Por Fábio Sabbag – Editor da GRAPHPRINT
A pauta principal das redações, das Editoras, dos jornais, enfim dos meios de comunicação é discutir o meio impresso. Muitas páginas impressas decretam (ou não) se a indústria da impressão está perto do fim ou no começo da derrocada.
Respondo que não. Definitivamente. O meio papel, a impressão, o prazer da leitura não está perto do fim, muito menos no começo da extinção. Entorpecido pela adrenalina que a Drupa injeta, e baseado em informações fidedignas do mercado gráfico, é impossível afirmar que a indústria gráfica caminha para o crepúsculo da impressão.
Não há meio – ainda - capaz de sepultar o papel. Não há meio - nem tecnologia - capaz de acompanhar a evolução de um mundo, como fez o papel, sem fraquejar por um instante. Combativa, a impressão enfrentou ditaduras, ultrapassou grandes crises econômicas, reimprimiu diariamente a loucura incessante da inflação e atendeu devaneios presidenciais e delírios governamentais. O papel, há séculos, acompanhando a evolução Ipsis litteris, sem pestanejar Hoje ele é sustentável também. Qual foi a tecnologia que acompanhou toda essa evolução? Respondo: a tecnologia da enciclopédia Barsa.
Enquanto isso notem, que no Brasil, o Orkut, após arrebatar milhares de perfis, faleceu sem deixar pistas, muito menos saudade. Certamente você - ou alguém conhecido - criou um perfil, nunca usou e ficou por isso mesmo. Sim, veio o Facebook em seu lugar. É outro que tem prazo para falecer. Aposta?
Já o Twitter, outra ferramenta digital bastante usual, morrerá também. E sabe quem vai ser seu assassino? O próprio internauta! Duvido que a legião de seguidores aguentará por muito tempo notícias curtas como “Estou indo tomar banho”; “Vou dar comida ao cachorro”; “Hoje fui ao dentista”; “Acordei de mau humor”; “Oi gennnnnte”. São tantas “notícias” infrutíferas que num determinado momento ninguém sustentará ser tratado como o bobo da corte imperial da Internet.
Claro, sei que as empresas estão começando a despertar para as redes sociais e muitas já consolidaram negócios. Mesmo as gráficas poderão atender a demanda gerada - e os sistemas web to print existem –, mas isso não quer dizer que alguém tomará o lugar do papel. Tudo pode ser convergente.
O passado foi feito de impressão, o presente vive de impressão e o futuro continuará tendo papel. Sim, o futuro terá impressão. Para isso, teremos de enxergar novas maneiras de apresentar o impresso. Respeitável público eis então a impressão digital.
Digo tudo isso baseado em informações quentes. Com a lembrança ainda fresca da Drupa 2012, onde mais de 10 mil pessoas visitaram o estande da Xerox, o responsável pela área de comunicação gráfica da companhia, Jeff Jacobson, afirmou que a Drupa é apenas o começo. Durante a feira, a Xerox vendeu mais de 300 sistemas digitais e soluções de fluxos de trabalho e finalização, incluindo o sistema Xerox CiPress Inkjet, o novo iGen 150 Press, a colorida 1000 Press e a família de impressoras Xerox 700. A Xerox registrou mais de 14 mil solicitações específicas por informação sobre as soluções da Xerox – o dobro do esperado.
Com mais de 10 mil impressoras instaladas mundialmente, a manroland anunciou vendas que representam mais de 30% da produção planejada para 2012. Já Stefaan Vanhooren, presidente da Agfa Graphics, falou que a empresa enxerga o mercado gráfico do futuro como um segmento em que o inkjet prevalecerá como tecnologia de impressão digital, havendo, contudo, espaço para a coexistência com offset. Outra tendência apontada por Vanhooren é a digitalização e a flexibilização de aplicações para a serigrafia. Além dos tradicionais segmentos como impressão em tecido e impressão colorida para pontos de venda, a serigrafia digital também contemplará segmentos e mídias não-convencionais, tais como cerâmica. Isso, graças à tecnologia UV.
Quando pensam que a tecnologia inflou, eis que surge o showman da Drupa: Benny Landa, CEO da Landa. O executivo, por meio de concorridas apresentações, mostrou como a nanotecnologia poderá contribuir para o desenvolvimento da indústria num futuro não muito distante. Protótipo ou não, o tema é uma inovação.
"Tecnologicamente, a Drupa 2012 foi uma feira de superlativos. Demonstrou que a impressão está mais viva do que nunca. Houve inovações impressionantes em todos os processos de impressão. Eu estava particularmente animado com fornecedores e fabricantes de máquinas de impressão e acabamento que, em conjunto, convenceram os visitantes com fluxo de trabalho adequado. Os expositores comprovaram que é possível trabalhar com offset e soluções de impressão digital sem competição", observou Disse Rolf Schwarz, presidente da Associação de Mídia Bundesverband Druck und Medien.
Na opinião de Antonio Perez, chairman e CEO da Kodak, a Drupa foi um espetáculo extraordinário em muitas frentes: “Estou muito animado, pois nossos clientes estão abraçando a mudança ao adicionarem novas soluções para criar páginas de maior valor para seus clientes. Eles compartilharam comigo muitos exemplos de como os produtos Kodak híbridos e as soluções são catalisadores para essa mudança.”
François Martin, diretor de marketing worldwide HP Graphic Business Solutions, foi enfático ao elogiar o evento: “Foi um show incrível para a HP. Viemos com inovações transformadoras e os clientes responderam muito positivamente, nos permitindo ultrapassar a meta de vendas para a feira muito cedo. Nosso negócio de grande formato foi muito bem também. Enfim, a Drupa foi um show e os visitantes vêm para fazer negócios. Gostaria de agradecer a todos os clientes da HP, incluindo membros Dscoop e o esforço incrível da equipe HP na Drupa 2012."
Durante os 14 dias de evento, a Heidelberg registrou quase 2.000 pedidos de clientes de mais de 80 países. Destes, cerca de 550 correspondem a impressoras offset planas. “Este volume é equivalente à metade de toda a produção de unidades de impressão realizada no ano fiscal que se encerrou em março. Muitas gráficas aproveitaram o momento para renovar seu parque gráfico, visando atender às novas exigências do mercado", afirmou Bernhard Schreier, CEO da Heidelberg.
Faço questão de publicar os depoimentos para argumentar com quem desenha o fim do papel, seja lento e progressivo ou rápido ou indolor. Certamente os mais de 300 mil visitantes, representantes de cerca de 130 países, não foram velar a indústria gráfica. Não, não é possível que tantos profissionais estejam enganados. A impressão não é um caminho infértil. As empresas envolvidas não injetariam tanta grana em equipamentos para CtP, insumos, impressoras, acabamento, chapas, entre outros.
Não negaremos a nova era. Viveremos acompanhados dos iPad’s, iPhone’s e dos outros “ais” que irão surgir. Em contrapartida, continuaremos sendo acompanhados pelo jornal, pela revista e pelo bom impresso. Esqueçam, é mais fácil - e seguro - decretar a morte das mídias sociais do que o fim da impressão.
Não se preocupem tanto afinal alguém terá de imprimir o passado, o presente e o futuro.
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