Por Levi Ceregato e Carlos Augusto Di Giorgio*
Estudo mundial mostra que o mercado gráfico brasileiro
terá um salto nos próximos anos. Significa oportunidade de crescimento para
todos os segmentos de impressão e também acirramento da concorrência por parte
de mercados internacionais.
US$ 668 bilhões. Este é o faturamento previsto para a
indústria gráfica mundial em 2017, quando o Brasil promete alcançar o posto de
oitavo maior mercado gráfico do mundo, com movimento de US$ 20 bilhões. Para
chegar lá, o mercado nacional experimentará picos de crescimento superiores ao
dobro da média mundial de 2%. Dentre os segmentos melhor posicionados para
protagonizar esse salto, alinham-se embalagens impressas, rótulos, etiquetas e
revistas – todos com evolução prevista superior a 4%. Seguem-se, encartes (alta
de 3,5%), jornais (2,4%), guias, folhetos, mala direta e catálogos (por volta
de 1,5%). Até para livros, tão ameaçados
pela popularização dos e-readers, projeta-se evolução de 0,6%.
À luz dos resultados recentes da indústria gráfica (-3,6%
em 2013), parece impensável a realização desse prognóstico. Mas a fonte inspira
respeito suficiente para se acreditar que, abstraindo as dificuldades do
momento, há no horizonte um futuro promissor ao setor gráfico. É o que mostra o
estudo “Mercado mundial de impressão: identificando oportunidades para a
indústria de impressão”, realizado em 2013 pela Unidade de Inteligência da
revista inglesa The Economist, a pedido da associação americana NPES. A
pesquisa envolveu levantamentos em 51 países e faz parte de um monitoramento
mundial que, desde 2007, tem o objetivo de orientar investimentos na cadeia da
impressão.
As perspectivas são excelentes, porém, existe um outro
lado dessa atraente moeda que requer atenção. Tamanho potencial colocará o
Brasil no centro de interesse da indústria gráfica mundial, em especial daquela
cujos mercados nativos experimentam desaceleração para alguns produtos, como a
européia e a norte-americana, e a poderosa indústria gráfica chinesa que, no
período, deverá suplantar os Estados Unidos na liderança mundial.
Para garantir seu quinhão nesse crescimento fantástico, o
empresário gráfico brasileiro tem desafios pela frente. Por exemplo, a
profissionalização da gestão e a percepção do potencial de novos nichos, como
as oportunidades para impressão nas produções multimídias, no florescente
mercado publicitário (que já é o quinto maior do mundo, tendo suplantado o do
Reino Unido) e na confecção de todo tipo de embalagem. A hora de se modernizar e investir em tecnologias,
equipamentos e processos que agreguem qualidade e serviços é agora. Ou há risco
de ser engolido por uma comoditização crescente, que achata preços e margens.
A regra do jogo é aumentar produtividade e
competitividade. Mas as 21 mil empresas do setor, embora ávidas para investir,
ainda se veem acuadas pelo ambiente hostil aos negócios. 60% do PIB gráfico não
contam com o benefício da desoneração da folha de pagamento; na impressão de
livros, continuamos tributados com PIS e Cofins, enquanto os livros impressos
no exterior chegam com total isenção tributária; itens fundamentais para a
população, como embalagens de alimentos da cesta básica e material escolar, que
deveriam ser isentos de tributação, são fortemente onerados por impostos e
contribuições.
O apelo para a eliminação dessas ameaças à
competitividade, ao lado da solicitação de margem de preferência para as
compras públicas de livros e cadernos e do fim do conflito entre ICMS e ISS no
segmento de embalagens, compõe a Carta da Indústria Gráfica à Nação, documento
apresentado na posse da diretoria da Associação Brasileira da Indústria
Gráfica, em junho, e enviado aos principais candidatos à presidência.
O futuro, como os números indicam, é promissor ao setor e
ao País. Mas não é uma profecia autorrealizável. Os alicerces para suportar tal
crescimento dependem da combinação do empenho individual dos empresários com a
disposição do poder público de criar mecanismos de apoio efetivo ao aumento da
competitividade. Que cada um faça sua parte!
*Ceregato é presidente nacional da Associação Brasileira
da Indústria Gráfica e Di Giorgio é presidente do Sindicato das Indústrias
Gráficas no Município do Rio de Janeiro
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