Por Fábio Sabbag - editor da GRAPHPRINT
Fez frio na Alemanha. Ao menos para um brasileiro – no meu caso, marinheiro de primeira viagem – a temperatura, que beira 80 mil geladeiras abertas simultaneamente, é, evidentemente, congelante. O clima no encerramento da Drupa, mais precisamente no dia 16 de maio de 2012, veio para relembrar que estamos, sim, na Europa, e na Alemanha, que apesar de gélida é um país que entra no sonho de qualquer viajante.
Os ventos cortantes uivam de pavilhão em pavilhão e racham os lábios dos novatos em solo europeu. Procurei, então, a nossa famosa manteiga de cacau. Entre gestos, mímicas, após o pedido feito num inglês desafinado, a farmacêutica disse que na Alemanha esse tipo de produto não é comercializado. Indicou, porém, um silicone que reveste as áreas afetadas pelas condições climáticas alemãs. Comprei o produto e resolvi minha situação.
Atravessando os pequenos obstáculos, começa a saga de GRAPHPRINT em busca da notícia. Não dá para negar que a Drupa é surpreendente, e inicialmente assusta. Os trens, que levam quase dentro do pavilhão, são tomados por várias línguas. No segundo dia de visitação, identifiquei, pelo menos, cinco idiomas circulando pelos meus ouvidos. É um negócio instigante, um evento que precisa ser vivenciado para ser compreendido.
Já nos corredores dos pavilhões tive a oportunidade de encontrar brasileiros e gráficos que tiveram a oportunidade de visitar o evento em edições passadas. Sem exceção, disseram que a Drupa é digital. Incontestavelmente.
A discussão não tomou o rumo de qual empresa diminuiu ou aumentou o tamanho do seu estande, pois chegamos à conclusão de que essa referência não é muito confiável. Para efeito de comparação, a própria organização da feira informou que no dia de abertura houve uma queda de 30% em relação ao número de visitantes de 2008. E a redução foi realmente comprovada pela organização da feira, conforme pode ser lido na matéria de cobertura nas próximas páginas.
Pois bem, entre cervejas e joelhos de porco – revestido pela familiar pururuca e acompanhado pelo divino aspargo – foi possível notar o interesse do empresário brasileiro tanto pelos equipamentos tradicionais como pelos digitais. Como a Drupa é o evento tido como referência, ao ditar tendências mundialmente, podem crer: o digital não é antes, nem depois… é agora. E, pasmem, não necessariamente está ligado às pequenas tiragens. Por meio de cálculos, softwares e – atenção – formatos, é possível virar vanguardista. Olhem com carinho para o cenário digital sem abandonar o convencional.
Esqueçam a ideia de que é necessário ter uma impressora digital para atender a pequena demanda do cliente. Na atmosfera digital, a procura implícita é grande. Há novos substratos carecendo de impressão. Isso é inovação, sem preconceitos com o novo muito menos com aquilo que já existe no mercado.
A frase retumbante da Drupa 2012 foi: “Quem não pensar digitalmente, sem esquecer da demanda offset, claro, ficará na estação passada. E o trem da demanda, que às vezes anda rápido, em outras devagar, nunca sai do trilho nem estaciona.”
Um dia antes do encerramento da Drupa, a cidade de Düsseldorf comemorou o retorno do time local à primeira divisão da Bundesliga. O Fortuna, após empatar por 2 x 2 no segundo jogo – o primeiro fora vencido por 2 x 1 em Berlim contra o Hertha –, após 15 anos retorna à elite do futebol alemão. Antes que eu me esqueça: continua frio, muito frio.
Quente mesmo é a edição que se apresenta. Diretamente da Alemanha fechamos então o editorial sem perder a oportunidade de repetir: repensar seu modelo de negócio não significa abandonar a essência da empresa, muito menos se aventurar em mercado desconhecidos.
A Drupa 2012 veio para comprovar que com tecnologia, máquina – offset e digital – e conhecimento do campo de batalha há um futuro amplo, com vários e lucrativos nichos. Experimente novos desafios, combata os conceitos arcaicos e transforme-se no núcleo de soluções dos clientes.
Vida longa ao impresso, seja ele offset ou digital. Vida longa e saudável à indústria gráfica brasileira e mundial. Já o frio, com cerveja e um bom joelho de porco, dá para encarar numa boa. Com silicone.
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