terça-feira, 23 de julho de 2013

Prejuízos ambientais custam à Índia 6% de seu PIB, afirma Banco Mundial*

Novo relatório aponta como a economia e a população indianas sofrem com a degradação do meio ambiente, que age como um freio para o desenvolvimento do país

Em uma análise que com certeza deve encontrar paralelo em outras nações emergentes, como o Brasil, o Banco Mundial afirma que a poluição e outros problemas ambientais trazem à Índia custos de US$ 80 bilhões por ano, o que equivale a quase 6% de seu produto interno bruto (PIB).

O relatório sugere que a poluição atmosférica e a água contaminada são alguns dos maiores problemas de degradação ambiental que o país enfrenta. O estudo avalia o impacto dos danos ambientais na Índia, e indica que são responsáveis, inclusive, por um grande número de mortes entre as crianças indianas.

“Cerca de 23% da mortalidade infantil e 2,5% de todas as mortes de adultos no país podem ser atribuídas à degradação ambiental”, observou Muthukumara S. Mani, economista do Banco Mundial, no lançamento do relatório em Nova Déli.
Isso significa, por exemplo, que uma em cada 350 mil crianças abaixo dos cinco anos morre como resultado de más condições atmosféricas, água contaminada ou problemas semelhantes.

O documento também cita uma recente pesquisa feita em 132 países, que coloca a Índia em 126º lugar em desempenho ambiental, e em último lugar no quesito poluição do ar, devido a suas usinas a carvão, excesso de tráfego, indústria poluente e outros fatores.

Outras pesquisas mostram ainda que a Índia tem a pior poluição atmosférica do mundo, e detém 13 das 20 cidades mais poluídas entre as grandes economias. O desempenho é ainda pior do que o da China, que nos últimos meses tem apresentado níveis particularmente perigosos de poluição atmosférica.

“A Índia tem um desempenho economicamente notável, mas isso não se reflete em seus resultados ambientais. A Índia precisa colocar um valor em seus recursos naturais e serviços ecossistêmicos para um futuro ambientalmente sustentável. Precisamos nos focar em sustentabilidade ambiental e opções de crescimento mais verdes”, comentou Mani.

O relatório aponta também que reduzir as emissões de carbono é possível, e ainda por cima sem um impacto negativo no crescimento econômico. Por exemplo, um corte de 30% nas partículas PM10 (grandes partículas de poluição) diminuiria o PIB anual em 0,04%, mas economizaria um total de US$ 47 bilhões a US$ 105 bilhões em danos à saúde humana, reduzindo também as emissões de CO2 em 30% a 60%, mostra o estudo.

Atualmente, o país passa por enchentes devastadoras no estado de Uttarakhand, no norte do país. Ambientalistas culpam o desenvolvimento desregulado e o desmatamento na área pela catástrofe, que já matou cerca de seis mil pessoas. Acredita-se que o período de monções esteja potencializando as cheias.

“Como muitos outros países, o debate sobre o crescimento contra o meio ambiente também está ativo na Índia. Esse relatório sugere que há opções de baixo custo que diminuiriam significativamente os danos ambientais sem comprometer objetivos de crescimento de longo prazo”, afirmou Onno Ruhl, diretor do Banco Mundial na Índia, em uma declaração.


“Crescer agora e limpar depois realmente não funciona, não será ambientalmente sustentável para a Índia em longo prazo. Acreditamos que a redução das emissões e a eficiência de recursos na economia é possível a um custo muito baixo em termos de crescimento de PIB”, concluiu Mani.

Por Jéssica Lipinski  - Fonte: Instituto CarbonoBrasil

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