Os
livros de papel estão virando o jogo na guerra contra os e-books
Contrariando expectativas do
mercado, as vendas de títulos impressos vendidas nas principais livrarias dos
EUA, Reino Unido e Austrália subiram em 2014, segundo reportagem publicada
neste sábado pelo “Financial Times”. Enquanto isso, o desempenho de publicações
eletrônicas tem desapontado quem apostou que dispositivos como o Kindle
substituiriam a mídia tradicional.
De acordo com o levantamento
Nielsen BookScan, citado pelo jornal britânico, o número de livros físicos
vendidos nos EUA subiu 2,4% no ano passado, alcançando 635 milhões. No Reino
Unido, o setor encolheu 1,3%, mas a queda representa uma melhor ante 2013,
quando as vendas recuaram 6,5%.
A rede de livrarias
britânica Waterstones foi uma das companhias que se beneficiou com a retomada
do setor no país. As vendas da empresa subiram 5% em dezembro, na comparação
com o mesmo mês do ano passado. Não graças aos livros para Kindle, diz o
diretor-executivo James Daunt, acrescentando que as vendas de títulos digitais
“desapareceram”.
“As coisas andam mal, mas já
alcançamos o fundo do poço do mercado”, disse Sam Husain, diretor-executivo da
rede de livrarias Foyles, que viu as vendas da empresa crescerem 8%, também
puxadas pelos livros impressos.
Preferência
entre jovens
De acordo com especialistas
ouvidos pelo “FT”, a tendência deve se manter nos próximos anos, já que a
melhora no mercado de livros físicos tem sido influenciada fortemente pelo
público mais jovem. As vendas de títulos de ficção para jovens adultos
cresceram 12% em 2014, mais que os títulos voltados para adultos. Os destaques
do segmento são títulos como a série “Crepúsculo” e o best-seller “A Culpa é
das Estrelas”.
“Jornais impressos são
resistentes entre aqueles que cresceram com jornais impressos.
Livros impressos
são resistentes entre todos as idades”, disse Paul Lee, analista da Deloitte,
que projeta que 80% das vendas de livros em 2015 serão de cópias físicas.
Pesquisa recente da Nielsen
indica que a maioria dos adolescentes entre 13 e 17 anos preferem os livros de
papel. O jornal não cita os percentuais do levantamento, mas a consultoria
destaca que o resultado do estudo pode estar relacionado à falta de cartões de
crédito entre os mais jovens. Mas também diz que a possibilidade de
compartilhar os títulos preferidos conta pontos: é mais fácil compartilhar e
emprestar livros impressos.
Apesar dos números melhores
que o esperado frente ao mercado de ebooks, o “FT”, controlado pela editora
Pearson, destaca que o setor ainda enfrenta desafios. Principalmente em relação
à concorrência com a Amazon, que domina o mercado de livros digitais.
No ano passado, a empresa de
Jeff Bezos e a editora francesa Hachette travaram uma longa batalha sobre o
patamar dos preços dos livros. Enquanto a Amazon queria manter preços baixos, a
editora queria elevar o valor dos títulos. Em novembro, as duas partes
anunciaram que entraram em um acordo, para que a editora determine os preços
dos livros.
“O setor enfrenta várias ameaças estruturais.
O domínio da Amazon significa que as negociações de preços continuarão a ser
fontes de tensão. A publicação independente continua a crescer, e as editoras
ainda estão esperando para ver se os modelos de assinatura – que transformaram
a indústria de música – vão funcionar entre leitores”, avalia a reportagem do
“FT”.
*Reproduzido
do Globo.com, 10/1/2015; título original “Vendas de livros impressos sobem,
enquanto digitais perdem popularidade, diz ‘FT’”
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