Considerando ser a
improbidade uma das principais causas da atual crise econômica brasileira,
conclui-se que a ação danosa de corruptores e corruptos tem um peso
proporcionalmente muito grande para o País em relação ao percentual que eles
representam no conjunto da sociedade. Nosso povo tem boa índole, é trabalhador,
não se espelha na desonestidade da minoria de oportunistas e espertalhões e não
se sente representado por políticos desprovidos de integridade e ética no
exercício de cargos públicos.
Por esse motivo, é muito
importante a ação da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder
Judiciário nas investigações, denúncias e imputação de penas àqueles que
realmente tiverem culpa nos processos relativos ao petrolão, o maior escândalo
de nossa história. As punições legais evidenciam que o beneplácito da
impunidade vai se tornando algo do passado e reforçam a atitude proba da
maioria dos brasileiros, resgatando sua dignidade como cidadãos.
Os episódios do mensalão,
que levou aos tribunais e às prisões políticos poderosos e empresários
milionários, até então intocáveis, e da Petrobras, que motivou a detenção de
numerosos dirigentes de grandes empresas, membros de partidos e executivos da
estatal, precisam ser emblemáticos como mensagem clara a todos os duzentos
milhões de habitantes deste país: vale a pena ser honesto, trabalhar e ganhar a
vida sem cobiçar o dinheiro alheio e dos impostos pagos por todos.
Os empresários e
trabalhadores honestos deste país, que são efetivamente a grande maioria da
força representativa do capital e trabalho, já foram duramente prejudicados
pela ação deletéria da minoria. Terão de trabalhar muito para pagar uma conta
que jamais foi sua, pois a crise econômica, que tem, sim, a corrupção dentre
suas causadoras, custará sangue, suor e lágrimas para quem precisa manter seus
negócios, postos de trabalho e investimentos. Mais do que nunca, deve-se
valorizar a atitude honesta dessa maioria anônima de empresários e
trabalhadores que são os protagonistas reais da verdadeira História do Brasil.
Este não é o país de quem
quer levar vantagem em tudo; esta é a Nação dos ribeirinhos que na madrugada
amazônica estão trabalhando no grande rio. Este não é o país do jeitinho; esta
é a nação dos empresários sérios e laboriosos, responsáveis com seus
empreendimentos e funcionários. Este não é o país do oportunismo aético; esta é
a nação dos trabalhadores das grandes cidades, de Norte a Sul, de Leste a
Oeste, que madrugam nos pontos dos ônibus para seguir aos seus empregos; é a
terra do agronegócio, do empreendedor rural e do trabalhador do campo, que
ganha a vida na dignidade de sua enxada; esta é a pátria dos estudantes, professores,
pesquisadores e da comunidade cientifica, cuja contribuição é imensa.
Precisamos, de modo
definitivo, desprezar os estigmas que carregamos como as marcas de uma pretensa
cultura da esperteza amoral. Não somos assim. Somos trabalhadores, corretos e
íntegros! Deixemos a pecha da malandragem para a minoria que realmente a
merece. Que deles cuide a Justiça! Ao prestigiarmos os honestos, valorizamos a
maioria de nossa gente, ganhando fôlego e energia para vencer a crise e
reabilitar um importante aspecto de nossa cultura, este sim verdadeiro: a
capacidade de ser feliz!
*Levi
Ceregato é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf
Nacional).
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