A indústria gráfica nacional
acompanhou o movimento generalizado de queda da economia nos três primeiros meses
do ano. Em um trimestre em que o PIB do país recuou 0,2% e a produção da
indústria de transformação registrou queda de 7,9% em relação ao mesmo período
do ano passado, o setor gráfico recuou 3,7% na mesma comparação. Frente ao
último trimestre de 2014, o recuo foi de 1,4% contra retração de 2,7% da
indústria de transformação. A informação foi apurada pela Associação Brasileira
da Indústria Gráfica (Abigraf), com base na Pesquisa Industrial Mensal do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O encolhimento trouxe junto
a necessidade de ajustes. Estatísticas do cadastro Geral de Empregados e
Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged/MTE) indicam que, de
janeiro a março, o setor gráfico desativou 2.078 vagas, um recuo de 2,7% em
relação a igual período de 2014. Foi o maior corte desde 2009 e a região
Sudeste respondeu sozinha por 76,5% dos postos eliminados (apenas em São Paulo
foram cortadas 1,2 mil vagas). Os desligamentos atingiram principalmente a
faixa até três salários mínimos e os empregados com nível de ensino médio
completo. O segmento que mais fechou vagas foi o editorial, ligado à impressão
de livros, revistas, jornais e periódicos. Na análise por porte, as
microempresas foram um ponto fora da curva, com contratações superiores às
demissões.
Houve retração também nos
investimento do setor, com queda de 15% nas importações de máquinas e
equipamentos gráficos, em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. “É um
espelho da queda de confiança do empresário”, constata o presidente nacional da
Abigraf, Levi Ceregato. A favor dessa tese, Levi aponta a queda de 7 pontos no
Índice de Confiança da Indústria Gráfica, apurado nacionalmente pela
Abigraf a cada três meses. Na edição de
janeiro a março, a Indústria gráfica registrou 41 pontos, em uma escala de 0 a
100, na qual 50 representa o ponto de neutralidade. Frente à situação atual, o
Índice foi ainda menor (35,1 pontos) e
só teve pequena recuperação no quesito expectativas (47). As empresas de grande
porte foram as menos pessimistas, assim como aquelas situadas no Sul e no
Centro-Oeste – provável reflexo da safra agrícola e da alta de câmbio, que
beneficia o agronegócio.
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