A Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf),
que representa mais de 20 mil empresas geradoras de 213 mil empregos diretos,
declarou apoio ao Projeto de Lei 7867/14, de autoria do deputado Vicentinho
(PT-SP). Aprovado no último dia 18 pela Comissão de Desenvolvimento Econômico,
Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, o PL 7867/14 determina que a
produção e a impressão de livros didáticos adquiridos por programas públicos e
de títulos beneficiados pela Lei Rouanet sejam feitas em território nacional.
“É uma exigência justa. Os recursos utilizados nessas aquisições vêm de
impostos e tributos pagos pelos brasileiros e é inteligente que permaneçam no
País, fomentando nossa economia”, afirma Levi Ceregato, presidente nacional da
Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).
“No ano passado, a balança comercial do segmento
editorial brasileiro fechou com déficit de US$ de 145,7 milhões FOB, que foram
gerar riqueza em outros países, especialmente os asiáticos, responsáveis por
72,3% das vendas de impressão de livros para o Brasil”, diz Levi. Em 2013, o
déficit havia sido ainda maior: US$ 149,6 milhões FOB. Este fato tem
contribuído de forma significativa para o aumento do desemprego no segmento
gráfico editorial brasileiro, que apresentou redução de 4,8% nos postos de
trabalho em 2014 em comparação com o ano anterior.
Os críticos do PL 7867/14 alegam que os livros didáticos
não ajudam a engrossar esses números, bastante negativos para o setor gráfico e
o País. Dizem que, como as licitações determinam prazos curtos, não dá tempo de
imprimir no exterior. “Nesse caso, por que questionar tanto uma proposta que
apenas referenda a prática já existente?”, questiona Ceregato. “Além disso,
estatisticamente, é impossível diferenciar os livros didáticos de outras
publicações importadas, pois todos podem ser enquadrados na mesma classificação
fiscal. Por isso, inclusive, a ABIGRAF já solicitou junto ao governo federal a
criação de uma posição específica para os didáticos no Detalhamento Brasileiro
de Nomenclatura. Isso dará maior transparência a essas importações”, defende o
presidente nacional da Abigraf.
Outra evidência a ser levada em conta é a
constatação, pelas gráficas nacionais, de reduções nas encomendas.
Para quem acredita que é apenas uma questão de livre
concorrência, Ceregato lembra que a indústria gráfica nacional possui
competência técnica e tecnológica comparável às melhores do mundo: “Também
nossos preços são competitivos, principalmente à medida que a nossa moeda se
desvaloriza e o câmbio se ajusta. Porém, há graves distorções a serem
corrigidas no tocante à concorrência desigual exercida pelos importados”. Um
exemplo é o recolhimento de 9,25% de PIS-Cofins pelas gráficas brasileiras nas
impressões de livros, enquanto o produto importado entra no País isento desse
tributo. Por fim, Levi lembra que outros países, como México – onde há um
programa de compra pública de livros didáticos ainda maior que o brasileiro –,
exige-se que toda impressão seja feita por gráficas locais.
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