segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Antecipação do calendário escolar movimenta o mercado editorial

A Copa do Mundo de 2014, que ocorrerá simultaneamente em diversos estados brasileiros, de 12 de junho a 13 de julho, já movimenta o mercado editorial. Para se adequar ao período de jogos em suas 12 sedes – entre elas Porto Alegre, que terá partidas no estádio Beira-Rio – a rede de ensino pública e privada antecipou o seu calendário. Nesta segunda-feira, as aulas nas escolas particulares do Estado estão sendo retomadas, enquanto na rede estadual começarão em 24/02. Já na rede municipal de Porto Alegre, deve se iniciar em 26/02. Isso fez com que muitas famílias fossem às compras de livros, cadernos e outros itens escolares nas últimas semanas. Apesar dos comerciantes reforçarem seus estoques, no entanto, as vendas do segmento ficaram abaixo do esperado em janeiro.

Para a gerente de vendas da Casa do Papel, Michele Azambuja, a comercialização desses produtos foi comprometida pelos feriados de final de ano, que caíram em dias de semana. O aumento de 16% nas vendas de janeiro passado é considerado baixo pela gerente, que conta ter obtido alta de 30% no mesmo período do ano passado. “Se descontar a abertura da nova loja, o crescimento foi de apenas 10%, em relação ao início de 2013”, relata a profissional. Mesmo com a alta do dólar e a inflação do período, a gerente diz não ter ocorrido uma grande elevação nos itens básicos. “Tentamos manter os preços para não haver um impacto tão grande para o cliente”, explica ela, esperando movimento intenso em fevereiro e no início de março, logo depois do Carnaval.

Já a Papelaria Brasil informa não ter percebido alteração na procura por material escolar até agora. “Poucas pessoas antecipam as compras, por mais promoções que se faça”, relata o diretor da empresa, André Luz, comentando que a greve dos rodoviários de Porto Alegre também afetou significativamente as vendas no período. Em relação aos preços, o diretor diz que diversos produtos tiveram aumento entre 5% e 10%, o que acredita ser apenas uma atualização da inflação.

Indústria gráfica sofre com carga tributária

O presidente da Abigraf Nacional, Fábio Arruda Mortara, conta que a entidade busca a isenção de IPI e alíquota zero de PIS e Cofins para os materiais escolares gráficos. “A tributação abusiva de itens básicos para a educação traz efeitos perversos para toda a sociedade”. A entidade segue de perto a tramitação do projeto de lei 6705/2009, que prevê esses benefícios para os materiais escolares fabricados no país, e o projeto de lei 122/2013, que propõe a criação do Cartão Material Escolar, que permitiria a transferência direta de recursos aos beneficiados do Bolsa Família, por meio de um sistema exclusivo para compra de material escolar em estabelecimentos credenciados.

Mortara conta que foram importadas 24 mil toneladas de livros em 2013, o que equivale a US$ 168 milhões. “Parte dessas importações presumivelmente foi de didáticos, que entraram no país com alíquota zero de PIS e Cofins, beneficiando-se de uma concessão tributária feita em 2004. É uma distorção que nos coloca em franca desvantagem”, observa.

De acordo com o presidente da Associação Nacional de Livrarias, Ednilson Xavier, os livros didáticos tiveram aumento entre 8% e 10% em janeiro, em relação ao mesmo período de 2012. A alta é explicada pela Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros) devido à desvalorização do real ante o dólar e o encarecimento da produção, que utiliza equipamentos e papéis importados.


Fonte: Abigraf-RS

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