terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pensador da era digital, Nicholas Carr, diz que estamos mais rápidos e superficiais

Um dos mais polêmicos pensadores da era digital, o americano Nicholas Carr acaba de lançar o livro The Shallows: What Internet is Doing to Our Brains, em que questiona os danos que a internet está causando em nossos cérebros.

Na entrevista abaixo, conta que dá até para ler online de maneira aprofundada, mas que isso não é a regra.

Que mudanças a internet está causando em nossa mente?

Carr: Ela nos encoraja a avaliar vários pequenos pedaços de informação de uma maneira muito rápida, enquanto tentamos driblar uma série de interrupções e distrações. Esse modo de pensamento é importante e valioso. Mas, quando usamos a internet de maneira mais intensiva, começamos a sacrificar outros modos de pensamento, particularmente aqueles que requerem contemplação, reflexão e introspecção. E isso tem consequências. Os modos contemplativos sustentam a criatividade, empatia, profundidade emocional, e o desenvolvimento de uma personalidade única. Nós podemos ser bem eficientes e bem produtivos sem esses modos de pensamento, mas como seres humanos nos tornamos mais rasos e menos interessantes e distintos intelectualmente.

As evidências são preocupantes?

Carr: Mais do que eu esperava. Nossos cérebros são altamente maleáveis. Isso permite que nos adaptemos a novas circunstâncias e experiências, mas isso também pode ser algo ruim. Podemos treinar nosso cérebro para pensar de maneira rasa ou profundamente com a mesma facilidade. Estudos mostram que, quando ficamos online, entramos em um ambiente que promove a leitura apressada, pensamento distraído e aprendizado superficial. É possível pensar profundamente enquanto surfamos na web, mas não é o que a tecnologia encoraja e premia.

Quais são as diferenças em relação à leitura de um livro tradicional, feito com papel e tinta?

Carr: O livro impresso e a internet são o que chamo de “ferramentas da mente”, mas seria difícil de imaginar duas ferramentas mais diferentes. Como tecnologia, um livro foca nossa atenção, nos isola das várias distrações que enchem nossas vidas diárias. Um computador conectado faz o oposto. É desenhado para dispersar nossa atenção. Ele não protege a gente das distrações do ambiente; se une a elas. Ao passo em que nos movemos do mundo da página para o mundo da tela, nós estamos treinando nosso cérebro para ser rápido, mas superficial.

Você diz que a internet é melhor compreendida como parte de uma tendência...


Carr: As tecnologias que usamos para reunir, armazenar e dividir informação mudaram nossa formação intelectual. Mapas, relógios, livros e TV nos mudaram. E agora a internet está nos mudando. Ela abriu um novo capítulo em nossa história intelectual, mas a história está acontecendo há muito tempo.

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