Façamos
então, em paralelo ao atual momento do setor, lembranças de alguns itens que acabariam
com o andar da carruagem. Dizia-se que os relógios seriam substituídos pelo
celular, uma vez que os aparelhos telefônicos conseguem mostrar data e hora em
qualquer lugar do mundo. A indústria relojoeira acabou? Não! Continua tendo seus
produtos como verdadeiros objetos de desejo.
Ao
apresentar o email, muitos especialistas decretaram o fim da comunicação
fundamentada na carta. Pura inverdade. Será que nos tempos de smartphones a
mala direta ainda é eficiente? A agência Master Roma Waiteman recebeu a missão
de provar o impacto da Mala Direta Postal dos Correios e, para isso,
desenvolveu uma ação em um condomínio de 400 apartamentos. Os moradores do
prédio receberam uma mala direta pedindo que abrissem suas janelas e piscassem
as luzes em um determinado horário. Quem cumprisse a missão receberia uma
surpresa. No dia marcado, mesmo sem saber de quem era o recado, os condôminos
atenderam ao pedido. Assista a surpresa em http://www.youtube.com/watch?v=CcFsUlNHd80.
O
índice de assinantes de jornais está agonizante, com indícios de final dos
tempos? Discordo, frontalmente. Por meio de uma nova campanha publicitária, o
Estado de S. Paulo reforça o slogan “Quer saber mais? Assine o Estadão”,
apresentando suas opções de assinaturas do seu conteúdo impresso e digital. O
comercial, assinado pela WMcCann, mostra um casal que, ao ser abordado na rua
por um mágico, vê seu exemplar do Estadão sumir após o ilusionista fazer o
truque e transformá-lo em uma pomba.
Na
sequência, dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) referentes ao mês
de maio mostram que o Estadão é o quarto jornal do País em termos de
circulação, com uma média diária de 247.942 exemplares, atrás do Super Notícia
(de Minas Gerais), da Folha de S.Paulo e do jornal O Globo.
Caso
a leitura de jornais estivesse com os dias contados, como uma empresa usaria a
mídia de maior valor para veiculação (TV) para “fisgar clientes/leitores”? É
uma conta que não fecha, concorda?
Recentemente,
foi criado um aplicativo que procura o táxi mais próximo para atender a
corrida. Isso significa dizer que o famoso sinal feito com a mão não vai
funcionar mais no Brasil? Pode até ser, mas vai demorar certo tempo, creio. Outro
indicador, nesse aspecto, é referente à facilidade de crédito. Por isso, os brasileiros
batem recordes de compra de carro novo há vários anos. Logo, não haverá mais
táxis?
Então,
me aponte os motivos para acreditar em opiniões negativas em relação ao negócio
de impressão. Sendo assim, não posso deixar de pegar carona nas opiniões do
entrevistado desta edição, Rodrigo Abreu, sócio e presidente da AlphaGraphics:
“Em primeiro lugar passamos a entender que o papel, de uma forma bem objetiva,
não se comunica sozinho mais. A mensagem para o cliente é que o papel passa a
ter, hoje, 100% de obrigação de se conectar com todas as mídias.”
Abreu
observa que, no mercado de revistas, há uma avalanche de publicações que
nasceram no digital e querem se tornar mídia impressa. “Aqui, a impressão sob
demanda é o caminho. Damos às revistas a possibilidade de customização de
capas, e a publicação, por exemplo, regional de anúncios. Enquanto muitos
discutem a diminuição da publicação das revistas, tentamos trazê-las para o
mercado de impressão.”
Vai
me dizer que nunca ouviu falar na morte da mídia impressa, principalmente do
nicho revistas? Enquanto alguns decretam o fim, outros olham alternativas
saudáveis para um novo tempo.
Um
estudo global aponta que, a partir de 2014, o Brasil deve puxar o mercado
publicitário para cima. A estimativa de crescimento do mercado nacional é de
8,5% para 2014, o dobro do esperado para este ano. Já para o mundo, a média
projetada é de alta de 5,1%. Estudo da Abigraf mostra que no 3º trimestre de
2013 o segmento de impressos comerciais apresentou recuperação de 4,6% em relação
ao segundo trimestre; já o segmento de embalagens impressas apresentou
crescimento de 0,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo.
Com essas
e outras, fechamos o ano de 2013. Cá entre nós, não foi fácil para ninguém. Por
outro lado, sentimos uma arrancada em relação aos investimentos em
equipamentos. Fato comum é que todos esperam um ano de 2014 animador. Grandes
eventos impulsionarão a economia e as indústrias. Consequentemente, a impressão
acompanhará tudo isso e mais um pouco.
Busco
alguns outros argumentos que sirvam de paralelo ao momento do setor gráfico. Ao
retomar assuntos como a invenção da escrita é impossível não se lembrar dos Diálogos
de Platão, mais especificamente ao Fedro. Em uma das passagens do diálogo,
descrita pelo filósofo, Sócrates narra ao discípulo a visita de Theuth, o deus
das invenções, a Thamus, rei do Egito. Dentre suas numerosas invenções, das
quais expõe as vantagens ao rei, que as vai aprovando ou não, Theuth fala sobre
a escrita, para ele uma receita segura para a memória e a sabedoria dos
egípcios. O faraó posiciona-se contrário à invenção argumentando:
"Theuth,
meu exemplo de inventor, o descobridor de uma arte não é o melhor juiz para
avaliar o bem ou o dano que ela causará naqueles que a pratiquem. Portanto,
você, que é pai da escrita, por afeição ao seu rebento, atribui-lhe o oposto de
sua verdadeira função. Aqueles que a adquirem vão parar de exercitar a memória
e se tornarão esquecidos; confiarão na escrita para trazer coisas à sua
lembrança por sinais externos, em vez de fazê-lo por meio de seus recursos
internos. O que você descobriu é a receita para a recordação, não para a
memória ..."
É
assim, assado, cozido e frito. Afinal, depois que os bancos inventaram os
cartões de crédito e débito, o dinheiro acabou?
Saudações
GRAPHPRINTENSES!
Fábio
Sabbag
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