O governo federal está comprando um
volume menor de livros didáticos para o Ensino Fundamental - do 1º ao 9º ano.
Mas a maior parte das editoras conseguiu compensar essa perda, uma vez que
vendeu, pela primeira vez neste ano material digital - como DVDs e vídeos -
para as escolas públicas
Em
2012, o Ministério da Educação (MEC) comprou 30,5% a menos de livros destinados
ao Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) e neste ano um volume 8% menor de obras
do Ensino Fundamental II (6º ao 9º) em relação aos programas anteriores
equivalentes. O programa brasileiro de distribuição de livros é um dos maiores
do mundo.
A
queda no número de livros para abastecer a rede pública deve-se, basicamente, a
três fatores: taxa de natalidade em queda, transferência de crianças a escolas
privadas e, em menor escala, compra de apostilas por parte de prefeituras.
"Houve uma diminuição na quantidade de livros por causa da estabilização
do Censo Demográfico Escolar", diz Rafael Torino, diretor de ações
educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão
ligado ao MEC.
O
censo escolar considera a taxa de natalidade, que está em queda no país. Além
disso, o número de alunos também é menor porque, nos últimos anos, o governo
vem corrigindo a duplicidade de matrículas. O aumento na renda de boa parte da
população, em especial na classe média, também ajudou a formar esse cenário: os
filhos saíram da rede pública e foram estudar em escolas particulares. Nos
últimos cinco anos (2007 a 2012), o número de alunos nas escolas públicas caiu
9,5%, para 42,2 milhões - esses dados consideram a educação básica (que inclui
todo o ciclo escolar, do infantil ao médio). Em contrapartida, no período de
2007 a 2011, houve um aumento de 30% das matrículas em colégios privados. São
8,3 milhões de estudantes na educação básica particular.
Em
2014, o governo também vai reduzir o volume dos livros didáticos do ensino
médio. O número de páginas de um livro dessa faixa escolar terá, no máximo, 400
páginas. Hoje, algumas obras chegam a ter 800 páginas. Os dados do MEC mostram
que mesmo com uma encomenda menor de livros do ensino fundamental II, as
editoras compensam as perdas com a venda de material pedagógico digital, usado
como complemento para as aulas. Neste ano, as compras para as escolas públicas
somaram R$ 1,1 bilhão, um incremento de 28%. Esse valor considera material para
toda a educação básica, com maior fatia para estudantes do 6º ao 9º anos. O
aumento na demanda pelos sistemas de ensino (ou apostilas) também contribui
para compras menores de livros por parte do MEC. Várias prefeituras,
principalmente, do interior de São Paulo, Sul e Centro-Oeste, compram apostilas
para suas escolas.
"A
partir deste ano, as escolas públicas que compram sistemas de ensino foram
obrigadas a informar ao governo a adesão a esse tipo material. Com isso, o
governo deixou de enviar livros didáticos para essas escolas que, até então,
trabalhavam com os dois materiais", disse Manoel Amorim, presidente da
Abril Educação, dona das editoras Ática e Scipione. A Scipione foi a mais
afetada neste último programa do governo. As encomendas da editora tiveram uma
queda de 66,6% em relação ao programa anterior. "O principal motivo para a
queda foi a reprovação dos nossos livros de inglês. Em 2011, vendemos 12
milhões de livros de idiomas. Mas ainda assim, tivemos queda também na venda de
livros de outras disciplinas", disse Amorim. Uma das editoras que ocuparam
o espaço perdido pela Scipione na área de idiomas foi a FTD.
"Mesmo
com a redução nas compras do governo, conseguimos fechar vendas de 30 milhões
de exemplares, um aumento de 16%", disse Antonio Luiz Rios, diretor
superintendente da FTD, cujo contrato com o MEC neste ano somou R$ 188,8
milhões. "Da nossa produção total, 80% é para o governo. Mas em relação ao
faturamento, 55% vêm das vendas no mercado privado", diz Rios, ao observar
como são acirradas as negociações com o MEC. O preço médio do exemplar da FTD
vendido ao governo na semana passada, para o Ensino Fundamental, foi de R$
6,61. As editoras também já estão se planejando para 2014, quando o MEC
pretende comprar livros do Ensino Médio em papel e no formato digital. O professor
é quem define qual tipo pretende usar. "Para as editoras não haverá perdas
porque haverá uma compensação com os livros digitais, que terão uma remuneração
diferenciada", disse Torino, do FNDE.
Fonte: Valor Econômico
Plano
Nacional do Livro e Leitura deve virar lei na Câmara dos Deputados*
O
brasileiro lê, em média, quatro livros por ano – menos da metade do que é lido,
por exemplo, em Portugal, onde a média é de 8,5 livros por ano. O dado é
apontado na pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em março deste
ano e revela um decréscimo do número de livros lidos pela população, que em
2007 era de 4,7 livros por ano. Para debater a importância de políticas
públicas que incentivem a leitura e democratizem o acesso ao livro, as
comissões de Educação e de Cultura realizaram uma audiência pública na Câmara
dos Deputados.
O
debate apontou para a necessidade de transformar em lei o Plano Nacional do
Livro e Leitura (PNLL), desenvolvido pelos ministérios da Cultura (MinC) e
Educação (MEC) desde 2006. Para tanto, a coordenadora da Frente Parlamentar
Mista do Livro e Leitura e idealizadora da audiência, deputada Fátima Bezerra
(PT/RN), lançou manifesto durante o encontro para que o Executivo envie ao
Congresso um projeto de lei (PL) sobre o assunto. A ideia é colher assinaturas
até o fim do mês, quando a parlamentar entregará o documento à ministra da
Cultura, Marta Suplicy.
“Demos
mais um passo para fomentar, institucionalizar e fortalecer uma política pública
que considero estratégica. É fundamental que o acesso ao livro seja encarado
como política de Estado. Vamos fazer andar o projeto sobre o fundo setorial do
livro, leitura e literatura; vamos cobrar do governo o envio dos projetos que
institui o PNLL como lei, e que cria o Instituto Nacional do Livro, da Leitura
e da Literatura”, enfatizou Fátima Bezerra.
Para
o secretário executivo do PNLL, José Castilho, além de tornar o plano uma
política de Estado, é esse tripé que fará a diferença para a democratização do
acesso ao livro e fortalecimento da leitura. Segundo ele, não há divergências
em relação à necessidade de tornar o Brasil um país de leitores, mas reforçou
que, ao mesmo tempo, a inexistência de políticas públicas fragiliza as
iniciativas. “Não podemos ficar à mercê das mudanças de governo. O Estado
funciona com marcos legais e investimentos. E essa lei vai balizar o restante
das nossas necessidades. O projeto está pronto e acredito que muito em breve
deve chegar ao Congresso Nacional.”
Fabiano
dos Santos, diretor do Livro, Leitura e Literatura do MinC, reforçou a
importância da institucionalização do plano. Segundo ele, até agora o que se
construiu foi uma política de livro, não de leitura, “e esta precisa avançar”.
“Talvez
seja a hora de termos o PAC da formação das pessoas”, destacou o deputado José
Stédile (PSB/RS), em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
desenvolvido pelo governo federal desde o governo Lula. Stédile reforçou a
falta de interesse de prefeituras em investir em bibliotecas, diminuindo o
acesso à leitura da população que não tem recurso para adquirir livros.
Boas
práticas
Em
contrapartida, várias experiências independentes de incentivo à leitura são
realizadas Brasil afora e duas delas foram apresentadas durante o debate. São
bibliotecas comunitárias implantadas em escolas pelo Instituto Ecofuturo e as
oficinas e rodas de leitura promovidas pela organização Vaga Lume em
comunidades tradicionais e rurais na Amazônia Legal.
Mas
trabalhos independentes, muitas vezes, encontram barreiras. A falta de
metodologia para avaliar os resultados obtidos nas oficinas e rodas de leitura
da Vaga Lume, por exemplo, tem sido um obstáculo para o avanço do trabalho. A
historiadora Sylvia Guimarães, uma das idealizadoras do projeto, aproveitou o
debate para pedir aos parlamentares e aos membros do Executivo que olhem para
essas iniciativas e pensem, por exemplo, editais e políticas que contemplem
quem tem know-how. Também sugeriu à academia que faça parcerias com essas
instituições para que pesquisas sobre resultados obtidos, por exemplo, possam
ser realizadas.
Patrícia
Lacerda, do Instituto C&A, uma das parceiras das escolas comunitárias do
Instituto Ecofuturo, lembrou que se tem pouco tempo até a próxima eleição e que
é preciso agilidade na formulação e aprovação dessa lei que torne livro e
leitura políticas de Estado.
Levar
esse debate para a ponta também foi uma demanda apresentada. Ruivo Lopes,
integrante da Rede de Saraus da Periferia, de São Paulo, destacou que o PNLL
pode salvar vidas nas periferias das cidades. “Com o acesso à leitura, a gente
pode mudar o futuro dos jovens da periferia, a gente pode mudar a cara do mapa
da violência desse País”, disse.
*Fonte: Câmara dos Deputados e Blog do
Galeno
FNDE compra 137,8 milhões de livros
didáticos para 2014
O
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) investirá R$ 1,127 bilhão
na aquisição de livros didáticos impressos, versões acessíveis e objetos
digitais de apoio ao ensino que serão utilizados na educação básica pública a
partir do próximo ano letivo.
No
total, serão comprados 137,8 milhões de exemplares, de 25 editoras, para os
ensinos Fundamental e Médio.
Foram
adquiridas obras de todas as disciplinas para todos os alunos dos anos finais
do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), num total de 75,6 milhões de exemplares,
e mais 62,2 milhões de unidades de reposição e complementação para os anos
iniciais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. No total, o governo federal
adquiriu 2.511 títulos para as duas etapas de ensino.
A
partir da assinatura de contrato com o FNDE, as editoras começarão a produzir
os livros que serão entregues nas escolas públicas de todo o país antes do
começo do ano letivo de 2014. Cada exemplar deve ser aproveitado por três anos,
sendo passado de um estudante a outro ao final de cada período letivo.
A
exceção fica para os livros consumíveis de alfabetização dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, mais filosofia e sociologia do Ensino Médio, e também língua
estrangeira dos dois níveis, que não precisam ser devolvidos.
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