terça-feira, 14 de agosto de 2012

O pelo da galinha e os Piratas do Caribe


Por Fábio Sabbag, editor da GRAPHPRINT
Acabei de chegar da 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece entre 9 e 19 de agosto no pavilhão de Exposições do Anhembi. Com o tema “Livros transformam o mundo, livros transformam pessoas”, o evento mostra uma programação abrangente, mesclando literatura com diversão, negócios, gastronomia e cultura.
O visitante pode vivenciar as principais editoras, livrarias e distribuidoras do país. São cerca de 480 expositores participantes que apresentarão, para provavelmente 800 mil visitantes , seus mais importantes lançamentos em um espaço total de 60 mil m².
Não resisti à tentação e coloquei o chip do cartão – crédito e débito – para funcionar. Lá, é possível comprar livros por R$ 10,00. Evidentemente a unidade. Há livros infantis por R$ 1,00 se é que esse valor ainda existe no Brasil.

Notei, ao menos, dois expositores chineses. Curioso, perguntei qual era o motivo da apresentação na feira. Num inglês que beira o incompreensível, o chinês disse:
- Estamos `ploculando’ quem precisa de impressão. Você conhece?

- Não, respondi instantaneamente.  
O mais engraçado vem agora. Uma garotinha de uns três anos de idade sai gritando pelo estande  com um livro na mão:

- Mãe…mãe…passa o dedo aqui e sente o pelo da galinha.
Calmamente, a mãe explica que galinha não tem pelo, e sim pena. A galinha em questão fora impressa com o efeito flocagem. Mesmo assim, noto, tanto na mãe como na criança, o olhar surpreso direcionado ao livro.

Cá entre nós, atentamente preso ao dialogo entre filha e mãe, consigo escutar outra pérola da criança:
- O urso que vive dentro desse livro tem o pelo branquinho, branquinho. Ele não se suja mãe?

Sem dar tempo para a mãe processar a informacão, a criança sai com essa:
- Queria ser esse urso que não precisa tomar banho!

Esperta, a mãe sente que é o momento certo para comprar o livro.
O impresso, acompanhei ao vivo, fez a criança conhecer o ‘pelo`  da galinha e ter contato próximo com o urso polar. Apresente-me uma tecnologia que tenha esse poder?        

Já em outro estande, após escolher alguns títulos, escuto a conversa de uma senhora, creio eu, 50 e lá vai pedrinha de anos, falando ao celular:
- Comprei o livro Piratas do Caribe.

Silêncio para o outro lado da linha falar.
- Que filme nada. É um livro chamado Piratas do Caribe. É um livro, não DVD, dos Piratas do Caribe da América do Sul.

Confesso que eu parei de ler o prefácio, da minha futura aquisição, e prestei ainda mais atenção na conversa.
O outro lado da linha deve ter dito algo assim como: Piratas do Caribe da América Sul?

Devolve a senhora: - Sim, é um livro que tem na capa Evo Morales, Rafael Correa, Fidel Castro e Hugo Chavez. Seu nome é Piratas do Caribe – O eixo da esperança. Entendeu?
Tá bom, comprei o livro também. Por 10 reais.

São duas histórias que tive o prazer de acompanhar. Sinceramente fiquei contente. Enquanto o livro aliado aos recursos gráficos e acabamentos diferenciados toma porrada pela frente, vejo, ao mesmo tempo, pessoas, das mais diversas idades, interagindo com o papel.
E a Bienal comprova o poder da leitura. Opção é o que não falta. Lá, é possível conhecer o “pelo da galinha”, “explorar os novos piratas do caribe” e, de quebra, acompanhar via aplicativo - por meio de tablet ou smartphone – as novidades do evento.  

        

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