segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Associação Brasileira de Embalagem realiza painel de diretrizes para a indústria de embalagens 2012

Por meio desse evento, a Abre norteia o setor de embalagem e oferece um estímulo para que a indústria, a partir do conhecimento, invista em tecnologia e novos projetos e aprimoramento de seus produtos 

O Painel de Diretrizes trouxe apresentações que abordaram cinco tópicos de grande relevância para o setor, inovação e lançamentos, consumo, varejo, tecnologia e economia.

Diretrizes de Inovação e os Lançamentos para Indústria de Embalagem - Fabio Mestriner, Coordenador do Comitê de Assuntos Estratégicos da ABRE:

Falando sobre inovação e lançamentos, Fabio Mestriner apresentou os números de lançamentos de embalagem no mundo em 2012.  No total foram lançadas 139.246 embalagens novas no mundo de 1º de janeiro a 19 de junho de 2012, o que representa um aumento de 22% em relação ao mesmo período do ano passado e mostra o grande dinamismo desse mercado.
Esses lançamentos também apontam a proeminência da mulher nas categorias de consumo, visto que sete das dez categorias que mais lançaram produtos no mundo são voltadas para a mulher, como maquiagem para os lábios (em primeiro lugar desde 2003), seguida de produtos para cuidados faciais e pescoço, biscoito doce, esmalte para unha e produtos para banho.
Já se sabe que 75% dos responsáveis pelas compras de uma casa são mulheres e mediante esses números fica claro que pensar na mulher ao desenvolver embalagens é uma importante diretriz para a indústria.
O posicionamento da embalagem também foi comentado por Mestriner. Afinal, o que a empresa destaca na embalagem vai ajudar o produto a vender mais. As principais categorias por posicionamento são botânico e herbal, sem aditivo e conservantes, hidratantes, produtos éticos, embalagem sustentável e que oferecem economia de tempo e rapidez.
Já os países que mais lançaram embalagens no mundo são por ordem, EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e França. O Brasil aparece em 7º lugar, atrás da China que está em 6º.  Vale lembrar que em 2009 o Brasil ocupava a 4º posição. Se analisados os materiais empregados obeserva-se que os lançamentos por tipo de embalagem são em primeiro lugar os flexíveis seguidos da garrafa, tubo/bisnaga, caixa de cartão e frasco.
Esses números apontam para uma outra diretriz da indústria de embalagem, mostrando que o futuro é a combinação de materiais. O desafio da indústria será encontrar novas formas de separar esses materiais, promovendo reciclagem e sustentabilidade.
Como conclusão, temos que a embalagem tem que inovar, tendo a percepção do mercado onde está inserida, pensar em novas maneiras de reciclar e no que é importante informar para o consumidor.

Diretrizes de Consumo no Brasil - Luiz Goes Gouvêa de Souza - da GSMD:

Luiz Goes apresentou os números do consumo do Brasil. Primeiramente ele explicou que o que move o consumo é o ambiente econômico, a disposição do consumidor, a disponibilidade do consumidor, a estrutura dos canais e os canais de mudança.
No ambiente econômico mundial temos o Brasil devendo atingir 3,9% do PIB mundial em 2012 e ocupando a 3º posição no crescimento do varejo, o que representa um crescimento de 6% em relação ao ano anterior.
No Brasil, a projeção mostra que o varejo deve crescer 12% em 2012. Ainda analisando o consumo no Brasil temos um PIB de 4,1 trilhões de reais, onde as famílias consomem 60% desse valor. O varejo é estimulado pelas taxas de desemprego historicamente baixos, ganhos constantes da massa salarial e uma inadimplência sustentável.
Hoje, o consumidor tem um alto grau de confiança, mas na realidade, apesar dessa disponibilidade, o que impulsiona o varejo é o crédito, o que o consumidor tem no bolso. Nesse quesito, acredita-se também que o consumo deve aumentar nos próximos anos devido à transição da população para uma maioria adulta e apta para o mercado de trabalho.  Outro dado importante mostra que são as classes intermediárias que movimentam o consumo no país. Hoje a classe B2/C representa 70,5% das famílias e 55% do consumo acentuados pela expansão da classe média que atingiu o patamar de 70,2% da população brasileira em 2011.
Goes explicou ainda que o comércio varejista no país totaliza 1,2 milhões de estabelecimentos e 92,8% desse total são de lojas físicas.  Este tipo de estabelecimento deve continuar forte no Brasil apesar das outras inúmeras opções e é por isso que a embalagem é um fator tão importante, pois além de suprir o consumo dessas lojas, ela deve caminhar para a integração de canais.

Diretrizes do Varejo para a Indústria de Embalagem - Leonardo Cyreno - Diretor da América Latina na Analyse2, empresa Finlandesa de inteligência no Varejo centrada em Sortimento e Shopper:

Leonardo Cyreno explicou em sua palestra como anda o varejo no Brasil. Um dos dados apresentados mostra a importância das novas tecnologias para o varejo no país, tanto é que 69% da classe C realiza pesquisas na internet antes de comprar.
Outro dado mostra que o setor supermercadista obteve crescimento de 4,5% em 2011, já descontada a inflação. 2011 também representou a entrada da classe D/E em 48 categorias de um total de 132 auditadas pela Nielsen.  Esse número é ainda mais expressivo sabendo que 72% desses consumidores ingressaram nessas categorias pela marca líder.
Nas categorias que obtiveram crescimento as mais expressivas foram sabonetes líquidos e antibacterianos com 23,1% e spray aromático com 79%.
O palestrante também falou sobre as tecnologias associadas ao varejo e explicou que novas tecnologias como a RFID, do inglês "Radio-Frequency IDentification", que chegará ao Brasil em 2013 deve revolucionar a relação de consumo e obrigatoriamente terá que vir desde o início da cadeia com a fabricação de embalagens.

Diretrizes da Economia para a Indústria de Bens de Consumo - Fernando Bueno - Presidente da Bitzer Compressores, multinacional alemã, fabricante de compressores e sistemas de refrigeração industrial e Vice Presidente da Abimaq:

Segundo o palestrante, Fernando Bueno, o Brasil passa por um processo de
desindustrialização com um aumento da importação no consumo interno e com setores que atingiram a marca de 80% de produtos importados.
Fernando explicou também que existem algumas alternativas de crescimento como o aumento das exportações, ampliação do mercado interno via consumo e investimentos em infraestrutura, subsídios de importados e aumento da oferta.
Também deve-se pensar em um projeto para o país onde a participação da indústria é vital para o crescimento real e sustentável do Brasil mediante o cenário mundial.
Diretrizes de Tecnologia para a Indústria de Embalagem - Antônio Cabral - Coordenador e professor dos cursos de Pós-graduação em Engenharia de Embalagem e Engenharia de

Produção do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia e Coordenador do Comitê de Formação de Competências da ABRE:

Antonio Cabral trouxe um olhar sobre o cenário atual do Brasil onde o PIB é baixo, o brasileiro paga muito imposto e tem poucas medidas restritivas à importação e poucas medidas para aumentar as exportações de produtos que possuem valor agregado.
Além desses fatos sabe-se que os países que mais crescem em tecnologia são aqueles que geram novas tecnologias e o Brasil compra tecnologias inovadoras e as repassa para o mercado, o que provoca uma evolução em saltos e não de maneira contínua.
Mas o que fazer para mudar essa realidade? A primeira diretriz mostra que deve-se lançar um olhar sistêmico e tecnológico para a competitividade, inclusive em todo sistema de produção de embalagem. Deve-se também entender a relação de poder e a cadeia produtiva que envolve excelência e diversidade.
A segunda diretriz mostra que deve-se usar a tecnologia para focar a adição de valor e não a redução de custo, ou seja, deve-se sair da eterna redução do custo e pensar no real valor.  Assim, todas as empresas deveriam ter uma disciplina de valor o que envolve um profundo estudo sobre todo o seu processo a fim de monitorar verdadeiramente seu sistema de produção e a partir daí desenvolver uma estratégia real de negócio.
Esse processo de valor envolve a inovação de produtos bem como de processos e a partir dessa lógica se focar na diretriz 3 que mostra que devem-se criar estratégias de sobrevivência e de diferenciação o que envolve conhecer profundamente seu processo produtivo, criar competências e escolher a disciplina de valor.  Todas essas diretrizes podem suscitar uma pergunta chave: porque mudar? Quanto custa essa mudança?  Mas na realidade deve-se pensar: quanto custará se não houver a mudança?
Como conclusão, pode-se dizer que a indústria de embalagem deve estar atenta a todos os elos que envolvem seu processo de fabricação, englobando: fatores econômicos; conhecimento do varejo; entendimento de que sua cadeia produtiva que não envolve todos os produtos de um supermercado, mas sim aqueles que são seus concorrentes diretos; tecnologia e acima de tudo ter o entendimento do consumidor atual, quais são suas necessidades e principalmente suas expectativas.

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