quarta-feira, 18 de abril de 2012

Mudanças pragmáticas na Ferrostaal


Desafios inéditos inerentes ao novo ano. Com objetivos claros e bem definidos – ganhar mais dinamismo e crescer de forma coordenada –, a Ferrostaal apresenta uma nova estrutura organizacional que fora preparada há um ano nos bastidores da administração.

Há 21 anos na empresa, Fábio Lobo é o novo diretor presidente. O executivo será assistido pelo agora diretor, Richard Möller, profissional que fez carreira na companhia como gerente da área de rotativas. De acordo com Lobo, a empresa ganhará mais dinamismo e, como vinha trabalhando com custos operacionais altos, decidiu fazer alguns ajustes. “Identificamos processos que poderiam ser otimizados e isso promoverá um impacto positivo na estrutura. A intenção da companhia é complementar sua área de máquinas, aproveitando a estrutura já instalada e consolidada da Ferrostaal no mundo. Com a MPC, além do retorno às raízes alemãs, temos um parceiro efetivo jogando a nosso favor”, explica o novo diretor presidente da Ferrostaal.

Möller, que está na Ferrostaal há 13 anos, aposta na dinâmica inédita: “A força da marca e a solidez do Grupo Ferrostaal, em conjunto com a estrutura técnica e comercial que temos no Brasil, nos dá a certeza que teremos muito sucesso nesta nova etapa. A nova dinâmica que estamos implantando visa tornar a empresa ainda mais forte e eficiente.”

Acompanhe a seguir a entrevista concedida pelos executivos da Ferrostaal e conheça mais detalhes dos novos planos da companhia. Entre as revelações, Lobo adianta que já orientou Möller a olhar com carinho a área de impressão digital. Sinal de que a Ferrostaal ensaia uma volta ao ambiente digital de equipamentos, que no passado não deixou uma experiência, digamos assim, salutar. Até então. 
Fábio Sabbag
GRAPHPRINT: Fale sobre as mudanças nos últimos tempos?
Fábio Lobo, diretor presidente: "Estamos nos preparando para os novos tempos. Assim, decidimos fazer algumas mudanças no Brasil. Todas as mudanças foram fundamentadas e tratadas com a participação da Alemanha. É um processo bastante suave e que, obviamente, acarretou em alguns cortes. O nosso objetivo é ter uma organização mais dinâmica e rápida e que possa seguir atendendo aos clientes da melhor maneira possível."
Em 2009 o principal acionista da Ferrostaal, o Grupo Man, vendeu 70% de sua participação acionária para um grupo do Emirados Árabes Unidos. Esse grupo de investimento atuava mais na indústria de petróleo, sendo do tipo passivo, que não participa diretamente da organização e da administração das empresas.
Só para se ter uma ideia, esse grupo árabe tem US$ 27 bilhões investidos em empresas pelo mundo. Concomitantemente, dois executivos da Ferrostaal foram identificados em processos irregulares no mercado. A promotoria alemã iniciou as investigações e a Ferrostaal foi carregada nesse processo como empresa coadjuvante, pois a promotoria afirmara que não havia sistemas de controles dentro da empresa.
Iniciaram-se os processos, as análises foram feitas e, nesse período, a Ferrostaal iniciou internamente o processo de implantação do departamento de compliance, que serve para analisar todo o tipo de negócio e controlar possíveis transações futuras.
Ambos os fatores, novo acionista e o processo de investigação, fizeram com que a Ferrostaal entrasse num processo de espera. Consequentemente, os investimentos foram reduzidos. Vivemos uma fase bem difícil, mas felizmente a nossa área de máquinas não ficou muito apertada, pois é ela quem gera os negócios do dia a dia. Seguimos, então, normalmente vendendo máquinas, e isso fez com que o grupo continuasse forte.
Recentemente, o grupo alemão MPC informou o desejo de adquirir as ações da Ferrostaal. Para nós, da Ferrostaal, é muito positivo esse fato, pois o grupo é 100% alemão e possui 165 anos de existência. É uma volta às origens. Em segundo lugar, o grupo conhece a Ferrostaal e já realizou uma série de negócios conosco.
Em 2008, a Ferrostaal vendeu sua área de comercialização de aço para o Grupo MPC e ambos formaram uma empresa. Já foram concretizados diversos negócios na área naval e o Grupo MPC também é uma trading como a Ferrostaal. A sinergia já existe.
Dentro da área de máquinas estamos nos preparando para o futuro, acompanhando tudo o que se passa no mercado internacional. A China, por exemplo, teve um crescimento grande, mas o aumento no quarto trimestre de 2011 foi o mais baixo dos últimos anos; a situação na Europa já é conhecida por todos.
Por isso, estamos nos preparando para os novos tempos. Assim, decidimos fazer algumas mudanças no Brasil. Todas as mudanças foram fundamentadas e tratadas com a participação da Alemanha. É um processo bastante suave e que, obviamente, acarretou em alguns cortes. O nosso objetivo é ter uma organização mais dinâmica e rápida e que possa seguir atendendo aos clientes da melhor maneira possível.
Richard Möller, diretor: "A impressão digital não é mais um assunto que olhamos como tecnologia do futuro. É atual. No passado tivemos algumas experiências que, por diferentes motivos, não foram boas. Talvez não tivemos a capacidade de fazer a adequação necessária para aquele momento, em parte por mudanças que ocorreram nos parceiros que foram escolhidos. A experiência não foi muito boa, mas também não nos assusta. Estamos abertos aos novos relacionamentos."
Möller: Ressalto que o processo de investigação não teve nenhuma ligação conosco e, em nenhum momento, o Brasil foi investigado.
Claro que as práticas são válidas para todos, mas a área de equipamentos nem entrou em discussão. A Ferrostaal atua em diversas áreas diferentes. No Brasil são duas empresas: a Ferrostaal do Brasil e a Ferrostaal Equipamentos e Soluções.
Mundialmente, a área de equipamentos não entrou em nenhum tipo de investigação. A investigação não teve nenhuma ligação com a nossa indústria e com o nosso tipo de negócio, mas fez com que os investimentos se retraíssem.
Mesmo assim, a área de equipamentos foi muito pouco afetada. Continuamos com nossos financiamentos e fortes nas parcerias com as nossas representadas, mesmo por que todas as mudanças sempre foram anunciadas. A mesma parceria que temos com os clientes mantemos com as nossas representadas. E elas apoiaram as mudanças e entenderam que foram necessárias.
Como o Lobo já disse, os antigos acionistas não eram ativos. Já o Grupo MPC atua diferentemente e isso significa ter uma empresa que não vai enxergar só de longe os resultados, vai participar. Portanto, nossa expectativa não é de uma mudança grande, mas de um apoio maior. Entre as partes envolvidas a operação está toda definida e confirmada. 
GRAPHPRINT: Apostar em executivos da própria companhia é repassar confiança ao mercado?  
Lobo: É importante que a Ferrostaal promova os executivos que trabalham dentro da própria companhia. Isso significa que estamos bem preparados e evidencia o compromisso de longo prazo. Confiamos nas pessoas que têm uma trajetória dentro da empresa, com novas dinâmicas.
GRAPHPRINT: Estamos falando agora de capital 100% alemão. Como as representadas foram previamente avisadas, o objetivo é manter a parceria com fabricantes oriundos de outros países?
Möller: Isso não tem ligação. Estamos orgulhosos, pois o Brasil liderou as mudanças que aconteceram em toda a Ferrostaal. Há uma “orientalização” em relação à fabricação de equipamentos, não só na indústria gráfica como em várias outras indústrias.
A direção anterior da Ferrostaal anteviu corretamente. Por isso, também, temos representadas de diversas nacionalidades e queremos sempre ter as melhores opções tanto do ponto de vista tecnológico como na questão da parceria de longo prazo. Temos representadas importantes da Europa, na Índia, na China e no Japão, e continuamos abertos a novas representadas.
Sabemos também que toda transição gera questionamentos ou ataques positivos e negativos. Continuamos sendo procurados por uma série de empresas, pois temos um networking muito forte. A relação com potenciais novos fornecedores é constante, mas é claro que não vamos sair atirando para todos os lados. Enfim, sempre estamos abertos a novas relações de negócios.
GRAPHPRINT: Entenda-se como novo negócio uma reentrada na impressão digital?   
Lobo: No exterior tive experiências fortes com a impressão digital, por isso pedi ao Möller para olhar com carinho esse segmento.
GRAPHPRINT: Já dá para falar em crescimento?
Lobo: De 5% a 10%, mas ainda é prematuro falar em números. No ano passado, a empresa manteve o nível de vendas do ano anterior. Vale lembrar que temos de crescer de maneira saudável, olhando resultados positivos, sempre com a cabeça aberta para novas associações. Não adianta vender sem alcançar resultados positivos.
Möller: Implementaremos uma forma interna de atuação mais unificada, sem criar várias subestruturas dentro da Ferrostaal.



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