Novo relatório aponta como a economia e
a população indianas sofrem com a degradação do meio ambiente, que age como um
freio para o desenvolvimento do país
Em
uma análise que com certeza deve encontrar paralelo em outras nações
emergentes, como o Brasil, o Banco Mundial afirma que a poluição e outros
problemas ambientais trazem à Índia custos de US$ 80 bilhões por ano, o que
equivale a quase 6% de seu produto interno bruto (PIB).
O
relatório sugere que a poluição atmosférica e a água contaminada são alguns dos
maiores problemas de degradação ambiental que o país enfrenta. O estudo avalia
o impacto dos danos ambientais na Índia, e indica que são responsáveis,
inclusive, por um grande número de mortes entre as crianças indianas.
“Cerca
de 23% da mortalidade infantil e 2,5% de todas as mortes de adultos no país
podem ser atribuídas à degradação ambiental”, observou Muthukumara S. Mani,
economista do Banco Mundial, no lançamento do relatório em Nova Déli.
Isso
significa, por exemplo, que uma em cada 350 mil crianças abaixo dos cinco anos
morre como resultado de más condições atmosféricas, água contaminada ou
problemas semelhantes.
O
documento também cita uma recente pesquisa feita em 132 países, que coloca a Índia
em 126º lugar em desempenho ambiental, e em último lugar no quesito poluição do
ar, devido a suas usinas a carvão, excesso de tráfego, indústria poluente e
outros fatores.
Outras
pesquisas mostram ainda que a Índia tem a pior poluição atmosférica do mundo, e
detém 13 das 20 cidades mais poluídas entre as grandes economias. O desempenho
é ainda pior do que o da China, que nos últimos meses tem apresentado níveis
particularmente perigosos de poluição atmosférica.
“A
Índia tem um desempenho economicamente notável, mas isso não se reflete em seus
resultados ambientais. A Índia precisa colocar um valor em seus recursos
naturais e serviços ecossistêmicos para um futuro ambientalmente sustentável.
Precisamos nos focar em sustentabilidade ambiental e opções de crescimento mais
verdes”, comentou Mani.
O
relatório aponta também que reduzir as emissões de carbono é possível, e ainda
por cima sem um impacto negativo no crescimento econômico. Por exemplo, um
corte de 30% nas partículas PM10 (grandes partículas de poluição) diminuiria o
PIB anual em 0,04%, mas economizaria um total de US$ 47 bilhões a US$ 105
bilhões em danos à saúde humana, reduzindo também as emissões de CO2 em 30% a
60%, mostra o estudo.
Atualmente,
o país passa por enchentes devastadoras no estado de Uttarakhand, no norte do
país. Ambientalistas culpam o desenvolvimento desregulado e o desmatamento na
área pela catástrofe, que já matou cerca de seis mil pessoas. Acredita-se que o
período de monções esteja potencializando as cheias.
“Como
muitos outros países, o debate sobre o crescimento contra o meio ambiente
também está ativo na Índia. Esse relatório sugere que há opções de baixo custo
que diminuiriam significativamente os danos ambientais sem comprometer
objetivos de crescimento de longo prazo”, afirmou Onno Ruhl, diretor do Banco
Mundial na Índia, em uma declaração.
“Crescer
agora e limpar depois realmente não funciona, não será ambientalmente
sustentável para a Índia em longo prazo. Acreditamos que a redução das emissões
e a eficiência de recursos na economia é possível a um custo muito baixo em
termos de crescimento de PIB”, concluiu Mani.
Por Jéssica Lipinski - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
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