quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Atividade industrial sobe 2,2%, mas não recupera fortes perdas anteriores


Fiesp e Ciesp devem revisar para baixo previsão par a o desempenho da indústria em 2014

A performance da indústria paulista, medida pelo Indicador de Nível de Atividade (INA) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), foi positiva em 2,2% em janeiro ante dezembro, mostra o dado com ajuste sazonal. Mas o ganho do mês passado não recupera as fortes perdas registradas em dezembro ante novembro, quando o índice despencou 5%, na leitura revisada.

Guilherme Moreira, gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, explica que a forte queda da atividade em dezembro se deu por conta dos números mais baixos que o esperado da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM) de São Paulo, indicador de produção industrial mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e uma acentuada diminuição das vendas reais da produção derrubou os números do último mês do ano.

Em dezembro de 2013, a variável vendas reais caiu 7,9% em comparação com novembro com ajuste. Já em janeiro, a mesma variável ajudou a puxar o índice com um desempenho positivo de 10,4%.

Embora o resultado de janeiro seja positivo, ele deve ser visto com cautela, uma vez que a base de comparação é o pior resultado para o mês de dezembro desde 2008, início da crise econômica mundial, alerta Moreira.

Segundo ele, dezembro do ano passado “foi um mês que a indústria praticamente parou, com um volume muito acima do normal de férias coletivas, vendas muito abaixo do normal”.
“É um mês que está ocupando o espaço vazio de dezembro. É um bom resultado, mas tem que levar em conta que é um resultado em cima de um dezembro horrível”, afirma o gerente.

O prognóstico da Fiesp e do Ciesp para a atividade industrial é de crescimento de 1,8% em 2014, mas o departamento de economia das entidades está revisando para baixo essa expectativa.

As entidades acreditam ainda que atividade industrial deve continuar mostrando pouco vigor no ano também em função da perspectiva negativa para investimentos em 2014, uma vez que as taxas de juros no Brasil e no mundo estão em rota de alta e as previsões para o crescimento econômico do país continuam com viés de baixa.

Nas contas do gerente do Depecon, se o INA apresentar estabilidade em todos meses até o final do ano, ainda assim pode encerrar 2014 com queda de 4,2%. Para fechar o ano com variação zero, o indicador precisa crescer 0,8% todos os meses.

“Para chegar a nossa previsão de crescimento de 1,8%, o INA teria que ter um crescimento muito vigoroso, o que a gente acha difícil ocorrer. Infelizmente estamos revisando para baixo o INA e na próxima divulgação devemos ter um número bem inferior à previsão atual”, explica Moreira.

Indústria em janeiro

No acumulado de 12 meses, o INA apresentou crescimento de 0,7%.  De janeiro a dezembro de 2013, a atividade da indústria paulista subiu 1,8% em relação aos mesmo período do ano anterior.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) ficou em 81,8% em janeiro versus 81,3% em dezembro de 2013.

A indústria de máquinas e equipamentos se destacou na atividade levantada em janeiro com variação positiva de 6,6% versus o mês anterior.  Segundo Moreira, o setor recuperou as perdas ocorridas em dezembro do ano passado, quando caiu 5,2%. Mas essa informação deve ser vista com cautela, segundo ele, porque o setor “está muito exposto ao aumento da taxa de juros e está muito associado também ao investimento”.

O desempenho da indústria de Produtos Químicos ficou positivo em 5,9% em janeiro ante dezembro, também recuperando perdas do mês anterior, de 6,8%.

Já o bom desempenho do setor de Minerais não Metálicos, com alta de 3,2% em janeiro contra dezembro, foi motivado principalmente pela atividade na construção civil.

“Esse segmento tem muita relação com o setor de construção civil por ser um produtor dos insumos, principalmente de cimento”, diz o gerente do Depecon.

                                                           Percepção econômica


A percepção geral dos empresários com relação ao cenário econômico no mês de fevereiro, medida pelo Sensor Fiesp, ficou praticamente estável a 51,4 pontos contra 49,9 pontos em janeiro.

Já o item Mercado também subiu de 48,6 pontos em janeiro para 53,6 pontos em fevereiro, enquanto a percepção dos empresários com relação a Vendas também subiu significativamente para 51,5 pontos este mês versus 42,3 no mês passado.

O componente de Estoque ficou em 46,4 pontos em fevereiro contra 51,4 pontos em janeiro, indicando sobrestocagem nas indústrias.


A percepção quanto ao Emprego também ficou estável a 50 pontos em fevereiro contra 50,3 
pontos no mês passado. O componente Investimento caiu de 57,2 pontos em janeiro para 55,5 pontos em fevereiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário