Estudo
do Departamento de Economia da Associação Brasileira da Indústria Gráfica
(Abigraf) mostra a relação direta entre a paulatina elevação da Selic e a
redução de crescimento do PIB.
Além
dos juros altos, remédio amargo do Banco Central para conter a inflação ante o
desequilíbrio fiscal do Estado, este problema e as incertezas quanto à energia
elétrica provocam estimativa de queda na produção setorial em 2014.
A
produção física da indústria gráfica brasileira, constituída por mais de 20 mil
empresas, empregadoras de aproximadamente 225 mil trabalhadores, deverá recuar
1,7% em 2014, depois de quedas consecutivas de 6,7% em 2013 e 4,3% em 2012. No
ano passado, os produtos gráficos editoriais, com redução de 12,1%, foram os
principais responsáveis pelo resultado negativo, enquanto os impressos
comerciais contribuíram para evitar quebra ainda maior, crescendo 3,5%.
Ao
comentar os números, Fabio Arruda Mortara, presidente da Abigraf, atribuiu a
estimativa negativa para 2014 aos seguintes fatores: juros altos, a política
fiscal inadequada do governo, as incertezas na Argentina, responsável por 8%
das exportações brasileiras, a insegurança quanto à oferta e as tarifas de
energia elétrica e a nova política monetária dos Estados Unidos.
“O
setor público, incluindo estados e municípios, que sequer cumpriram as metas do
superávit primário, não está fazendo a lição de casa da responsabilidade
fiscal. Por isso, o governo tem de manter os juros em patamar elevado para
segurar a inflação”, salientou Mortara, comentando a tendência de elevação da
Selic. Para ele, nesse cenário de incertezas, torna-se mais difícil recuperar a
competitividade da indústria brasileira.
O
problema da competitividade, que afeta toda a indústria de transformação
nacional, reflete-se também na balança comercial do setor gráfico: em 2013, o
déficit foi recorde, atingindo US$ 269,5 milhões, com aumento de 13% em relação
aos US$ 238,6 milhões registrados em 2012. As exportações foram de US$ 279,1
milhões, menos 6% em relação aos US$ 298,1 milhões do ano anterior. As
importações cresceram 2%, passando de US$ 536,8 milhões para 548,6 milhões.
Quanto
aos investimentos em máquinas e equipamentos, de US$ 1,17 bilhão, em 2013,
houve recuo de 3% na comparação com o valor de US$ 1,21 bilhão aportado em
2012. Nos últimos sete anos (desde 2007), o setor investiu US$ 9,41 bilhões, o
que lhe garantiu atualização tecnológica e qualidade competitiva com qualquer
parque gráfico mundial. “No entanto, os fatores internos do Brasil dificultam
muito a disputa com gráficas de outros países”, explicou Mortara.
O
presidente da Abigraf, concluindo, ponderou: “Os números da indústria gráfica
mostram a premência de o governo cortar mais os seus gastos e deixar de colocar
toda a responsabilidade do controle da inflação nos ombros do Banco Central,
que não tem outro remédio senão aumentar os juros. É por isso que nos dias que
antecedem à divulgação periódica da Selic os empresários ficam ansiosos e
perdem o sono”, conclui o presidente da Abigraf.
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