Executivo da New York Times Company mostra como os paywalls se tornaram viáveis
Na abertura do 9º Congresso Brasileiro de Jornais (CBJ), em São Paulo, o gerente geral do Departamento de Serviço de Notícias do “The New York Times”, Michael Greenspon, apresentou as estratégias que levaram uma das maiores empresas jornalísticas do mundo a uma bem-sucedida experiência de monetização de conteúdos no ambiente digital.
O sistema implementado pelo “Times” no digital, diferentemente dos sistemas adotados pelo inglês “The Guardian” (baseado em open journalism) e pelo “Washington Post” (baseado em crowdsourcing) – dois sistemas também inspiradores, hoje, para o setor jornal – , fundamenta-se em assinaturas digitais (paywalls) em plataformas diversas, conforme as necessidades dos assinantes.
“O modelo do Times, até o momento, é o mais elaborado, e seu sucesso alterou a relação percentual entre publicidade e circulação, com aumento significativo para este último”, disse Silvio Genesini, diretor presidente do Grupo Estado e proprietário da Agência Estado. “Pela primeira vez estamos experimentando a multiplicação dos pães”, brincou Genesini.
Michael Greenspon acredita que o jornalismo pode ser majoritariamente pago por audiências que valoriza uma “elevada qualidade de conteúdos”. “O primeiro passo foi reestruturar o negócio, reduzindo custos, preservando, porém, a redação central”, diz Greenspon. “Por meio de pesquisas concluímos que a qualidade do conteúdo jornalístico interessa aos ‘cidadãos do mundo’ e, mais que isso, é um grande negócio.”
As pesquisas indicaram que cerca de 40% da audiência do digital estava disposta a pagar por conteúdo online. “Hoje, 75% dos nossos assinantes no impresso usam (e pagam) pelo digital também”, revelou Greenspon. Isso ocorreu em um intervalo de tempo relativamente curto. Em 2009, quando surgiu o iPad, o “Times” se concentrava apenas na Web. “Ficou evidente a disparidade entre o potencial dos tablets e o potencial dos smartphones, e apostamos nessa diferença.”
O “Times”, então, passou de “jornal tradicional em papel que também publicava no online” para “serviço de notícias e notícias sindicadas” com atuação em múltiplas plataformas e atento ao público majoritariamente jovem dos usuários de redes sociais. Greenspon diz que ainda não sabe ao certo como monetizar a relação entre as empresas jornalísticas do Grupo e as redes sociais.
“Por enquanto, acredito que entre os usuários dessas redes sociais há muitos potenciais futuros assinantes do ‘Times’.” No Brasil, hoje, apenas “Folha” e “Zero Hora” têm sistema de paywall.
A presidente da ANJ, Judith Brito, abriu o 9º Congresso Brasileiro de Jornais no dia 20 de agosto, afirmando que o importante, no momento, é “pensarmos em novos modelos de negócio, assim, no plural. Não um modelo único ou ideal”. O evento ocorre no World Trade Center, em São Paulo.
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