Os
desafios do setor de celulose e papel para consolidar inovações e ecoeficiência
em suas empresas permearam as discussões da Sessão Técnica Florestal, inédita
no 46º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel da Associação
Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), que está aconteceu de 8 a 10 de
outubro no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Segundo
o presidente do 46º Congresso da ABTCP, Celso Foelkel, que abriu a sessão, o
setor nacional passa por um momento de transição em suas tecnologias e no uso
de sua base florestal, com o advento das biorrefinarias, que trouxeram ao
mercado uma plataforma de multi-negócios, por conta dos subprodutos ou insumos
de produção oferecidos pela floresta, além da celulose e do papel.
“Essa
transição pela qual estamos passando está demandando diferentes posturas dos
agentes que atuam com celulose e papel, objetivando a consolidação da inovação
e da ecoeficiência, tendo como base a biorrefinaria e seus subprodutos. Essa
postura precisa estar voltada a uma maior integração de empresas com institutos
e universidades, mais estratégias e noções de dimensão de negócios e mercados,
pois estamos entrando em um ciclo que vai bem além da produção de celulose e
papel”, observa Foelkel.
Neste
sentido, uma política voltada à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D) é
fundamental, em prol da geração contínua de conhecimentos, na opinião do
professor Ruy de Quadros Carvalho, do Departamento de Política Científica e
Tecnológica da UNICAMP, e um dos congressistas da sessão florestal. Para ele, é
de extrema relevância o setor elevar os investimentos em P&D, focados em
novos produtos biotecnológicos, a partir do reaproveitamento de fibras e
resíduos.
“Sem
qualquer prejuízo à competitividade do setor nacional, e considerando os
avanços já conquistados em termos florestais pela indústria brasileira de
celulose e papel, é primordial o aprofundamento das discussões sobre novas
tecnologias e estratégias inovadoras, por meio do crescimento dos investimentos
em pesquisa e desenvolvimento”, afirma ele. “Já percebemos que concorrentes
internacionais estão direcionando muito capital para exploração dos resíduos da
madeira, de modo que precisamos, da mesma forma, nos debruçarmos neste assunto,
complementarmente às questões de ampliação da produção e de crescimento das
empresas”, explica o professor Carvalho.
Conforme
salientou o professor Jacques Marcovitch, do Departamento de Administração da
FEA/USP, também congressista da sessão florestal, a tendência mundial de
inovação está diretamente ligada aos grandes ciclos e transformações globais,
de modo que o setor de celulose e papel, como os demais setores, está sensível
aos riscos da nova conjuntura mundial.
Os
riscos podem ser econômicos - por conta da desvalorização de moedas,
endividamento público de países e o crescimento modesto da China; geopolíticos
- muito em função do terrorismo e dos conflitos armados dentro e entre países;
tecnológicos - pelo monitoramento ilícito, perda ou fraude de dados
digitalizados, e ambientais, com catástrofes, ameaças a oceanos, perda de
biodiversidade e escassez de água potável.
“Diante
deste cenário de riscos, é importante a atenção ao custo na inação, ou seja, o
custo de não fazer e de não se posicionar diante das mudanças em curso, pois só
conseguirão construir futuros promissores, com inovação e superação dos
desafios, os países e dirigentes que estiverem sensíveis a essas
transformações”, observa Marcovitch.
A
Sessão Técnica Florestal do ABTCP 2013 teve ainda como moderador o diretor
executivo do IPEF (Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais), professor Luiz
E.G. Barrichelo.
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