A alta carga tributária é um
atentado contra a economia, o mercado de trabalho, o crescimento do PIB e os
investimentos (só o Brasil, no mundo civilizado, pratica o terrorismo de taxar
o capital empreendedor). Por isso, os que trabalham — como sócios, gestores ou
funcionários, nas organizações de todos os setores em nosso país — são vítimas
do radicalismo dos impostos, reféns de um sistema que não oferece alternativas:
temos de pagar para manter vivos os negócios e recebemos quase nada em serviços
de qualidade na saúde, educação, segurança pública e outros itens de
responsabilidade do Estado.
Por tudo isso, é assustador
ouvir reiteradamente do novo ministro que os ajustes de impostos são
indispensáveis para recompor a poupança nacional. A questão é: não seria mais
adequado e eficaz aprofundar os cortes nas despesas públicas para chegar ao
equilíbrio fiscal sem onerar ainda mais uma sociedade que pagou 36% do PIB em
impostos no ano passado?
São louváveis as propostas
da nova equipe econômica quanto aos rumos da economia e à correção dos
problemas que, na gestão anterior da presidente Dilma Rousseff, abalaram a
confiança dos investidores, feriram a credibilidade do governo e provocaram
crescimento quase zero do PIB. O mais grave deles, sem dúvida, o desequilíbrio
fiscal, que exigiu prestidigitação contábil e uma inusitada manobra política no
Congresso para rubricar o déficit, fechando-se o ano com o melancólico anúncio
de que não houve superávit primário.
É intolerável que os ônus
relativos aos equívocos da gestão econômica acabem sempre recaindo sobre as
costas dos contribuintes. Em 2014, nosso povo recolheu mais de R$ 1,7 trilhão
em impostos e, conforme apurou estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT), tivemos de trabalhar 151 dias somente para pagar essa
dinheirama aos cofres da União, estados e municípios.
É preciso cautela para
equilibrar os ajustes nesse momento em que as empresas buscam um mínimo de
fôlego para se manter atuantes, preservar os empregos e fazer imenso esforço de
superação para evitar uma crise de proporções mais graves. A cadeia produtiva
do papel e da comunicação impressa, defensora da liberdade de imprensa,
enlutou-se e se fez Charlie, ante o inaceitável ataque terrorista à revista
satírica francesa; como participante do sistema produtivo, soma-se agora à
indignação de toda a sociedade brasileira frente a um modelo tributário que
conspira contra o investimento, o emprego e a qualidade da vida. Somos todos
contribuintes!
*Coordenador
do Comitê da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem (Copagrem) da Fiesp
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