Encerrada às 18 horas do dia 16 de maio, em Dusseldorf, na Alemanha, a Drupa 2012 revelou ao mundo a necessidade de olhar com atenção para a impressão digital
Por Fábio Sabbag - Editor da Revista GRAPHPRINT
“O que os 1850 expositores mostraram reforçará o potencial de desenvolvimento da indústria gráfica por muito tempo. Negócios foram consolidados e diversas tendências foram estabelecidas para o futuro do setor", disse Bernhard Schreier, presidente da Drupa 2012 e líder da Heidelberg Druckmaschinen AG, durante encerramento do evento.
A impressão digital chegou definitivamente à indústria gráfica mundial. Nos últimos anos, vem conquistando novos mercados com mídias alternativas. O que os mais de 300 mil visitantes (representantes de cerca de 130 países) puderam notar foi que a indústria se movimenta fortemente para o efervescente mercado de embalagens também. A automação dos processos e a produção voltada à sustentabilidade foram pautas debatidas e exemplificadas.
Em 2012, a Drupa recebeu 75.500 visitantes a menos do que a edição de 2008. De acordo com os organizadores do evento, isso é um fato já esperado e que por um lado significa maior poder de negociação. “Essa diminuição não foi uma surpresa para nós e para o setor como um todo. Só na Alemanha a indústria gráfica perdeu mais de 3.900 operações e mais de 61 mil empregados entre 2000 e 2011. Nos EUA, no mesmo período, mais de 7.700 operações foram fechadas. Então, a queda no número de visitantes não é surpresa. Não há mais visitação de grandes delegações ou grupos corporativos. Hoje, temos uma presença maior dos principais executivos e profissionais com poder de decisão de investimentos”, explica Werner Matthias Dornscheidt, presidente & CEO da Messe Düsseldorf.
Ainda de acordo com a responsável pelo evento, vários pedidos foram feitos e muitas máquinas impressoras – e seus assessórios – foram negociadas. “A Drupa impulsiona o setor nesse momento difícil. O evento é otimista e dá a possibilidade de investir para atender diversos mercados”, fala Markus Heering, diretor da Print and Paper Technology Association within the German Engineering Federation VDMA.
A Drupa 2012 mostrou ser de extrema importância ao setor B2B. De acordo com uma pesquisa feita com os visitantes, cerca de 50% vieram à Alemanha para fazer pedidos específicos. Outro indicador que combate o decréscimo de visitantes é que a presença de executivos líderes foi de 50,8%. Em 2008, a participação atingiu 44,4%.
Com mais de 190 mil visitantes estrangeiros ficou latente o elevado número de visitantes provenientes da Índia, que, agora atingindo cerca de 15 mil, a classifica como a segunda maior nação, perdendo apenas para a Alemanha, com 123 mil visitantes. O ranking dos países continuou da seguinte maneira, pela ordem: Bélgica, França, Holanda, Grã-Bretanha, EUA, Suíça e Itália. As Américas do Sul e Central registraram 8,8% da visitação. Nesse quesito, o Brasil foi maioria. Aproximadamente 2.400 jornalistas, provenientes de 75 países, cobriram o evento.
O cotidiano da feira
Durante coletiva de imprensa na Drupa 2012, Stefaan Vanhooren, presidente da Agfa Graphics, destacou os focos da companhia para um futuro próximo. Segundo Vanhooren, muitos desses focos já podem ser conferidos através das tecnologias lançadas pela empresa na Drupa.
Segundo ele, a Agfa enxerga o mercado gráfico do futuro como um segmento em que o inkjet irá prevalecer como tecnologia de impressão digital, havendo, contudo, espaço para a coexistência com offset – cada qual com seu nicho específico. Ainda segundo Vanhooren, outra fora tendência é a digitalização e flexibilização de aplicações para a serigrafia. Além dos tradicionais segmentos como impressão em tecido e impressão colorida para pontos de venda, a serigrafia digital também contemplará segmentos e mídias não-convencionais, tais como cerâmica. Isso, graças à tecnologia UV.
Dentro dos conceitos de pré-impressão e premedia, a grande tendência na visão da Agfa é a integração. “Temos que criar ferramentas eficientes para integrar e permitir a gestão simplificada de fluxos híbridos, que unam digital e offset”, disse Vanhooren.
Há, certamente, um novo e inexplorado caminho pela frente. E o novo exigirá ainda mais dos gráficos modernas ferramentas de produção. Hoje, uma gráfica pode diferenciar-se por meio do equipamento – pré-impressão, impressão e acabamento – e através da tecnologia, que, entre outros pontos, orienta a impressão mais viável para determinado impresso. Além dos temas como automação, impressão de embalagens, as tecnologias híbridas e os sistemas web-to-print ganharam corpo. "Tecnologicamente, a Drupa 2012 foi uma feira de superlativos. Demonstrou que a impressão está mais viva do que nunca. Houve inovações impressionantes em todos os processos de impressão. Eu estava particularmente animado com fornecedores e fabricantes de máquinas de impressão e acabamento que, em conjunto, convenceram os visitantes com fluxo de trabalho adequado. Os expositores comprovaram que é possível trabalhar com offset e soluções de impressão digital sem competição", observou Disse Rolf Schwarz, presidente da Associação de Mídia Bundesverband Druck und Medien.
É importante ressaltar que não é somente a impressão digital que irá explorar novos ambientes. O pensamento do empresário gráfico tem de mudar. Mesmo que um dia não foi, hoje é perfeitamente viável manter tanto o offset como o digital e convergir quando necessário. Conforme pesquisa feita na feira pela organização do evento, 40% dos visitantes disseram que estavam interessados em máquinas de impressão e sistemas de impressão digital.
Sem fazer o papel de advogado do diabo, mas já fazendo, é preciso ficar atento à evolução do mercado e não misturar alhos com bugalhos. De acordo com uma fonte de uma grande empresa fornecedora de equipamentos, muitas vezes os gráficos pensam que com uma mesma equipe é possível atender tanto o offset como o digital. Vejam bem, impossível não é, mas é bom reiterar que, apesar de não se cruzarem, os paralelos são congruentes. Novos profissionais podem ser o foco do empresário moderno. Quem pensa no digital tem como exercer ações diferenciadas, pois a exigência – do cliente – é diversificada.
Na opinião de Antonio Perez, chairman e CEO da Kodak, a Drupa foi um espetáculo extraordinário em muitas frentes: “Estou muito animado, pois nossos clientes estão abraçando a mudança ao adicionarem novas soluções para criar páginas de maior valor para seus clientes. Eles compartilharam comigo muitos exemplos de como os produtos Kodak híbridos e as soluções são catalisadores para essa mudança.”
François Martin, diretor de marketing worldwide HP Graphic Business Solutions, foi enfático ao elogiar o evento: “Foi um show incrível para a HP. Viemos com inovações transformadoras e os clientes responderam muito positivamente, nos permitindo ultrapassar a meta de vendas para a feira muito cedo. Nosso negócio de grande formato foi muito bem também. Enfim, a Drupa foi um show e os visitantes vêm para fazer negócios. Gostaria de agradecer a todos os clientes da HP, incluindo membros Dscoop e o esforço incrível da equipe HP na Drupa 2012."
Schreier é outro líder do segmento que saiu satisfeito: "A Drupa, mais uma vez, demonstrou claramente a sua importância como um show de grande indústria e comércio. Quanto à Heidelberg, nossas expectativas foram mais do que satisfeitas. O fato de ter permanecido fiel a nossos projetos de desenvolvimento nos últimos anos, alguns dos quais não foram fáceis, foi recompensado. Agora podemos também olhar para o futuro com otimismo."
Muito comentado pelos corredores da feira, Benny Landa, CEO da Landa, mostrou como a nanotecnologia poderá contribuir para o desenvolvimento da indústria num futuro não muito distante. "A oportunidade que a Nanographic Landa Printing traz com o seu potencial para transformar os mercados de embalagem e editorial é incrível. Recebemos níveis sem precedentes de interesse e cartas de intenção para a nossa família de impressoras planas e web. Ao longo da feira nosso estande foi repleto de visitantes e nossa apresentação de teatro intitulada ‘Nano. Maior do que você pensa’ foi muito procurada”, conta Landa.
Essas informações são um aperitivo para as matérias que virão nas próximas edições de GRAPHPRINT. Para concluir de forma positiva, no término da Drupa 2012 veio a notícia de que a economia alemã evitou a recessão ao crescer 0,5% no primeiro trimestre de 2012, de acordo com o Escritório Federal de Estatística (Destatis). O Produto Interno Bruto (PIB) alemão retornou ao caminho do crescimento depois de ter contraído 0,2% no último trimestre de 2011, na primeira vez em que isso ocorreu desde 2009. Na comparação com os três primeiros meses de 2011, a economia alemã cresceu 1,7%. Os principais impulsos vieram do comércio exterior e da demanda interna, que compensaram a redução nos investimentos.
Isso é bom para a Alemanha. Aliás é bom para o mundo, pois causa boa impressão. Coincidentemente, é de boa impressão que vivemos.
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