* Por Frederico Vilar
É fato que o mercado brasileiro é muito dinâmico e grande demandante de serviços de TI. Os dados mais recentes, divulgados pela Brasscom em estudo elaborado pela consultoria IDC, mostram que o mercado como um todo cresceu 11,3% em 2011 e movimentou US$ 103 bilhões. O mesmo patamar de dois dígitos foi alcançado pelas áreas de software (US$ 6,2 bilhões) e serviços (US$ 14,7 bilhões).
Os gastos totais das empresas com TI (incluindo hardware, software e serviços) totalizaram US$ 42 bilhões, o que correspondeu a uma elevação de 17% no ano. Esse montante, em parte, é resultado do maciço investimento empregado pelas multinacionais, que tradicionalmente destinam uma parte considerável de seu budget para a manutenção de seu parque de aplicações e para a adoção ou experimentação de novas tecnologias. Mas observamos também um fenômeno interessante no Brasil, o movimento de médias e grandes empresas familiares, em geral com receita acima dos US$ 500 milhões, que agora começam a investir fortemente em tecnologia e processos de gestão.
Essas empresas, que na maior parte das vezes ainda têm o dono à frente do negócio, tiraram proveito das inúmeras oportunidades geradas pelo crescimento econômico brasileiro nos últimos dez anos e das dificuldades enfrentadas por potências globais frente às diversas crises financeiras ocorridas nesse período. Essas companhias prosperaram, começaram a exportar, abriram mercados e, agora, partem para uma nova etapa de suas vidas.
Nesse aspecto, a TI torna-se fundamental para ajudar essas organizações a construírem um projeto de governança, com processos bem estruturados, controle e planejamento financeiro, integrado a um sistema de gestão eficaz, políticas claras de segurança e compliance. Ou seja, é necessário evoluir para alçar voos ainda maiores, seja abrir capital, internacionalizar as operações, receber aportes de fundos de investimentos ou mesmo se fundir com grandes grupos internacionais.
Organizações com este perfil não precisam de um fornecedor de TI, mas sim de um parceiro estratégico que entenda as regras de negócio da indústria na qual ele está inserido, que possa efetivamente prestar uma consultoria sobre o melhor caminho a seguir, os prós e contras de cada tecnologia, tempo e esforços necessários para obtenção do ROI etc. Antes de tudo é preciso entender a cultura da empresa, seus processos, sua rotina e, claro, seus problemas.
A TI não pode ser vista como commodity, mas sim como um aliado importante do CEO. Isso mesmo, cada vez mais não apenas o CIO, mas todo o corpo diretivo das organizações está diretamente envolvido com os projetos de TI pelo simples fato do impacto (positivo ou negativo) que eles podem causar na atividade principal da organização. O conhecimento técnico e a capilaridade são relevantes, mas devem estar associados à presença física e ao conhecimento do mercado local.
As recentes reduções na taxa básica de juros e a desvalorização do real vêm criando condições mais vantajosas para que as empresas expandam seus negócios no Brasil. Os financiamentos estão mais baratos e isso aumentou a confiança das instituições para investir. Na outra ponta, o consumidor tem acesso a crédito com juros menores, estímulos pela redução de impostos para determinados setores e grande oferta de empregos. O Brasil, a exemplo de outras nações emergentes, está no radar dos principais investidores globais e a profissionalização da gestão é um passo inerente para quem não quer ser apenas “mais um” na multidão. Devemos estar preparados para atender esse contingente de empresas que, assim com o Brasil, avançam para um novo patamar de crescimento.
* Frederico Vilar é presidente da Neoris Brasil
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