Visões
herméticas jamais foram compatíveis com a evolução humana e as transformações
positivas da história, por mais que regimes totalitários, em distintas
ocasiões, tentassem impingi-las. Por isso, é constrangedor constatar que, em
plena afirmação do capitalismo democrático, ainda se difundam conceitos
equivocados. Exemplos da anacrônica prática são os falsos questionamentos sobre
o caráter sustentável da comunicação impressa.
Sempre
reagimos a essas falácias, não só no âmbito da indústria gráfica, como em ações
articuladas da cadeia produtiva, incluindo uma campanha nacional de valorização
de nosso produto e de uma sistemática cruzada na mídia jornalística, que sempre
nos abriu espaços para esclarecer o tema. Agora, nos engajamos no maior, mais
abrangente e forte movimento global disseminador de como a mídia gráfica é
atraente, prática e sustentável.
Refiro-me
à Two Sides, iniciativa inglesa já presente em quatro continentes, que valoriza
a comunicação gráfica e esclarece com sucesso a sua sustentabilidade. Depois de
numerosas gestões e cuidadosa preparação, o Brasil passa a integrar a campanha,
que dissemina informações comprovadas de que o impresso é protagonista de
ganhos econômicos, ambientais e sociais e que agrega muito valor à civilização.
Nosso engajamento oficial, em 7 de abril, em reunião do Comitê da Cadeia
Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem da FIESP (Copagrem), do qual somos os
coordenadores, é uma relevante conquista!
Sob
o testemunho de Martyn Eustace, diretor da Two Sides no Reino Unido, que fez
questão de comparecer ao lançamento no Brasil, nossa meta é atingir
integralmente a sociedade, sensibilizando os formadores de opinião, setor
público, clientes e fornecedores da indústria gráfica e toda a nossa cadeia
produtiva, área do ensino e os consumidores de informação e conteúdo.
Mostraremos o significado econômico de nosso setor e seu caráter sustentável. E
o faremos aliados a mais 42 importantes entidades da cadeia produtiva, dentre
elas a ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas) e a ANJ (Associação
Nacional de Jornais), estratégicas para a ampla difusão dos conteúdos da
campanha.
O
trabalho será realizado sem críticas a qualquer mídia, mas com uma visão
progressista e pluralista. Não devemos ver os novos meios como ameaça, mas como
oportunidade. Sempre haverá mercado para o impresso e o eletrônico. Cabe a cada
segmento aperfeiçoar-se, atender às necessidades específicas de seu público,
manter a qualidade e se mostrar insubstituível (Two Sides tem o mérito de
evidenciar isso!). Creio que a difusão do conhecimento e da informação não deva
prescindir de todas as alternativas, e quanto mais as pessoas forem cultas,
preparadas e conscientes, maior será a demanda de livros, jornais e revistas,
impressos e eletrônicos.
Assim,
é despropositado o vaticínio relativo à extinção do impresso e sua substituição
pelo eletrônico. A rigor, sequer há antagonismo entre ambos. São complementares
na missão civilizatória de democratizar o conhecimento, na qual se ancora a
mais concreta esperança de corrigirmos os problemas da sociedade globalizada e
viabilizar um futuro melhor. É preciso romper o paradigma do canibalismo de uma
mídia tecnologicamente revolucionária contra as anteriores. A história mostra
que não tem sido assim, pois nenhuma dessas profecias fatídicas concretizou-se.
Nos
dois lados da moeda da comunicação gráfica a sustentabilidade tem forte
presença, pois é economicamente viável e ambientalmente correta. E se ela cair
em pé, nos permitindo um olhar tridimensional, veremos com clareza que também
promove a distribuição de renda e a justiça social. Tudo isso ficará mais claro
para a opinião pública com o advento da exitosa campanha global em nosso país.
Bem-vinda, Two Sides!
*Presidente da Abigraf Nacional
(Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e do Sindigraf-SP (Sindicato das
Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo.
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