A notícia de que quase a metade dos brasileiros nunca teve acesso à leitura é vista com preocupação pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e segundo ela, é o que motiva o governo a intensificar os trabalhos e campanhas de incentivo à leitura. Ana explicou hoje (9), depois de participar da abertura da 22ª Bienal do Livro em São Paulo, que esta é a realidade em locais mais distantes das grandes cidade ou nas periferias, por isso estão sendo levados a essas áreas projetos que visam a estimular a leitura.
“No Plano Nacional do Livro e Leitura investimos este ano R$ 373 milhões na criação de bibliotecas, no circuito de feiras de livros, campanhas, na compra de acervo para doar para bibliotecas, procurando dar um atrativo a mais com bibliotecas modernas e interativas. Queremos que a garotada não se sinta inibida de entrar [nas bibliotecas]. Estará entrando em um espaço moderno, gostoso”, disse a ministra.
Ana explicou que a ideia é estimular a leitura não só do livro didático e da matéria da escola, mas criar o hábito de ler todos os tipos de literatura e aprender a viajar com as letras. “Essa leitura é uma extensão do trabalho da educação”. Ela citou um dos programas do governo que visa a levar a leitura a áreas onde a ler não é um hábito familiar e explicou que agentes de leitura atuam em localidades de todo o Brasil para mudar essa realidade.
“Eles [os agentes de leitura] ganham um kit com bicicleta, livros e mochila e vão às comunidades no Brasil afora visitando as casas, emprestam livros e voltam depois de 20 dias. Aí juntam a vizinhança para discutir o que foi lido. Estamos levando isso para as escolas rurais também, para trabalhar o livro pelo prazer do livro, para sair do leitor funcional que lê e não absorve o que leu”, disse.
A presidente da Câmara Brasileira do Livro, Karine Pansa, disse que o fato de só metade da população ter acesso a livros transforma o mercado editorial brasileiro em algo com extremo potencial de crescimento. Em 2011, o mercado cresceu 9,8% na produção e venda de livros, registrando quedas consecutivas no preço dos exemplares de 2004 a 2011, chegando a 45%. “De acordo com uma pesquisa que temos, quanto maior a renda, maior o consumo de bens culturais, incluindo o livro”.
Para Karine, quanto mais letrado e institucionalizado o conhecimento, maior vai ser o consumo de livros e, assim, o preço será adequado à classe social do cidadão. Karine diz que o povo brasileiro ainda tem possibilidade de aumentar o hábito de leitura. “Ainda há 98 milhões de habitantes no país que não leem. Os programas do governo são muito bem-vindos, mas não são suficientes para estimular a leitura. Precisamos nos unir com a iniciativa privada e com a sociedade civil para que seja um conjunto de ações que fará o hábito da leitura ser melhorado”.
Karine reforçou a importância do papel do professor no estímulo à leitura para crianças e adolescentes que não estão acostumados a ver os pais lendo. “Se o aluno tem um professor leitor, ele vai estimular os estudantes até que eles descubram um gênero que gostam de ler e possam se tornar leitores. Os pais e o professor têm papel fundamental nisso”, disse.
Edição: Fábio Massalli
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