Levantamento que analisa o comportamento leitor do brasileiro revela que estados nordestinos estão lendo mais, com 4,3 livros por ano. Além disso, de 2007 - a última edição - para 2011 houve aumento no número total de leitores
O Nordeste está lendo mais, é o que aponta a 3ª edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada hoje em Brasília pelo Instituto Pró-Livro. De acordo com o levantamento, que consiste no maior estudo sobre o comportamento leitor no País, os moradores da região leem em média 4,3 livros por ano, maior que a média brasileira, de quatro livros. Se considerarmos apenas os últimos três meses, base escolhida pela metodologia para facilitar no ato da entrevista, os nordestinos afirmaram ler dois livros.
Além deste dado a ser comemorado, merece grande destaque o aumento no número total de leitores. Da última edição da pesquisa, realizada em 2007 e apresentada em 2008, houve acréscimo de 4% no total de pessoas que afirmaram ler, passando de 25% para 29% da população, ou seja, uma melhora de um milhão de leitores – 24,4 mi há quatro anos para 25,4 mi atuais.
Para Karine Pansa, presidente do Instituto Pró-Livro, a melhora dos índices no Nordeste reflete a boa execução das políticas públicas de incentivo à leitura e a volta de estudantes ao ambiente escolar. “Percebemos que nesta região hoje muitos têm voltado para a escola, mesmo de diferentes faixas etárias, e isso se converte na crescente curva de novos leitores no Nordeste”, analisa.
“Temos a consciência de que o índice ainda não é dos mais satisfatórios, mas sabemos que estamos no caminho certo”, enfatiza Karine. Os novos leitores nordestinos têm também uma peculiaridade em relação aos demais do Brasil. Dos dois livros que leem nos últimos três meses, praticamente um é escolhido por iniciativa própria e o outro por indicação da escola.
Pelo índice, os optados de forma espontânea representam 0,94, enquanto que os acadêmicos somam 1,06. Ainda segundo a presidente do IPL, é preciso fortalecer a cultura da leitura na região. “Apesar de os números serem considerados bons, é necessário introduzir a leitura no cotidiano dessas pessoas. Por exemplo, do total de dois livros lidos, apenas 0,55 é lido inteiro”, alerta. Os principais gêneros lidos por iniciativa própria são: literatura (0,21), Bíblia (0,19) e livros religiosos (0,13). Outros aparecem com 0,39.
A Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostra também que o mercado editorial nos estados nordestinos está aquecido, uma vez que a compra ainda é o principal acesso às obras, apontado por 40% dos entrevistados. Em seguida aparecem Emprestados por Particulares (31%), Emprestado por Bibliotecas Escolares ou Escolas e Distribuídos por Governo e/o pelas Escolas (26%), presenteados (16%), entre outras formas.
Seguindo a tendência de acesso a novos meios de leitura, o Nordeste aparece bem ranqueado quando o assunto são os e-books. De acordo com a pesquisa, o Brasil tem atualmente 9,5 milhões de leitores de livros digitais, sendo que deste número, 22% estão concentrados nos estados nordestinos. “Hoje, a região é a segunda maior do País, perdendo apenas para o Sudeste, o que mostra o interesse em conhecer as novas tecnologias”, afirma Karine Pansa.
Ao optarem por ler um livro, a maioria da população do Nordeste revela que a motivação vem da atualização cultural e de conhecimentos gerais, apontado por 51% dos entrevistados. Em seguida, com 48%, é o prazer, gosto ou necessidade espontânea e um pouco abaixo, com 45%, exigência escolar ou acadêmica. Também aparecem na lista motivos religiosos (29%), atualização profissional (25%) e exigência do trabalho (8%).
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