Por Lairton Leonardi*
O setor de celulose e papel nacional é considerado forte e extremamente bem planejado. No Brasil toda a produção é proveniente de florestas plantadas de eucalipto e pinus. As árvores são cultivadas com insumos de alta qualidade e por meio de técnicas de manejo sustentável, depois colhidas para uso industrial e novamente plantadas, perpetuando assim o ciclo florestal do setor.
A manutenção desse ciclo é fundamental para a preservação do meio ambiente, pois dessas árvores plantadas são retiradas a matéria-prima que oferecerá à sociedade celulose, papel, lenha, biomassa e outros energéticos em larga escala, de forma renovável.
Não à toa o Brasil é líder mundial na fabricação de celulose fibra curta de eucalipto, com produtividade maior e mais competitiva (barata), muito em função da organização no cultivo, que permite o crescimento das árvores em (seis a) sete anos, um tempo bem mais curto se comparado a outros produtores internacionais, que convivem com ciclos longos de corte e, por isso, necessitam arcar com gastos de importação de madeira.
A competitividade brasileira ainda se observa nos processos produtivos adotados nos últimos anos, nos quais o consumo de água e de energia é sustentável, e geram autossuficiência energética e investimentos em reutilização da água através de tratamento de efluentes.
Embora caminhe consolidado, cabe ao setor abstrair as questões momentâneas de mercado para pensar e discutir novas visões e formas de se fazer celulose e papel, no horizonte dos próximos 20 anos, o correspondente a três ciclos florestais de celulose.
Neste contexto, as questões ambientais estarão mais fortes e, por isso, é fundamental estimular a criatividade e a inovação no setor, em busca da produtividade e competitividade cada vez maior, por meio de processos e produtos, realizados de forma efetiva – alinhando a eficiência à eficácia, e que contribuam com a sustentabilidade, incluindo a econômica e a social.
Essa tendência, de ser criativo e inovador para pensar no negócio como um todo, é observada atualmente em muitos dos principais fabricantes de celulose e papel, porém pode-se considerar uma discussão ainda inicial, apesar de promissora. Inclusive já são realidade os estudos para a busca de melhoria dos processos, de performance e de melhor utilização dos recursos florestais, da água e da energia, primordiais ao setor, com menor agressão possível ao meio ambiente.
Algumas pesquisas em desenvolvimento no Brasil e em outros países demonstram o quão importante é aproveitar outros subprodutos extraídos da própria floresta, além da fibra de celulose, capazes de incrementar a produção de papel, fazendo surgir, por exemplo, embalagens mais leves e resistentes, dentro de um processo permanentemente sustentável.
Essas discussões já estão na pauta de todos aqueles que compõem a cadeia de celulose e papel. Entretanto, é necessário ultrapassar a escala piloto (laboratorial) para implementar essas novas ideias em escala industrial, beneficiando assim o setor como um todo.
*Leonardi é presidente da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP).
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