem mão do extrato de papel para ajudar na sustentabilidade do planeta. Nada de ecológico havia na minha decisão, assim como não há nas daqueles que buscam reduzir o consumo de papel, com campanhas difamatórias e mentirosas, dando ao papel fama de grande vilão da natureza.

Meu intuito era economizar, pois centenas de copos descartáveis iam para o lixo diariamente. Já as xícaras e os copos de vidro eram lavados e estavam prontos novamente para o uso. Ledo engano. Afinal, quando fiz esta troca passamos a utilizar muito mais água para limpar a louça, contribuindo sobremaneira para a atual crise hídrica, além de não economizar, afinal a água custa caro. Não só eu, mas todas as instituições das quais copiei o modelo.

Voltei ao uso dos copos descartáveis (e de papel), reconhecendo meu grave engano. Imagino que o mesmo deve estar ocorrendo nas empresas, nos lares, nas repartições públicas, nos bancos e em todos os estabelecimentos que trilharam o mesmo caminho. É até engraçada a situação do “bom filho a casa torna”, que deixa na maior saia justa os defensores dos objetos de vidro, principalmente os “ecochatos”.

Hoje, existe campanha mundial para a valorização do papel (Two Sides), da qual faço parte, que objetiva mostrar as verdades sobre o papel, sem mentiras ou calúnias. O papel é sustentável em todas as fases, reciclável, vem de fonte renovável e gera riquezas imensuráveis, especialmente para o nosso país. Além disso, foi fundamental na história da humanidade e continuará sendo essencial, como hoje.

Quem adotar pratos, copos e demais recipientes de papel contribuirá decisivamente para solucionar a crise hídrica que assola nosso Brasil, fazendo bem ainda maior ao meio ambiente e a toda população.


*Presidente executivo da Andipa e presidente do Sinapel

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