quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Demanda embalada


Fabricantes projetam impressoras para diferentes formatos de folha e espessuras. A habilidade em lidar com variados substratos também é diferencial de mercado   

Por Fábio Sabbag

Recentemente, a Associação Brasileira de Embalagem (Abre) trouxe o desempenho econômico da indústria de embalagem. Apresentado por Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o estudo mostrou que a produção física cresceu 2,66%, no primeiro semestre de 2013, ficando muito próxima da previsão realizada no início do ano, que era de crescimento de 2,5%.
No entanto, esse desempenho não foi uniforme ao longo dos seis primeiros meses do ano. No primeiro trimestre, o setor se expandiu a uma taxa de 4,8%, em relação ao mesmo período de 2012, porém nos três meses seguintes, o crescimento não foi além de 0,6%. Quadros explicou que esta desaceleração não significa que o setor deixará de crescer e sim que deve crescer em ritmo mais lento do que o apresentado no primeiro semestre, como mostra a trajetória dos bens de consumo semi e não duráveis, principais usuários de produtos de embalagem. Essa categoria passou de uma queda de 3,6%, no primeiro trimestre, para uma elevação de 2,5%, no segundo.
Esse fator contribui para que a expectativa para o segundo semestre seja de moderação no ritmo de crescimento da indústria de embalagem. O valor bruto da produção física de embalagem atingiu R$ 47,2 bilhões em 2012. A participação por setor neste faturamento é de 39,05% dos materiais plásticos, seguido pelo setor de celulósicos com 36,51%, somados os setores de papelão ondulado com 20,21%, cartolina e papel cartão com 10,31%, papel com 5,99%, e metálicos com 16,70%.
É perceptível o movimento de transformação que toma conta da vida da indústria gráfica. Tudo está em profunda transformação, dos números à demanda. Na opinião de Rui Raposo, gerente de produto HP Indigo & HP Inkjet da Alphaprint, seguramente a forma como a informação é partilhada hoje, por meio de inúmeros canais novos até então desconhecidos, será uma das principais causas que está condicionando e alterando a forma de consumo. “Sim, é verdade que para os segmentos promocional e editorial ele é bem mais visível no presente momento, mas também é verdade que muitos desses nossos clientes já estão se transformando. Cabe aos empresários, em conjunto com os seus fornecedores, aproveitarem essas mudanças para repensar o negócio e captar novos produtos e aplicações. Acredito que de uma forma muito particular, até diferente dos outros segmentos, esse fato também irá atingir o segmento de embalagens. Como mencionado muitas vezes pela minha avó e que hoje me parece cada vez mais atual, candeeiro que vai à frente ilumina duas vezes”, conta Raposo.

3D

O advento mais recente que diz respeito à impressão de embalagens foi a chegada da Cube, que é considerada a primeira impressora 3D voltada para o grande público vendida em uma loja de varejo no Brasil. Relativamente compacta, a Cube é feita em plástico, sendo operada por meio de uma pequena tela LCD sensível a toque.
Algo que parecia bem distante se torna presente e real. Agora é válido discutir se para a impressão profissional de embalagens este advento é benéfico. Raposo acredita que sim: “Em uma primeira fase será muito benéfico até porque a entrada de outras tecnologias seguramente cria novos produtos. E na sequência vai gerar a criação de novos tipos de embalagens. Veremos, em um futuro próximo, se esses produtos atingirão uma produção massiva ou customizada para que possam ser atendidos pelas embalagens especificas.”
Na opinião de Adair Zanatto Jr, gerente comercial da manroland, a impressora 3D é um equipamento capaz de produzir utensílios domésticos, objetos diversos e inclusive imprimir armas de fogo ou produzir praticamente todas as peças necessárias para fabricar uma cópia da própria impressora. “Com certeza pode ser usada para produzir algumas embalagens, porém não em larga escala até agora. O custo de produção comparado com o sistema offset plano é muito superior”, observa.
Thomas Escarião, gerente do segmento de embalagens e rótulos da HP do Brasil, diz que as impressoras 3D permitem aos profissionais e designers a produção de mock ups a preços competitivos e tempo adequado.


 Argemiro Quio Júnior, gerente de soluções planas da Heidelberg do Brasil:

“O gráfico pode montar a configuração ideal para o seu nicho de mercado, contando com máquinas de alto desempenho, com possibilidade de verniz em linha, impressão com tintas e vernizes UV, aplicação de película de lâmina fria (cold foil) e muitas outras aplicações de enobrecimento da embalagem.”Adicionar legenda
                            

Opções para a impressão

Argemiro Quio Júnior, gerente de soluções planas da Heidelberg do Brasil, diz que como provedor de soluções personalizadas, a companhia possui diferentes modelos para atender às necessidades específicas de cada mercado ou segmento. “Na impressão de embalagens, destacamos as impressoras offset modelos Speedmaster XL 75, CD 102, CX 102, XL 106, XL 145 e XL 162, que atendem diferentes necessidades de formato de folha e espessura, essenciais para o mercado de embalagens. Estas impressoras são indicadas para impressão de embalagens, por mostrar uma tecnologia de ponta e diferenciais de configuração. O gráfico pode montar a configuração ideal para o seu nicho de mercado, contando com máquinas de alto desempenho, com possibilidade de verniz em linha, impressão com tintas e vernizes UV, aplicação de película de lâmina fria (cold foil) e muitas outras aplicações de enobrecimento da embalagem”, completa.
A KBA compete com três equipamentos da família KBA Rapida: 105; 106 e 145. Todos os modelos são classificados pela flexibilidade de utilização da matéria-prima, onde podem trabalhar até 1,2mm (e opcional 1,6mm), exigindo menos da impressora e de suas partes mecânicas. “Vimos uma tendência de ampliação de formato que, em cada categoria de máquina, milímetros adicionais de impressão de papel fazem a diferença em colocar ou não uma sequência de embalagem na disposição dos cartuchos na folha, além de inúmeras possibilidades de configurações e desempenho”, diz Lincoln Lopes, gerente de vendas da KBA.
Por sua vez, a manroland indica a Roland 700HiPrint e a Roland 700 DirectDrive. “Na versão Roland 700 HiPrint, é possível configurá-la com reversão, secagem UV com baixo consumo de energia, pré-envernizamento, dupla torre de verniz na saída, sistema de laminação a frio (InlineFoiler), inspeção do impresso em linha, controle totalmente automático de cores. Já a versão Roland 700 DirectDrive oferece os mesmos opcionais, além da  troca de chapas simultânea à lavagem de rolaria, blanqueta e contra pressão. Na prática isso significa que nossos clientes têm um tempo de acerto inigualável”, garante Zanatto Jr.
A HP apresentou na Drupa e, recentemente, em Israel, dois equipamentos para impressão digital denominados de série 20000 e 30000. “São indicados para produção de cartuchos e embalagens flexíveis. A velocidade é compatível com a necessidade de mercado e já é possível integrar a impressão às linhas anteriores e posteriores, como laminação e acabamento com corte e vinco”, explica Escarião.

Peter Walczak, diretor de produtos para o mercado de embalagens da Goss International:
“Conversando com os proprietários de marcas e conversores é claro que há uma mudança geral neste mercado devido à redução das tiragens e entrega just in time, aumentando SKUs e campanhas de marketing direcionadas e focadas. Há na agenda do momento a sustentabilidade, onde um elemento importante é a eliminação de resíduos.”
Peter Walczak, diretor de produtos para o mercado de embalagens da Goss International, conta que a companhia apresentou, também na última Drupa, a linha de produtos Goss Sunday Vpak. “As impressoras Vpak têm trabalhado com uma ampla gama de substratos que vão desde 9 micron PET até a 400 g/m². Conversando com os proprietários de marcas e conversores é claro que há uma mudança geral neste mercado devido à redução das tiragens e entrega just in time, aumentando SKUs e campanhas de marketing direcionadas e focadas. Há na agenda do momento a sustentabilidade, onde um elemento importante é a eliminação de resíduos. O offset tem uma vantagem distinta sobre os processos mais tradicionais de rotogravura e flexo graças ao baixo custo da chapa de alumínio, que é uma fração dos custos associados à flexo e rotogravura. Isso permite que os conversores produzam economicamente em tiragens mais curtas e ofereçam a seus clientes redução e menores prazos de entrega”, explica.

Thomas Escarião, gerente do segmento de embalagens e rótulos da HP do Brasil:
“Quando falamos em impressão digital, falamos também em fazer impressão combinada, ou seja, podemos fazer impressão, re-inserção, em qualquer base pré-impressa em qualquer tipo de equipamento convencional.”


Conceito híbrido

Lopes frisa que a KBA acredita no conceito e por isso destina 5% do seu faturamento para pesquisa e desenvolvimento: “A KBA é a fabricante que mais investe e registra patente. Só para se ter uma ideia, no ano de 2012 a empresa foi classificada na 11ª posição no registro de marcas e patentes, ficando atrás de grandes companhias de outros setores. E o conceito híbrido nas impressoras se beneficia em suas configurações.”
O gerente de vendas da KBA aborda ainda as três opções de formatos e suas possibilidades em configurações em diversos tipos de acessórios, como processos simultâneos de lavagens de blanqueta e rolaria, trocas de chapas simultâneas, sistemas de controle de registro e cor in-line utilizando espaço de 13mm no cartão, incluindo margem de pinças, etc.
Quio Júnior diz que na área de embalagem o conceito híbrido é entendido como a capacidade do equipamento em imprimir com diferentes tipos de insumos para agregar valor ao produto final e, consequentemente, possibilitar a diferenciação. “Os exemplos são impressão com tintas convencionais e vernizes especiais, impressão em cartão metalizado, utilização de tintas UV, aplicação de coldfoil etc.”, detalha.
Escarião avisa que no caso das impressoras digitais da HP a integração é permitida. “Quando falamos em impressão digital, falamos também em fazer impressão combinada, ou seja, podemos fazer impressão, re-inserção, em qualquer base pré-impressa em qualquer tipo de equipamento convencional”, define o gerente do segmento de embalagens e rótulos da HP do Brasil.
A manroland oferece a Roland 700 com cabeçotes de impressão a jato de tinta. “Em uma única passagem da folha é possível imprimir o pré-impresso e os dados variáveis. Essa tecnologia se aplica aos mercados promocionais e de embalagem, principalmente”, diz Zanatto Jr.

Rui Raposo, gerente de produto HP Indigo & HP Inkjet da Alphaprint:
“Cabe aos empresários, em conjunto com os seus fornecedores, aproveitarem essas mudanças para repensar o negócio e captar novos produtos e aplicações.”

Raposo acredita que a sinergia é cada vez maior importante no que se refere à convivência das tecnologias. “A complementaridade é importante para que os provedores de embalagens possam fornecer o produto certo a cada cliente. Consideramos ainda as novas tecnologias de impressão e, consequentemente, o acabamento, que permitem o desenvolvimento de produtos diferenciados num menor espaço tempo. A HP Indigo apresentou ao mercado a plataforma de impressoras offset digitais no formato B2, que se divide nos produtos HP Indigo 10000, 20000 e 30000”, explica o gerente produto HP Indigo & HP Inkjet da Alphaprint.
Walczak diz que a tecnologia Sunday Vpak complementa os processos de impressão de flexografia e rotogravura. “É voltada para empresas que procuram uma tecnologia alternativa para satisfazer as demandas dos clientes por tiragens mais curtas, tempos de preparação reduzidos e que não são possíveis com outros processos. As impressoras Sunday Vpak são flexíveis e permitem aos usuários uma ampla gama de opções para a integração de flexografia, rotogravura e estações digitais ao longo da impressão offset, formando uma linha de produção híbrida. Portanto, as empresas podem se beneficiar das vantagens inerentes que estes processos possuem, especialmente para revestimentos, vernizes e outros acabamentos especiais”, explica.

Lincoln Lopes, gerente de vendas da KBA:
“Vimos uma tendência de ampliação de formato que, em cada categoria de máquina, milímetros adicionais de impressão de papel fazem a diferença em colocar ou não uma sequência de embalagem na disposição dos cartuchos na folha, além de inúmeras possibilidades de configurações e desempenho.”


Lançamentos

A KBA mostra novidades nos formatos 105 e 106. De acordo com Lopes, é a única fabricante que desenvolve os próprios secadores. “Isso nos dá um diferencial e melhor sinergia. No conceito UV, oferecemos três tecnologias de secagens em um cassete UV. As tecnologias UV convencional e HRUV já estão disponíveis e para um futuro próximo haverá LED-UV em qualquer formato. Como há algumas limitações de fornecimento de matéria-prima, o cliente que investe em máquinas híbridas convencional/UV poderá ter como ferramenta os benefícios de cada secagem”, avalia o gerente de vendas da KBA.
Ainda na seara da KBA, Lopes destaca o conceito de aplicação de películas metálicas em linha: “Nosso dispositivo permite aplicar o famoso cold stamping e casting cure em uma ou mais impressora. Sintetizando, este dispositivo será instalado sobre trilhos ao lado da impressora, e seu movimento paralelo permite que ele seja acoplado nas unidades de impressão, aplicando o cold stamping sobre a impressão da película metalizada ou na saída, sobre a unidade de verniz, aplicando o conceito casting- cure. Adicionalmente, se o cliente possuir uma impressora ao lado desta máquina, com extensores, é possível ser acoplado em uma segunda máquina.”
Na Drupa 2012 a Heidelberg apresentou a máquina Speedmaster XL 75 Anicolor. Informa a fabricante que a tecnologia Anicolor não necessita de zonas de tinta e rolaria de tinta tradicional. “A aplicação da tinta é feita por meio de um cilindro de anilox, possibilitando novos padrões de impressão e tempos de acerto extremamente curtos. O cliente tem a vantagem de reduzir a maculatura em até 90% e em contrapartida aumentar a produtividade do equipamento em até 50% se comparado com impressão offset tradicional”, garante Quio Júnior.
Na visão de Escarião, os grandes saltos são a melhoria da qualidade de impressão, a integração com etapas anteriores e com a linha de acabamento, “além da ampliação de gramaturas e novos substratos, como plásticos mais finos e papéis mais grossos”, avisa.
A manroland apresenta os sistemas de impressão híbridos, secagem UV com baixo consumo de energia, e hexacromia, que é a impressão com sete cores, eliminando a lavagem de máquina. “Oferecemos ao mercado equipamentos modernos e preparados para atingir as demandas e desafios do mercado gráfico de hoje e do futuro. Desenvolvemos tecnologias que buscam aumentar ao máximo a produtividade de nossos clientes, agregando valor ao impresso”, atribui Zanatto Jr.

Adair Zanatto Jr, gerente comercial da manroland:
“O mercado digital para embalagens ainda é um pouco restrito, hoje é possível produzir tiragens pequenas ou personalização através de um cabeçote de jato de tinta com secagem ultravioleta.”


Papo Rápido

GRAPHPRINT: As gráficas que miram o segmento de embalagem têm de investir em equipamentos digitais?

Alphaprint
“Como em outros segmentos, no nosso ponto de vista, no mercado de embalagens também será inevitável investimento em tecnologia digital, que complementará as tecnologias convencionais já estabelecidas e consagradas. Cumpre-nos constatar que esse fato já é realidade para o segmento de rótulos autoadesivos, no qual a HP Indigo possui uma participação significativa, com muitas instalações da família HP Indigo ws4600 e HP Indigo ws6600”, fala Raposo.

Goss
“Provavelmente não, mas tudo depende do que precisam. Digital em embalagem pode ser usado para a criação de protótipos a ‘micro-runs’. Para entender porque a impressão rotativa offset da Goss Sunday Vpak pode ser uma solução é interessante discutir uma das principais confusões no mercado: o termo pequenas tiragens. Ele tem significados diferentes para cada segmento de impressão. Porém seu significado foi distorcido desproporcionalmente por meio da associação generalizada à impressão digital. É bem mais interessante pensar em tiragens digitais como ‘micro-runs’. Atualmente, a porcentagem total de embalagens flexíveis impressas digitalmente é muito pequena. Mesmo com a revisão de crescimento de dois dígitos para embalagens flexíveis impressas digitalmente, isso não será suficiente para alterar o equilíbrio. Perder ‘micro-runs’ para o digital não é o que está exercendo pressão sobre as empresas com impressoras flexográficas e rotogravura. São as tiragens que são muito longas para digital, mas muito curtas para se obter alguma rentabilidade. Isso está causando o problema real. A impressão rotativa offset é, de longe, muito mais capaz do que a flexo para solucionar esse dilema”, opina o diretor de produtos para o mercado de embalagens da Goss International.

Heidelberg
“As gráficas do segmento de embalagem necessitam estudar seu portfólio de produtos e avaliar se têm de investir em equipamentos digitais. Com uma demanda por tiragens cada vez menores e itens personalizados, os equipamentos digitais podem complementar a lacuna e possibilitar um retorno financeiro interessante para determinados trabalhos. O grande volume do mercado de embalagens ainda é feito por outras tecnologias, mas os equipamentos digitais já estão ocupando seu espaço nesse segmento”, fala Quio Júnior.

HP
“Devem monitorar o seu mercado e acompanhar de perto o desenvolvimento da tecnologia para definir o momento correto de adquiri- la. Devemos salientar também que o mercado está cada vez mais reduzindo o volume de impressão e aumentando o número de SKUs, o que viabiliza grande crescimento de migração de trabalhos, médios e pequenos, para impressão digital”, aponta Escarião.

KBA
“Até hoje ninguém ofereceu uma solução completa com equipamentos digitais para imprimir embalagem. Sempre falta algum item importante para o cliente. Há limitações, como formato, cor pantone pura. Qualidade de impressão aceitável com custo operacional honesto não se tem visto. Entendemos que uma empresa de embalagem, quando inicia um estudo de investimento para esta tecnologia, pensa principalmente nas curtíssimas tiragens, promoções de vendas e marketing. Como solução para este estudo, voltamos ao desenvolvimento da máquina, incluindo acessórios para estas curtíssimas tiragens”, exemplifica Lopes.

manroland

“O mercado digital para embalagens ainda é um pouco restrito, hoje é possível produzir tiragens pequenas ou personalização através de um cabeçote de jato de tinta com secagem ultravioleta. Dessa forma, nossos clientes podem investir em um equipamento de impressão offset com um cabeçote de jato de tinta onde é possível fazer personalização da embalagem com texto ou código de barras”, diz Zanatto Jr.

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