Nosso país ganhou, em 19 de agosto, um novo selo.
Trata-se de obra-prima das artes gráficas em homenagem ao embaixador brasileiro
Sergio Vieira de Mello, morto, nessa data, em 2003, no atentado ao Hotel Canal
em Bagdá, no Iraque, junto com outros 21 funcionários da ONU, na qual ocupava o
posto de Alto Comissário para os Direitos Humanos. Importante lembrar que, em
decorrência do triste episódio, instituiu-se o Dia Mundial da Ação Humanitária.
O selo, lançado pelos Correios e impresso pela Casa da
Moeda, é um primor de design, acabamento e impressão. Apresenta a foto de
Sergio Vieira de Mello, retratado pelo fotógrafo Evan Schneider, da ONU, em 27
de maio de 2003, quando foi anunciada sua nomeação como Representante Especial
das Nações Unidas para o Iraque, por indicação do então secretário-geral da
entidade, Kofi Annan.
Na lateral esquerda, consta a inscrição “Homenagem a
Sergio Vieira de Mello”, cuja pertinente justificativa encontra-se no edital
relativo à emissão do selo: “O seu caráter humanista é exemplo de desempenho em
defesa dos direitos e dos valores humanos, que inspiram a perpetuação de sua
memória e o permanente debate do seu pensamento e dedicação a apoiar a
reconstrução de comunidades afetadas por guerras e violências extremas”. Na
margem inferior esquerda, constam os logotipos da UPAEP (União Postal das
Américas, Espanha e Portugal), que nomeia a Série América, e da ONU. Na
produção, utilizou-se a técnica de fotografia e computação gráfica. A impressão
é em offset.
Neste momento em que numerosos conflitos no Oriente
Médio, África, Ucrânia e outras regiões atingem de modo grave a população
civil, ganha uma dimensão ampliada a comemoração do Dia Mundial da Ação
Humanitária, onze anos após a morte de Sergio Vieira de Mello e de seus
companheiros das Nações Unidas. No mesmo Iraque onde suas vidas foram ceifadas,
assiste-se hoje ao massacre de crianças, mulheres e idosos, grave perseguição
religiosa e até a inaceitável transformação de meninas em escravas sexuais. Como
tem noticiado a imprensa brasileira e mundial, no embate entre Israel e o
Hamas, em Gaza, a maioria das vítimas fatais também é civil, incluindo seis
jornalistas, o mesmo ocorrendo no Sudão do Sul.
Em todos os lugares onde a intolerância e a guerra
atentam contra a vida e a dignidade das pessoas, estão presentes os agentes
humanitários, como o embaixador Sergio Vieira de Mello, que muitas vezes
enfrentam grandes perigos para ajudar comunidades em situação de risco e
expostas a privações de toda ordem. Lamentavelmente, o ano de 2013 e o primeiro
semestre de 2014, conforme informa a ONU, foram marcados por números recordes
de violência e ataques contra esses próprios trabalhadores.
Portanto, nada mais justo do que as homenagens a esses
voluntários da boa vontade por ocasião do Dia Mundial da Ação Humanitária 2014.
Nesse sentido, além do selo brasileiro, há outra interessante iniciativa: uma
nova plataforma para inspirar e mobilizar o público em emergências globais.
Trata-se do site “Mensageiros da Humanidade” – clique para acessar), voltado a
mobilizar defensores das causas da paz, da tolerância e do respeito aos civis e
à vida.
A correlação entre as artes gráficas e os Mensageiros da
Humanidade transcende ao belo selo em homenagem ao nosso diplomata. Abrange,
também, toda a comunicação impressa, considerando a imensa importância de
jornais e revistas, como das demais mídias, na informação, denúncias de abusos
e mobilização das Nações Unidas e da sociedade global para conter a violência e
socorrer suas vítimas.
*Presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no
Estado de São Paulo (SINDIGRAF-SP), coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva
do Papel, Gráfica e Embalagem (Copagrem) da Fiesp, vice-presidente da
Confederação Latino-americana da Indústria Gráfica e country manager da Two
Sides Brasil
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