Encontro
em Pequim promete medidas para lidar com a poluição do ar e com o tráfico
ilegal de animais; também devem ser apresentados incentivos para a formação de
um mercado de carbono na China
O
governo chinês tem surpreendido a muitos com suas recentes ações para minimizar
o impacto do seu crescimento econômico no meio ambiente e no clima
mundial. Nos últimos dois meses, foram
diversas medidas internas e de cooperação internacional para reduzir a poluição
do ar, melhorar a gestão de resíduos e cortar as emissões de gases do efeito
estufa.
Por
exemplo, no começo de junho, o país firmou com os Estados Unidos uma parceria
para trabalhar em conjunto nas áreas de captura e armazenamento de carbono,
redes elétricas inteligentes, corte da liberação de poluentes no transporte,
eficiência energética e monitoramento de gases do efeito estufa.
Agora,
nesta sexta-feira (19), os chineses sentaram para negociar com a União Europeia
novos acordos ambientais e climáticos.
Janez
Potočnik, comissário para o Meio Ambiente da UE, está em Pequim com uma
comitiva que reúne 50 empresários e representantes de associações comerciais
europeias para um encontro com Zhou Shengxian, ministro de Proteção Ambiental
da China, e com companhias estatais e privadas chinesas.
“Estamos
focados em três áreas: poluição com metais pesados, poluição da água e do ar e
tratamento de resíduos. Mas não viemos até Pequim para fazermos apenas
discursos, a expectativa é anunciar medidas concretas”, disse Potočnik.
Espera-se
que sejam apresentados novos padrões às indústrias chinesas, para que fiquem
mais próximas do que as suas concorrentes europeias são obrigadas a cumprir no
que diz respeito à liberação de poluentes, gases do efeito estufa e tratamento
de resíduos.
Limitar
os impactos industriais no meio ambiente virou uma das principais bandeiras do
atual presidente chinês, Xi Jinping. Protestos populares cobrando melhor
qualidade do ar, por exemplo, são comuns em praticamente todas as grandes
cidades, já que em 2013 foram registrados mais dias com ar impróprio para a
saúde humana do que dias com boa qualidade.
Uma
pesquisa recente, realizada por cientistas chineses, norte-americanos e
israelenses, indicou que toda essa poluição, que está relacionada à queima de
carvão, pode encurtar a vida de 500 milhões de chineses em cerca de 5,5 anos.
Mercado de carbono
O
encontro também deve resultar em algum tipo de ajuda para que a China adote
mais rapidamente um mercado de permissões de emissão de gases do efeito estufa
no modelo do Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS).
A
China lançou no mês passado o primeiro de sete esquemas piloto de comércio de
carbono, e está preparando um limite nacional para as emissões para 2016. O
mercado começaria a ser implementado a partir de 2015.
No
ano passado, a UE já havia criado um fundo de €25 milhões para financiar
iniciativas climáticas e ambientais na China, incluindo €5 milhões para apoio
técnico.
“Queremos
aumentar nossa cooperação nesse sentido. Sem a China será muito difícil, na
realidade praticamente impossível, adotar um acordo climático até 2015. Assim,
ajudá-los é um interesse europeu”, afirmou Isaac Valero-Ladrón, porta-voz da
Comissão Europeia.
*Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
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