Algumas
têm mais funcionários que usuários; 'Há mês que não vem ninguém', diz
bibliotecária
Existem
centenas de bibliotecas em São Paulo, de instituições públicas e privadas, cujo
acesso é livre. Entretanto, muitas delas são praticamente desconhecidas da
população - e permanecem quase vazias na maior parte do tempo.
É o
caso da que funciona na Assembleia Legislativa, na frente do Parque do
Ibirapuera. São 14 mil livros que ficam à disposição tanto dos funcionários e
deputados quando da população em geral - o espaço funciona de segunda a sexta,
das 9h às 20h. "Mas muito pouca gente vem", comenta a bibliotecária
responsável, Patricia Ide.
Ela
e outros nove funcionários trabalham ali. Mais do que os oito visitantes por
dia que o local costuma receber, em média. "E a maioria dos visitantes vem
para ler o jornal do dia", diz Patricia.
Outro
exemplo de pouca frequência é a biblioteca mantida pela Academia Paulista de
Letras, instituição fundada há 104 anos no centro de São Paulo. Tem um acervo
riquíssimo. São cerca de 80 mil títulos, muitos deles em raras primeiras
edições dos séculos 17 e 18 - o foco é a literatura brasileira.
"Na
média, devemos receber umas oito pessoas por mês. Mas tem mês que chega a vir
um por dia. Tem mês que não vem ninguém", comenta uma das duas
funcionárias, a bibliotecária Maria Luiza Pereira de Souza Lima. A biblioteca
fica no terceiro andar do prédio da Academia e funciona de segunda a sexta, das
9h às 12h e das 13h às 17h - exceto às quintas, quando só abre pela manhã.
"Os
que nos procuram, em geral, são pesquisadores, acadêmicos que estão fazendo
tese de mestrado ou doutorado, por exemplo", explica Maria Luiza. O acervo
foi montado, ao longo das décadas, com base em doações - em geral, dos próprios
membros da Academia. "Já é uma tradição não termos verba para adquirir
novos livros", comenta a funcionária. Os móveis do ambiente, feitos pelo
antigo Liceu de Artes e Ofícios, dão uma aura clássica ao espaço.
Prato
cheio para quem gosta de pesquisar em livros de História, a biblioteca do
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo funciona de segunda a quinta, das
12h às 17h. Ali há 4,8 mil livros, principalmente sobre a Revolução
Constitucionalista de 1932. "Mas também sobre outras revoluções e sobre a
História do Brasil e de São Paulo", apresenta a bibliotecária Ivone
Cavalcanti Maciel.
Ivone
afirma que são cerca de 150 visitantes por mês. "Entretanto, há um público
sazonal, que surge todos os anos nas proximidades do feriado de 9 Julho, data
em que se comemora a Revolução de 1932", explica a bibliotecária.
Acessível.
Muito provavelmente pela localização, a biblioteca que funciona na Câmara
Municipal não tem público tão pequeno. Diariamente, são cerca de 50 os que
consultam o acervo da casa, formado por 22 mil títulos, das mais variadas áreas
- neste mês, 14 títulos foram incorporados às estantes, entre eles o livro 28
Contos, de John Cheever, Afinado
Desconcerto, de Florbela Espanca e 125 Contos,
de Guy de Maupassant. A biblioteca funciona de segunda a sexta, das 10h às
18h30.
"Estamos
no meio de um processo que, acreditamos, culminará com um aumento do número de
visitantes", explica o secretário de Documentação da Câmara Municipal,
Angelo Caio
Monteiro da Cruz, cuja pasta é responsável pela biblioteca.
"Na reforma do térreo está prevista a mudança da biblioteca para lá.
Acredito que ali ficaremos mais acessíveis. Nosso público deve dobrar."
Municipais.
Mais conhecidas pela população, há 56 bibliotecas públicas municipais
espalhadas pelos bairros da capital. Elas recebem 85 mil pessoas por mês -
gente interessada em mais de 4 milhões de livros dos acervos de toda a rede.
De
todas as unidades, a que recebe menor público mensal é a Chácara do Castelo, no
Jardim da Glória, com média de 401 visitantes por mês. Seguida de perto pela
que fica no bairro do Limão, a Menotti Del Picchia, com uma média mensal de 456
visitantes.
Na
outra ponta, as recordistas de público são a Mário de Andrade, por onde passam
mais de 32 mil pessoas por mês, e a biblioteca do Centro Cultural São Paulo,
com 24 mil usuários por mês.
*Fonte: Edison Veiga - O Estado de S.Paulo
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